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O grande negócio do Brasil


Decio Luiz Gazzoni
 
Imagine se o real não estivesse sobrevalorizado, prejudicando as exportações do agronegócio. Imagine se houvesse crédito suficiente, juros de nível internacional, seguro agrícola para proteger o agricultor de desastres, como se protege automóveis de colisões ou residências de incêndios. Imagine se houvesse hidrovias, ferrovias e rodovias de qualidade. Imagine se o Governo tivesse se imposto sobre a Argentina, destravando as negociações comerciais do Mercosul, que dificulta a colocação de nossos produtos no exterior.

Assim mesmo, o agronegócio carrega o Brasil nas costas. É o setor com maior crescimento do PIB (evitando um pibinho mais vergonhoso), o grande responsável por manter o emprego estável e por gerar renda interiorizada e democraticamente distribuída.
O agronegócio destoa do pessimismo dos agentes econômicos quanto ao futuro, no curto e médio prazos. Na presente safra, o Brasil produziu 195 milhões de toneladas (Mt) de grãos, quase 3% acima da anterior. Foram colhidas 86 Mt de soja e 79 Mt de milho. O Paraná manteve seu quinhão de 20% da produção nacional.
O agronegócio continuará segurando as pontas da exportação. Só não arrisco dizer que, como nos últimos 20 anos, o superávit de suas exportações permitirá contrabalançar o déficit dos demais setores. O real supervalorizado desincentiva exportações e atiça as importações. Até o momento o agronegócio está salvando a Pátria. Nos últimos 12 meses, foram US$ 100 bilhões em exportações. Só em junho, o valor da exportações atingiu US$9,61 bilhões, 4,7% acima de junho de 2013. As importações do agronegócio, no mesmo mês, caíram 5,5%, logo o superávit foi 6,3% superior ao ano anterior.

Em junho, a soja continuou sendo a joia da coroa do comércio internacional brasileiro (US$ 4,62 bilhões), seguida por carnes (US$ 1,42 bilhão), de cujo total US$ 687 milhões de frangos, US$ 582 milhões de carne bovina e US$ 167 milhões de carne suína. O terceiro lugar no pódio pertence ao açúcar, com US$867 milhões e o quarto aos produtos florestais, com US$ 792 milhões. Atualmente, a Ásia é nosso grande comprador (43%), seguido da Europa (23%).
Imagine, então, se o agronegócio tivesse o apoio para expressar todo o seu potencial!
 
O autor é Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja.

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