Diagnóstico produzido, exclusivamente, para os leitores do Agrolink
Introdução
A Mandioca ("Manihot esculenta Crantz"), da família "Euphorbiaceae", é uma cultura alimentar tropical amplamente cultivada na África, Ásia e América Latina. A mandioca é tipicamente produzida em solos pobres e requer poucos insumos. A planta cresce como um arbusto; é pouca exigente em termos de fertilidade do solo e insumos, e é o segundo maior produtor de alimento energético por área, depois de cana-de-açúcar. Pode ser colhida em qualquer dia do ano e constitui o alimento básico para mais de 700 milhões de pessoas em pelo menos 105 países.
A mandioca pode ser mantida no solo durante um longo período (até dois anos) e colhida quando necessária. Contudo, uma vez colhida, a mandioca fresca é altamente perecível, sendo impropia para ser vendida em mercados distantes. Há também uma elevada demanda por chips de mandioca, usados como alimentos para animais. Contudo, na média africana, cerca de 90% da produção é destinada ao consumo humano e apenas 10% é processada como alimentos para animais.
Há algumas variedades amargas e com teor de amido mais elevado, sendo mais adequadas para a produção de amido de alto valor e maltose, ambos para uso industrial. Na África, as variedades amargas são muitas vezes preferidas pelos agricultores, devido a sua maior resistência às pragas.
Em toda a África, as mulheres são responsáveis ??pela maior parte da colheita de mandioca e ainda como mão-de-obra intensiva no processamento e no transporte. No entanto, como o processamento torna-se cada vez mais mecanizado, os homens tendem a assumir essas atividades.
No Mundo já é a 4º alimento maior fornecedor de calorias. Sua importância na segurança alimentar, especialmente para os agricultores de subsistência e comunidades carentes, pode aumentar ainda mais como um efeito do aquecimento global. Além de seus tradicionais derivados (chips, farinha, fécula etc..), a mandioca hoje é muito usada na produção de xaropes, papel, colas especiais, aditivos alimentares orgânicos, cerveja orgânica, rações e, crescentemente, para a produção de etanol.
As folhas são consumidas como vegetais verdes e as raízes como alimento básico na maioria dos países que cultivam mandioca. Na África, a mandioca é transformada em diversos produtos, tais como gari, chikwangue, cascas, fufu, tapioca etc.. Ultimamente, cresce muito a produção de amido e de HQCF (“Farinha de Mandioca de Alta Qualidade”), principalmente nas pequenas fábricas da Nigéria (processamento ainda mínimo, mas com boa qualidade e higiene). Trata-se de uma perfeita substituta, parcial, só que bem mais barata do amido de trigo e de milho, ambos importados.
Boa parte do HWCF da Nigéria vai para a produção de alimentos processados, tais como glucose e álcool, bem como para um produto químico industrial para uso em tecidos, tintas, adesivos e sabão em pó. Também, a Nigéria tem fábricas de médio e grande escala para o processamento de fécula de mandioca, exportando para grande empresas multinacionais de alimentos como Cadbury e Nestlé.
Na Nigéria, a Iniciativa Presidencial para a Mandioca (iniciada em 2003) criou um mercado mais amplo e cativo para a farinha de mandioca, promovendo o uso de 10% de farinha de mandioca no pão à base de trigo. Isso levou ao aumento de 48% na produção de HQCF e de amido e também ao estabelecimento de mais de 500 centros de micro-processamento e 100 de processamento por pequenas e médias empresas (PME).
Quadro de Suprimento Mundial
A mandioca – e seus derivados - é o alimento energético dos mais pobres e assim pouco, ou nada, cultivada em países da America do Norte e da Europa, também por restrições climáticas locais e pelo seu baixo nível protéico (apenas 3%) quando consumida de forma isolada, mas riquíssima em cálcio e vitamina C, vitamina B1, vitamina A, acido nicotínico etc..
A principal característica deste cultivo é produzir elevado volume de carboidrato por área e durante muitos meses por ano e isto mesmo em situações difíceis e até adversas de solo (baixa fertilidade, baixo nível de matéria orgânica, muita areia etc..), fogo anterior (inclusive no preparo do solo), poucas chuvas, clima desértico (elevada insolação), inexistência de mudas adequadas e de pesquisas, ataque de algumas pragas, baixo nível cultural/associativismo dos agricultores etc.. Pode-se dizer que é um persistente milagre para os famintos/incultos e até um “maná” local.
Embora a Produção Mundial oscile muito anualmente, em razões das secas locais mostrando a sua elevada importância como alimento em locais inóspitos e áridos (como em 2011), as colheitas médias atingem cerca de 250,0 milhões de t./ano, destinadas a alimentar em torno de 500,0 milhões de pessoas no Mundo, sendo 200,0 milhões no subsahara africano.
