O guandu (Cajanus cajan) é uma leguminosa arbustiva, anual ou perene de vida curta, crescendo normalmente até uma altura de 4,0 m. Originário da África, adaptou-se perfeitamente às condições brasileiras, onde vem sendo cultivado há muito tempo, principalmente para a produção de grãos para consumo humano. No entanto, devido ao seu grande potencial de produção de forragem e alto valor nutritivo é um excelente suplemento proteico para ruminantes, podendo ser utilizado sob a forma de grãos ou farinha para aves e suínos ou ainda como cultura restauradora do solo.
Clima e solo - O guandu desenvolve-se bem em condições de clima quente e úmido, com temperatura média entre 18 e 30oC e precipitação de 500 a 1.700 mm. No entanto, noites frias e alta nebulosidade afetam a fertilização das flores e a produção de sementes. Por apresentar um sistema radicular profundo e vigoroso, tolera bem a seca, podendo, entretanto, perder as folhas sob condições críticas. Cresce melhor em solos profundos e bem drenados, mas pode vegetar em solos arenosos e até nos argilosos pesados. Não se adapta a solos inundáveis ou encharcados. Tolera ampla faixa de pH (5 a 8), mas apresenta melhor desempenho em solos aproximadamente neutros. Nos solos ácidos, a Embrapa recomenda, além da correção da acidez com 2 a 4 t/ha de calcário dolomítico (PRNT = 100%), a aplicação de 80 a 120 kg de P2O5/ha, preferencialmente sob a forma de superfosfato simples e de 30 kg/ha de FTE BR-16 para solos sob vegetação de cerrados. Sua capacidade de fixação de nitrogênio situa-se entre 90 e 150 kg/ha/ano.
Estabelecimento - - A época de plantio mais indicada é o início do período chuvoso (outubro/novembro). Para formação de bancos de proteína, o espaçamento será de 2 a 3 m entre linhas, com 6 a 8 sementes/metro linear, o que corresponde a um gasto de 4 a 5 kg/ha de sementes. Em plantios densos, destinados a cortes, com espaçamento de 1,0 a 1,5 m entre linhas e 6 a 8 sementes/metro linear, utiliza-se 10 a 15 kg/ha de sementes. As sementes, em geral não precisam de escarificação devido a baixa percentagem de sementes duras. Sua capacidade de fixação de nitrogênio situa-se entre 90 e 150 kg/ha/ano. A profundidade de semeadura é de 3 a 5 cm e, como o desenvolvimento inicial é lento, são necessárias uma a duas capinas nos primeiros dois meses. Atualmente, as cultivares mais recomendadas para as condicões edafoclimáticas de Rondônia são a preta, vermelha, branca ou a comum.
Produção de forragem e valor nutritivo - - A produtividade de forragem do guandu é bastante elevada, contudo pode ser afetada por diversos fatores (solo, espaçamento, manejo e condições climáticas). Na Amazônia Ocidental, as produções de matéria seca da fração utilizável como forragem (folhas, flores, frutos e ramos com diâmetro menor que 6,0 mm) estão em torno de 6 a 8 e 3 a 5 t/ha, respectivamente para os períodos chuvoso e seco. A forragem do guandu possui alto valor nutritivo para o gado de leite e/ou corte, sendo sua farinha excelente para a suplementação de suínos e aves. As folhas e ramos finos apresentam teores de proteína bruta entre 16 e 20%, enquanto que a digestibilidade da matéria seca pode variar de 50 a 65%. Os ganhos de peso estão em torno de 500 a 800 g/an/dia e entre 400 a 700 kg/ha/ano.
Utilização e manejo - Como forrageira, o guandu tem sido utilizado como feno, silagem, em pastejo direto no período seco e para a formação de bancos de proteína. Sob pastejo contínuo, oferece boas produções apenas no primeiro ano, decrescendo daí em diante, exigindo replantio no terceiro ano. Bem manejado, pode persistir por até cinco anos. Para utilização sob pastejo, os animais devem entrar quando as plantas atingirem entre 1,5 a 1,8 m de altura, as quais deverão ser rebaixadas até cerca de 0,8 m. O guandu pode ser utilizado para a produção de forragem através de cortes mecânicos, desintegração e fornecimento em cochos. Os cortes devem ser realizados a 80 a 100 cm acima do solo, a cada 90 a 120 dias, ou quando as plantas atingirem entre 1,4 a 1,6 m de altura. Outro sistema de utilização que apresenta grande interesse é a introdução do guandu, em faixas, nas pastagens de gramíneas. A Embrapa recomenda faixas de 2,0 m de largura com duas linhas da leguminosa, espaçadas de 1,0 m, colocando-se 6 a 8 sementes/metro linear. Estas faixas devem ser alternadas à cada 4 a 5 m, devendo, preferencialmente, serem estabelecidas em pastagens degradadas. No início da estação seca, a área será liberada para pastejo, com a mesma lotação normalmente usada para aquela pastagem.
Newton de Lucena Costa (Embrapa Roraima)