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Fazendas verdadeiramente lucrativas



Alexander Silva de Resende

Saber se uma propriedade é lucrativa ou não é algo bem fácil. A linguagem econômica, todos conhecemos. Se eu consigo vender minha produção por um valor maior do que gastei para produzir, incluindo todos os custos, estou no lucro!  

Mas como não incluímos os custos ambientais, ou da depreciação das características ambientais da propriedade, essa conta é mais complexa do que parece.

A cada ano tenho que colocar mais fertilizantes para produzir?

A cada ano tenho menos água nos riachos e rios para irrigação?

A cada ano tenho mais solo exposto e mais sinais de erosão em minhas terras?

A cada ano gasto mais com manutenção de estradas devido a processos erosivos?

A cada ano as linhas de erosão e as voçorocas aumentam em minha propriedade?

A cada ano gasto mais com herbicidas, inseticidas, fungicidas, etc?

A cada ano preciso contratar empresas com abelhas ou outros agentes polinizadores para melhorar a produtividade de minhas lavouras?

A cada ano a capacidade de suporte do pasto cai e coloco menos animais por hectare?

Se a sua resposta para boa parte das perguntas foi sim, sua propriedade pode estar em declínio e em breve você vai começar a perder dinheiro. E o que fazer para reverter?  

A resposta não é fácil! Mas entender que o agronegócio precisa da conservação ambiental para ser um negócio realmente lucrativo é o primeiro passo.  

Se as propriedades rurais fossem valoradas pelas alterações na fertilidade do seu solo, ou outras características ambientais ao longo do tempo, como a disponibilidade de agentes polinizadores, por exemplo, o agricultor entenderia que a sua poupança, a sua reserva econômica estratégica de longo prazo, está associada a conservação da fertilidade do solo, a produção de água e a conservação da biodiversidade ao longo do tempo. E que uma propriedade verdadeiramente lucrativa, precisa trabalhar bem na frente do negócio principal, soja, milho, gado, mas também na frente ambiental.... isso, se quiser ter longevidade. Fora isso, é ter que buscar novas fronteiras agrícolas, ou mais financiamentos, reduzindo suas margens de lucro...

O agricultor que ainda acha que esse assunto é papo de ecochato, está fadado a não ver mais sua próxima geração viver da terra.

Um forte abraço.

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