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Movimento do mercado de soja no primeiro semestre de 2013



Adelson Gasparin
Após a consolidação das perdas registradas no Brasil, Argentina e depois nos Estados Unidos por conta dos efeitos climáticos em 2012, e a Bolsa de Chicago ter atingido patamares históricos nas cotações, pela combinação de aumento na demanda mundial e estoques baixíssimos, além de outros fatores fundamentais, o presente neste ano iniciou com muitas expectativas. O peso de todo um sistema estava em cima do desenvolvimento da safra da América do Sul, ao qual serviria como apaga-chamas no mercado mundial.
Dentro das expectativas dos agentes, o clima favoreceu as lavouras brasileiras e argentinas de soja, que juntas somaram mais de 135 milhões de toneladas. Logo após o encerramento da colheita da América do Sul em maio deste ano, entraram em cena os relatórios de intenção de plantio dos EUA. Inicialmente projetados como recorde em mais de 31 milhões de hectares, os trabalhos de plantio iniciaram com certo atraso, por conta do clima relativamente seco e frio sobre o meio-oeste norte-americano. Entretanto, ao final do semestre, as lavouras estavam 96% plantadas e com condições de desenvolvimento favoráveis, porém o mercado ainda sentia forte preocupação pelo inexpressivo estoque do país.
Os efeitos desse desenrolar de fatos foram registrados por muita instabilidade na bolsa de Chicago. Em janeiro, as cotações operavam na casa de US$ 13,50/bushel já refletindo menor temor de desabastecimento e com analistas projetando preços ainda menores após a colheita da América do Sul. Eis que surge um novo entrave e muda todo o cenário. A safra brasileira cujos navios faziam filas nos portos aguardando embarque, não foi embarcada na época esperada.
Um verdadeiro apagão de infraestrutura logística acabou por atrasar os carregamentos. Novamente os principais compradores mundiais, em especial os chineses, voltaram a demandar soja dos Estados Unidos para suprir o atraso dos embarques brasileiros. Com estoques ainda mais comprometidos, os preços tornaram a se elevarem, atingindo no final do semestre a casa de US$ 16,50/bushel.
No Brasil outra surpresa. A cotação do dólar ao qual o Banco Central sinalizava estar em plena estabilidade ao redor dos R$ 2 rompeu resistências e chegou a ser negociada a R$ 2,27 no final do semestre, registrando alta de 13%. Resultado da combinação, fatores econômico-financeiros pessimistas em relação às metas do governo, como fraco crescimento do PIB, saída de capital estrangeiro pelas incertezas econômicas do país, redução da política de afrouxamento monetário dos EUA, dentre outros.
Inacreditavelmente, o resultado destes dois movimentos: alta de 20% na Bolsa de Chicago; alta de 13% na cotação do dólar, não representou aumento no preço da soja paga aos vendedores brasileiros em relação ao início e o final do semestre. Pelo contrário, no início do ano, a cotação da soja em Passo Fundo girava em torno de R$ 70,50/saca. No final de junho, as negociações não ultrapassavam R$ 68,50/saca. A explicação é simples. A ineficiência logística do país engessa o setor, e em picos de movimento encarece muito, o que reflete diretamente nos preços do produto transportado.
Por: Adelson Gasparin - Corretor de Commodities da Agroinvvesti - [email protected]

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