O lucro é o objetivo principal de qualquer agricultor e ele não é obtido apenas com a obtenção de boas produtividades. Também pode ser conseguido com a redução de custos, via uso mais racional dos insumos, como os agrotóxicos e os fertilizantes. A utilização de agrotóxicos (inseticidas e fungicidas) nas lavouras não aumenta a produtividade, mas evita que ocorram perdas. Sendo assim, a utilização desses produtos sem necessidade, apenas traz despesas ao produtor, sem aumentar a produtividade.
A economia nos agrotóxicos pode ser obtida via manejo integrado de pragas e doenças (MIP e MID), que difere da aplicação calendarizada, na qual o agricultor realiza a aplicação dos agrotóxicos baseado no estádio fenológico ou porte da planta, independentemente da presença da doença ou do número de insetos-praga. No caso das pragas, o MIP recomenda observar o nível de ação ou de controle. Por exemplo, para o controle das lagartas desfolhadoras existem recomendações técnicas (nível de ação) que indicam o número de lagartas por metro linear de lavoura que justifica a pulverização de inseticidas.
A população que justifica o controle das lagartas varia com o tipo (espécie) da lagarta e com o estádio fenológico (vegetativo ou reprodutivo). Também, é importante observar o índice de desfolha como parâmetro auxiliar para definir o controle das lagartas.
Quanto aos percevejos sugadores, sua presença não causa danos à produtividade da soja nos estádios que antecedem a formação das vagens e dos grãos. Sem a presença destas estruturas não há prejuízo para a produção da soja; portanto, não faz sentido controla-los na fase vegetativa. É desperdiçar dinheiro. Seu nível de ação depende da finalidade da produção; se para grãos ou para semente (2 ou 1 percevejos/m linear, respectivamente)
Obedecendo estes critérios pode-se reduzir o número médio de pulverizações em 50%, economizando dinheiro e reduzindo a contaminação ambiental. Estudos realizados pela Embrapa, em parceria com o IDR-PR, indicaram economia de R$ 125,58/ha, que, extrapolando este montante aos 39 Mha (2022) de soja cultivados no Brasil em 2020/21, poderia gerar uma economia anual de R$ 4,9 bilhões.
Nos fertilizantes, o agricultor pode economizar principalmente na adubação nitrogenada, substituindo o fertilizante mineral pela inoculação com bactérias fixadoras do nitrogênio (N) atmosférico, ao custo de uma pequena fração do que gastaria com o uso de fertilizantes minerais. A soja é a cultura que mais se beneficia com a fixação biológica do nitrogênio (FBN). Estudos da Embrapa indicaram que o custo do fertilizante nitrogenado necessário para repor as quantidades exportadas anualmente pela colheita de 3.000 kg/ha, é de R$ 906,00/ha e o do inoculante, de apenas R$ 8,00/ha.
Considerando a área atual cultivada com soja no Brasil de 39 milhões de ha, o custo da adubação nitrogenada seria de R$ 35,33 bilhões, ante apenas R$ 288 milhões com o uso de inoculantes. Economia de R$ 35,1 bilhões, se toda a área cultivada utilizasse apenas o inoculante. Tamanha economia é fundamental para alavancar a competitividade do Brasil na comercialização do grão no mercado global.
O argumento de que a inoculação não é suficiente para prover o nutriente necessário para obter-se altas produtividades, não procede. Estudos da Embrapa mostraram que mesmo para altas produtividades (acima de 6.000 kg/há) a inoculação bem-feita, e com inoculante funcional, é capaz de garantir o nutriente necessário sem utilização de nitrogênio químico.
Também, é possível economizar na adubação com outros nutrientes, evitando aplicar aqueles que estão disponíveis em níveis adequados no solo. Isto se consegue, principalmente, por meio da análise de solo obtida de amostras representativas do talhão avaliado.
Cabe ressaltar que o uso contínuo de fertilizantes, como os fosfatados concentrados, pode ocasionar deficiência nutricional de outros nutrientes, em especial, o enxofre. Ou seja, a quantidade aplicada deve ser equilibrada e em níveis adequados para que a planta expresse todo o seu potencial produtivo.
O desperdício de insumos na produção de uma lavoura encarece a produção. O insumo salvo pela correta utilização pode representar o principal ingresso financeiro de uma propriedade agrícola, principalmente em anos de safras magras ou de mercado desvalorizado.