Eu não sou produtor rural, mas fico angustiado quando me coloco no lugar de um deles e preciso decidir sobre qual pesticida comprar para controlar as invasoras, os insetos praga e as doenças que atacam a minha lavoura e, dessa forma, ter sucesso na gestão do meu empreendimento agrícola.
Aparentemente, ao agricultor não resta outra opção a não ser aceitar como verdadeiros os argumentos de vendedores desses insumos ou acreditar nas qualidades veiculadas pelo marketing da indústria química, que explora a credulidade do produtor, maximizando as virtudes dos seus produtos, nem sempre tão boas quanto propaladas.
Em meio a esta realidade, o agricultor deve estar a perguntar-se porque o Ministério da Agricultura e Abastecimento (MAPA), responsável por legislar sobre tais temas, ainda não providenciou a constituição de uma rede oficial de avaliação dos defensivos agrícolas disponibilizados ao mercado pelos diversos fabricantes e ranqueá-los segundo o seu desempenho agronômico, envolvendo para tal finalidade, respeitáveis instituições de pesquisa sob sua coordenação. Dessa forma, seria possível disponibilizar ao agricultor informações mais confiáveis sobre o uso e eficiência dos produtos registrados, fornecendo-lhe valiosos subsídios ao seu processo de decisão.
A falta desse apoio técnico oficial deixa o produtor confuso e incerto quanto ao produto mais recomendado para controlar os problemas fitossanitários da sua lavoura, induzindo-o, muitas vezes, a comprar o pior produto pelo maior preço.
Uma rede oficial semelhante deveria ser instituída, também, para avaliar as variedades comerciais recomendadas ao mercado pelos diversos obtentores, onde as mesmas seriam comparadas entre si, independentemente da sua origem, e ranqueadas segundo o seu desempenho agronômico na região para a qual elas são indicadas.
Atualmente, cada obtentor avalia as suas próprias variedades comparando-as entre si, promovendo as melhores e deixando o produtor sem saber se a sua melhor variedade é igual, melhor ou pior do que as melhores variedades de outros obtentores. Assim, com o acesso aos resultados das variedades melhor ranqueadas na rede oficial, o produtor se livraria da possibilidade de ser induzido a plantar variedades com menor desempenho, em resposta ao marketing agressivo do obtentor ou em troca de outras vantagens eventualmente oferecidas pelo mesmo, cujos benefícios são menores do que o ganho de produtividade que ele obteria plantando a variedade melhor ranqueada, sem dar atenção à sua marca.