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O agro e as redes sociais


Opinião Livre
por Cristina Rappa
Mídias sociais podem impulsionar troca de informações, atualização, compras de insumos, venda e divulgação de produtos agropecuários
O Sou Agro mostrou em 15 de maio o caso da Agrindus, caso de empresa de pecuária leiteira tradicional da região de São Carlos (SP) que encontrou nas redes sociais, especialmente no Facebook, um bom canal para divulgar sua linha de produtos e interagir com seus clientes.
País de grandes dimensões e com o agronegócio respondendo por cerca de um terço do PIB, com potencial para aumentar com o aumento da profissionalização da nossa agricultura, o Brasil oferece grande oportunidade para que o uso da internet e as mídias sociais floresçam no meio rural e funcionem como um fator de incremento do desenvolvimento do setor.
Como a internet contribui para diminuir distâncias geográficas, disseminar rapidamente conhecimento e informação, é uma ferramenta essencial hoje para permitir acesso a novas tecnologias e oportunidades de negócios, podendo ser fundamental para aumentar a competitividade do agricultor brasileiro.
Exemplos
A velocidade do acesso à informação pode ser determinante para uma melhor tomada de decisão, ou seja, na hora de comprar insumos ou comercializar seu produto. Isso sem falar no acesso a previsões do tempo mais apuradas, indicando a melhor hora de plantar e colher.
A união faz a força: agricultores unidos em uma rede social podem compartilhar informações úteis a todos, comprar melhor seus insumos e também vender melhor seus produtos, além de ter acesso a novos mercados.
O acesso à informação e a dados de novas pesquisas facilita a adoção da inovação tanto no que diz respeito a técnicas agronômicas, quanto a práticas de gestão por parte dos produtores rurais. É importante ainda para a atualização do agricultor sobre legislações trabalhistas, tributárias e ambientais, entre outras.
A facilidade e o baixo custo dessa comunicação que elimina barreiras – pelo menos geográficas e econômicas – permitiriam ao pequeno agricultor ter mais voz, expor seus pontos de vista e defender seus interesses junto `as entidades do setor, lideranças setoriais e políticas, aumentando sua representatividade. Possibilitaria, ainda, diminuir sua distância da população urbana.
Adoção ainda é pequena no campo
Em 16 de maio, o IBGE apresentou dados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (PNAD) que mostram que o acesso à internet no Brasil cresceu 143,8% (45,8 milhões de novos usuários) entre a população com 10 anos ou mais de 2005 para 2011, enquanto o crescimento populacional foi de 9,7%.
A adoção às redes sociais é também bastante veloz no Brasil e é o que mais impressiona: o País já é o quarto no mundo em usuários dessas mídias, segundo a consultoria especializada ComScore. O número de usuários brasileiros no Facebook cresceu 458% nos últimos dois anos, de 12 milhões em 2011 para 67 milhões neste ano, segundo declaração de Alexandre Hohagen, vice-presidente da empresa para a América Latina, em matéria publicada no portal de notícias G1 em 19 de março. No Twitter, rede de microblogs, já somos o segundo país em usuários, atrás apenas dos EUA e à frente do Japão.
O nível de adoção da internet no meio rural brasileiro, entretanto, é ainda de cerca de 2%, segundo dados de uma pesquisa feita pelo Sindisat – Sindicato Nacional das Empresas Operadoras de Satélites e apresentados em Congresso Brasileiro de Telecomunicações Rurais, realizado em 2010.
A explicação para o baixo uso pode estar mais na tecnologia do que no fator cultural, devendo sua expansão estar vinculada à adoção de tecnologias wi-fi, ou seja, sem-fio, sejam terrestres ou por satélite, e banda larga. Em países como os Estados Unidos, também de grandes dimensões continentais, mas onde a tecnologia para telefonia e internet é melhor, agricultores do chamado Cinturão do Milho (Corn Belt) e outras regiões do meio-oeste já usam canais como o Twitter para obter informações ou se relacionar com empresas de insumos e universidades, por exemplo.
No Brasil, governo tem anunciado estar atento à necessidade de mudança dessa realidade. Em 2011, segundo dados do Ministério da Comunicação, somente 6% das residências da área rural e apenas 7% das escolas públicas rurais estavam conectadas à internet. Para ajudar na expansão da conexão na zona rural, o Programa Nacional da Banda Larga pretende levar a oferta de internet em alta velocidade a 40 milhões de domicílios em todo o País até 2014. Vamos torcer para que isso aconteça de fato e que o agricultor brasileiro consiga aproveitar todo o potencial da internet e das redes sociais.
*Cristina Rappa, jornalista e profissional de comunicação especializada no agronegócio, é editora do Sou Agro.
Artigo originalmente publicado no Sou Agro, no dia 16.05.2013

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