O mais interessante é que a mandioca é uma planta que mais produz carboidratos por área (devido à possível elevada produtividade), somente superada pela cana de açúcar. Como não contem glúten pode ser o substituto ideal para derivados de trigo e do milho.
É uma das plantas com maior produção de etanol por hectare (bem acima da cana), havendo diversos projetos em andamento na China. No Brasil, até que se tentou, mas o lobby do Setor Cana e de outros não deixou progredir, pelo que se sabe.
Segundo a ABAM Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca, enquanto 1 tonelada de cana produz 85 litros de álcool, 1 tonelada de mandioca com rendimento de 33% de amido e 2% de açúcares produz 211 litros de álcool combustível. Já existem variedades de mandioca com 36% de amido, o que proporcionam 230 litros de álcool combustível por tonelada de mandioca. No Estado de São Paulo, a produtividade média da mandioca está em torno de 26 toneladas por hectare/ano, o que proporciona 5.486 litros de álcool por hectare/ano, isto na produtividade de álcool mais modesta (211 litros de álcool combustível por tonelada de mandioca). Recentemente foi descoberta pela Embrapa/Recursos Genéticos e Biotecnologia (de Brasília), na Amazônia brasileira (o “berço” da mandioca), uma variedade de mandioca com quantidade bem superiores de açúcares na raiz.
Hoje, no Brasil, também já se explora bastante uma nova vertente industrial que é a produção de mandioca para a fabricação de amidos especiais, sobretudo em SP, PR e MS.
Em 2003, os países africanos eram os maiores consumidores Mundiais, seguido pelos asiáticos, caribenhos e da América Latina. O consumo nos países desenvolvidos era irrisório.
Em 2004, a Tailândia era o maior exportador Mundial com 75% do mercado de mandioca seca (chips) e derivados, seguido pelo Vietnã, Indonésia e Costa Rica. O comercio mundial de mandioca molhada (“wet cassava”) era restrito a alguns negócios entre países pequenos e vizinhos, em especial da África e Ásia.
O maior importador mundial era a China, sendo a maior parte provinda dos vizinhos Tailândia e Vietnã.
Em 2007, as exportações mundiais atingiram 6,5 milhões de t. de mandioca seca (chips, pellets, etc..). Já as exportações de amido (fécula) e de farinha chegaram a 1,6 milhão de t. Na soma, equivaleram a exportação de mais de 25,0 milhões de t. de equivalente em raiz de mandioca (úmida), igual a cerca de 11,0% do total mundial produzido.
A Tailândia dominou o mercado de exportação, com 75% das vendas de equivalente mandioca seca do Mundo (4,6 milhões de t. por US$ 122/t.) e por 90% das exportações de amido de mandioca (1,4 milhões de toneladas por US$ 275/t.). Já o Vietnã exportou 15% do total de equivalente mandioca, respondendo por 20% do mercado mundial de chips.
Os principais destinos das exportações de mandioca, isto é os maiores importadores, foram a China (62,0%), Leste europeu (18,0%) e Ásia (15,0%), enquanto que os principais importadores de amido de mandioca foram os países asiáticos, liderados pela China e sudeste (Indonésia, Japão e Malásia) e que, juntos, responderam por 75% do total.
A China já importava 60% do que consumia em equivalente mandioca. Do total de importações chinesas em 2007 cerca de 60% foram de chips e 40% de amido. Já do comprado pelo demais da Ásia 40% foram de amido. Do importado pelo leste europeu 25% foram de chips.
Nos últimos anos, houve uma mudança significativa nos mercados-alvo destes alimentos, com o destino para a alimentação animal do mercado respondendo por 20,0%, principalmente na Europa e na China.
Em 2009, o total de exportações (somadas) atingiu o equivalente a 39,0 milhões de raiz de mandioca, sendo 67,0% pela Tailândia e 26,0% pelo Vietnã. A Tailândia era responsável por 50% do mercado mundial de Chips e por 90% do mercado Mundial de amido. Já o Vietnã respondia por 44% do mercado mundial de chips.
Já os maiores importadores foram a China com 68% do total e os demais países com 32% do equivalente mandioca. A China era responsável pela compra de 85% das compras de chips e 40% das de amido. Já os demais países importadores compravam 15% do mercado de chips e 60% do mercado de amido.
As estimativas eram de que a demanda Chinesa dobrasse nos próximos 5 anos. As importações também devem dobrar, mesmo se a produção interna aumentar.
Prevê-se queda das exportações vietnamitas, pois o produto está sendo desviado para a produção de etanol, havendo diversas plantas em construção. O mesmo pode ocorrer na Tailândia.
