A eficiência e rapidez com que o Brasil se converteu - no período de apenas 50 anos - de um importador de alimentos para o segundo maior exportador global, chama a atenção, não só dos brasileiros, mas do mundo inteiro.
Com este avanço produtivo, os alimentos ficaram mais baratos e os brasileiros passaram a gastar menos com a alimentação e o resto do mundo passou a ver no Brasil a segurança alimentar que sempre ameaçou a humanidade. O Brasil já produz o equivalente a cinco vezes as suas necessidades em alimentos. Conforme Elísio Contini e Adalberto Aragão, da Embrapa, nos últimos 10 anos, a participação do país no comércio mundial de alimentos saltou de 20,6 bilhões para 100 bilhões de dólares, principalmente com as exportações de carnes, soja e milho.
Quanto à produção global de grãos, a participação do Brasil saltou de 6% para 11% de 2006 a 2020. Os autores estimam que, em 2020, a produção brasileira de grãos, somada à produção de carnes produzidas a partir desses grãos, foi suficiente para alimentar mais de 800 milhões de pessoas, entre brasileiros e estrangeiros (file:///C:/Users/Usuario/Downloads/Popula%C3%A7%C3%A3o%20alimentada%20pelo%20Brasil%20(9).pdf). A Embrapa indica que toda essa riqueza é produzida em menos de 29% do território brasileiro, onde estão localizadas lavouras e pastagens (https://www.embrapa.br/car/sintese).
A realidade agrícola do Brasil sinaliza com a possibilidade de uma produção futura ainda maior, dada a abundante disponibilidade de terras aptas para a produção agrícola, disponibilidade de modernas tecnologias e eficiência produtiva de seus dinâmicos agricultores, consultores e pesquisadores. A maior parte do território brasileiro está intocada e, para exemplificar, segundo pesquisadores do MAPA e da USP, as áreas de pastagens decresceram de 165 milhões de hectares em 1975, para 145 milhões em 2016. A maior parte dessas pastagens eram degradadas e improdutivas, mas foram recuperadas e inseridas no processo produtivo de grãos, fibras e carnes, dispensando o desmatamento para a ampliação da área cultivada. Segundo os autores, dado o significativo aumento da produtividade do campo, desde a década de 1980 a ocupação de novas áreas é secundária na composição da produção agropecuária (http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/8326/1/cc38_nt_crescimento_e_producao_da_agricultura_brasileira_1975_a_2016.pdf).
Não são apenas os megaempresários rurais que geram dividendos para a balança comercial brasileira. Os pequenos e médios agricultores também o fazem e são importantes, principalmente quando inseridos em cadeias produtivas de cooperativas e vinculados a indústrias integradoras. Com essas integrações, além de abastecer o mercado interno com produtos frescos, eles geram excedentes exportáveis.
Foi extraordinário o desenvolvimento experimentado pelo agronegócio brasileiro no decorrer do último meio século. Entre 1976 e 2021, com o aumento de apenas 46% na área destinada ao cultivo de grãos, o Brasil conseguiu incrementar a produção em 112% (https://www.conab.gov.br/info-agro/safras/serie-historica-das-safras). Além disso, enquanto a área de pastagens caiu, a produção de carne bovina subiu significativamente, passando de 1,8 milhão de toneladas de carcaça para 7,4 milhões de toneladas (http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/8326/1/cc38_nt_crescimento_e_producao_da_agricultura_brasileira_1975_a_2016.pdf), sinalizando que o agro brasileiro cresceu com sustentabilidade e não à custa de desmatamento, queimadas e uso de agrotóxicos, conforme muitas vezes insinuado por nossos competidores do exterior e mesmo, internamente.
São injustas as críticas por vezes atribuídas ao nosso agricultor, como sendo o responsável pela contaminação dos alimentos que a população consome. Existem os irresponsáveis, mas eles são minoria. Segundo pesquisas do MAPA, 97% dos alimentos disponibilizados na mesa dos brasileiros não apresentam nenhum tipo de contaminação.
Historicamente, o agronegócio tem carregado o Brasil nas costas, transitando por vários ciclos produtivos: borracha, cana de açúcar, cacau, café e, mais recentemente, a soja, as carnes, a celulose, o algodão e o milho. E há sinais de que o agro não está parando, pois tem ótimas condições para continuar evoluindo, com base em recursos naturais abundantes e aptos para a produção agrícola: terra, água e sol, principalmente. Tudo o que o agricultor precisa é apoio e estímulo para extrair o máximo desses recursos naturais, com uso de mais e melhores técnicas de produção, com sustentabilidade social, econômica e ambiental.
O agricultor brasileiro é um vencedor. Um produto tipo exportação: dinâmico, ambicioso, determinado, vencedor. Venceu as adversidades do solo infértil, do clima tropical hostil, da inadaptação de culturas para regiões de baixas latitudes, da intensidade do ataque de pragas e doenças do clima quente brasileiro, entre outros. Agora precisa encarar e vencer conceitos pré-concebidos que às vezes o coloca no papel de vilão em vez de herói.