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Horizonte Nebuloso



Mauricio Fontana
A cada dia que passa torna-se mais difícil esconder a realidade econômica no Brasil. Contrariando as vontades da equipe econômica do governo federal, os fatos insistem em exibir os efeitos de nosso atraso em implementar mudanças efetivas e fundamentais como a melhoria da educação básica, a atração de investimentos privados e eficientes em infraestrutura e logística e reformas que tragam a garantia de maior segurança jurídica e institucional no país. O PIB segue crescendo abaixo do desejado (apenas 0,55% no primeiro trimestre de 2013), a inflação ao consumidor mostra-se persistente e elevada, acumulando 6,49% em 12 meses até abril, e nossa balança comercial reflete os desequilíbrios e a fragilidade da economia nacional.


Os problemas de nossa economia são conhecidos, enquanto sofremos com uma carga tributária injusta e elevada, pouco desta receita é investida no "Brasil do futuro". O transporte de cargas, por exemplo, é concentrado no modal rodoviário, em detrimento das opções ferroviárias e hidroviárias, historicamente negligenciadas. Na área de educação, preferimos o faz-de-conta de políticas de cotas e incentivos ao ensino superior, ao invés do investimento maciço em educação básica de qualidade. Quando grandes investimentos públicos são feitos, optamos pela contrução de estádios de futebol mastodônticos antes de alcançarmos o acesso universal ao saneamento básico no país. Na forma de agir dos governos, escolhemos o caminho da medida provisória e do decreto, fazendo com que o poder Executivo torne-se também Legislativo, criando distorções e inseguranças institucionai que acabam por afastar investimentos externos tão necessários.

Infelizmente, após alguns anos de forte crescimento econômico advindo dos incentivos ao consumo interno, percebemos que deixamos a oportunidade passar por nós mais uma vez. Isso fica mais claro quando observamos o desempenho de outros países, como os Estados Unidos, por exemplo. Mesmo em meio a uma das maiores crises econômicas da história, os americanos surgem agora mais produtivos, aliados à uma revolução energética baseada na exploração e uso do gás de xisto, que possibilita custos muito mais baixos à indústria e transforma positivamente a capacidade industrial do país.


Agora, teremos novamente um cenário no qual os juros serão mais altos, nossa produtividade continuará baixa e deveremos voltar a lutar contra a alta generalizada de preços. Se nos momentos de bonança não tivemos a capacidade de identificar e corrigir nossa falhas, será neste horizonte, cada vez mais nebuloso, que faremos o "tema de casa"?

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