A argumentação argentina sobre o que pensarão as metalúrgicas do RS a respeito de suas exportações para a Argentina de máquinas agrícolas diante da implementação do Mecanismo de Adaptação Competitiva (MAC) pode ser respondida rapidamente, e faço isso somente utilizando a argumentação lógica do João Gringo, um produtor de arroz irrigado do sul do Brasil, que sem precisar de nenhum curso especial e sem nenhum "esquecimento", me veio com o seguinte raciocínio lógico:
1 - O Brasil produz de arroz irrigado, só na região Sul, mais de 7 milhões de toneladas de arroz, toda produção Argentina não passa de 1,5 milhões.
2 - A metade das máquinas e implementos utilizados na minha lavoura são das décadas de 80 e 90 e todos provenientes da industria brasileira.
3 - O produtor argentino compra nossas máquinas com um preço até 45% mais barato do que eu, sem falar nos adubos e defensivos. Se o governo diminuísse um pouco dos impostos eu poderia comprar mais barato também e ficar mais competitivo né!!!
4 - Se a Argentina não vendesse todo o seu excedente aqui no Brasil, logo na entrada da safra, produzindo uma brutal desvalorização no meu produto, eu poderia obter preços melhores na venda, me capitalizar, podendo renovar meu maquinário, afinal quem não quer uma máquina nova um implemento novo na lavoura. Ainda mais , que nossas máquinas são do melhor padrão tecnológico existente no mundo, coisa de primeira.
5 - Quando há excesso de arroz aqui no Brasil, resta a nós , "nos virarmos", procurar-mos exportar o que der, em 2005 nos viramos e exportamos quase 400 mil toneladas, por que o argentino não pode fazer isso também? E lá o governo ainda ajuda bastante né!!
6 - Se eu produzo arroz para o consumo interno no Brasil, porque eu tenho que me preocupar com a Argentina, eles acham Maradona melhor que Pelé, que seus jogadores são melhores que o nosso e nem por isso o futebol no Brasil acabou!!!
Nessa hora interrompi meu amigo em sua argumentação, era melhor , como diz o comunicado argentino, "esquecer" certos detalhes, pois a coisa estava indo muito para o pessoal!!!
Bom, conclui rápido que, a indústria riograndense pode ficar despreocupada, o produtor nacional capitalizado dará fôlego por muitos anos a nossa indústria, além do mais, nossas máquinas são de tal padrão tecnológico que podem ser exportadas com sucesso para qualquer lugar do mundo, os arrozeiros argentinos não quebrarão, eles farão como no Brasil, darão um jeito, e continuarão a comprar nossas máquinas, afinal como eles próprios dizem são competitivos, e uma máquina agrícola de R$ 500.000,00 no Brasil por R$ 300.000,00 lá ajuda bastante nesse aspecto. Como podemos ver, muita coisa foi "esquecida" , também, pelo comunicado argentino.
Quanto ao Pelé? Não é preciso dizer mais nada!!!
Fernando Lopa
Diretor Secretário da Associação dos Arrozeiros de Alegrete