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Falta mão-de-obra no campo


Decio Luiz Gazzoni
Nos últimos cinco anos, a exportação brasileira de café cresceu 18%. De janeiro a agosto deste ano foram exportadas 23,6 milhões de sacas, contra 19,7 milhões no mesmo período de 2010. Mas nem tudo são flores nos cafezais, sobretudo devido ao desaparecimento da mão-de-obra na área rural, talvez o maior problema enfrentado atualmente pelos produtores agrícolas. Um dos setores com maior dificuldade para a adoção de máquinas agrícolas, a cafeicultura foi obrigada a ampliar a mecanização das lavouras nos últimos cinco anos. Nas cooperativas maiores, a adoção de máquinas alcança 85%, reduzindo em 50% o custo da colheita, porque o preço da mão-de-obra explodiu. Segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CeCafé), metade das lavouras de café do Brasil já tem algum grau de mecanização.

Nas áreas com problema de topografia – as mais problemáticas - são usadas máquinas menores, que substituem 4-5 pessoas, como ocorre na região da Cooperativa de Cafeicultores de Guaxupé (Cooxupé), cujos 11.500 cooperados são os principais produtores em áreas montanhosas. Sem as máquinas, os cafeicultores demandariam 30 mil trabalhadores na colheita, quando a oferta mal chega a 8 mil. A maior preocupação dos cafeicultores quanto à mecanização, eram os danos que as máquinas infligiam às plantas. As máquinas mais modernas, devidamente reguladas e operadas, tornam o dano negligível, exigindo apenas a retirada dos galhos das plantas que atrapalham as máquinas.
A mecanização chegou também ao acondicionamento e transporte de grãos. Segundo o CeCafé, metade do café exportado pelo país utiliza o transporte a granel ou as "big bags", com capacidade para até 1,5 tonelada. A mudança substitui a mão-de-obra que desapareceu (carregadores e ensacadores), com redução de cerca de 50% nos custos de logística, atualmente estimados em US$ 10 por saca. Na Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas (Cocapec), de um milhão de sacas exportadas pelos associados, metade já é acondicionada em "big bags" ou a granel. Na Cooxupé, são mais de 3 milhões, equivalendo a 80% da exportação. Neste caso, a redução da mão-de-obra foi de 75% e, se a mesma continuar a minguar, a mecanização vai se expandir ainda mais.

 
O autor é Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja. www.gazzoni.eng.br.

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