Assim, como vemos, temos um mercado mundial bastante comprador, em franco crescimento, com significativa pluralidade de demanda e com dificuldades de abastecimento, vez que os maiores exportadores não estarão dando conta de suprirem o mercado futuro.
Para 2020, estima-se que o consumo total mundial de mandioca em raiz (todos os fins) deverá chegar a 275,0 milhões de t. (ante 193,8 milhões de t. em 2003).
Em 2007, a China (DCR) liderava o consumo “per capita” mundial com cerca de 285 kg/habitante/ano, seguida pelo Congo com 275 kg/hab./ano. O Brasil vinha distante com em torno de 48 kg/hab./ano. Já os maiores exportadores quase não consumiam, sendo de apenas 15 kg/hab./ano na Tailândia e de apenas 5 kg/hab./ano no Vietnã. Assim, isto demonstrava que - como fazem com o arroz beneficiado e com o café robusta -, ambos são grandes, E BONS, oportunistas de mercado (ainda mais por estarem ao lado da China e da Índia), tudo para angariarem divisas e gerarem emprego e renda internos.
Área, Produção e Produtividade Média Mundial e nos 20 principais Países
Os países Africanos, em conjunto, produzem mais da metade de mandioca do mundo, de 118 milhões de t. Com exceção da Tailândia, a maioria dos países consome a maior parte da mandioca que produz, por isso, é muitas vezes considerada como uma "mercadoria não transacionável” (como o arroz) e com apenas 11% da produção sendo negociada no mercado global.
Tanto as áreas, como as produções cresceram muito entre 1961 e 2006, principalmente na África e na Ásia. Já em termos de produtividades médias, as maiores ampliações no período ocorreram na Ásia.
Em 2011, devido a uma serie de problemas climáticos em diversos países, a Produção Mundial teve forte queda, fugindo bastante à média anual. Contudo, a área colhida teve significativo incremento nos últimos anos.
Infelizmente, a produção vem caindo muito na América Latina, ante oscilações na Ásia e ampliação na África.
Na Ásia mais de 8,0 milhões de produtores familiares, com área média de apenas meio hectare (0,5 há), se dedicam ao cultivo de mandioca, sendo que 50% deles usam variedades industriais modernas (80% transgênicas). Na Indonésia são aproximadamente 3,0 milhões com área média de 0,4 hectare; na Vietnam são cerca de 2,0 milhões com área meia de 0,3 hectare; na China cerca de 1,5 milhão e com área média de 0,3 há e na Tailândia são 500 mil agricultores e com área média de 2,5 hectares.
A África cultivava a maior área em 2011, cerca de 4 vezes mais que na América Latina e na Ásia.
Em 2011, os países da Ásia obtiveram a melhor produtividade média Mundial, quase o dobro do rendimento africano e 58,3% maior do que na América latina.
Na África, em média, consegue-se produtividade de até 11 toneladas/ha, mas já há cultivares com alto rendimento (até 25 toneladas/ha) e os mais cultivados nas áreas menos inóspitas e com melhor fertilidade natural.
Como já dito, a Produtividade média da Ásia é a que mais cresce no Mundo.
Como dito, em 2011, por uma série de problemas climáticos ocorridos, a produtividade média Mundial reduziu bastante.
A Nigéria é o maior produtor mundial, seguida pelo Brasil e pela Indonésia. Contudo, enquanto ela amplia muito na Nigéria e na Indonésia, no Brasil a produção amplia bem menos. Vide o significativo aumento da produção no Camboja, no Vietnã e em Angola nos últimos anos.
A Nigéria é o maior cultivadora mundial, seguida pelo Congo e pelo Brasil. Contudo, enquanto a área colhida amplia muito nos dois primeiros, no Brasil a área está estacionada e até declinante.
A Índia lidera amplamente a produtividade média mundial (e com forte crescimento anual), colhendo por hectare mais do que o dobro que se colhe no Brasil. Brasil - Valor Bruto da Produção
O Valor Bruto da Produção de Mandioca recuou bastante entre 2005 e 2013, devendo alcançar R$ 5,9 bilhões em 2013, liderados pelo Norte e Nordeste. Notem a forte queda de receita ocorrida na BA, PB e RN, possivelmente indicando sérios problemas climáticos (caso da BA) e/ou que os Programas de compras diretas e de amparos à produção podem não estar funcionando adequadamente nestes Estados e em outros. Ao contrário, tanto no PR como em SP, onde há bons programas de incentivos a agro industrialização local (com forte demanda pelas fecularias e para outros usos industriais), as receitas ampliaram bastante no período. As elevadas receitas obtidas pelo PA impressionam, mesmo em redução.
Brasil - Evolução das importações e das Exportações
Em 2013, de janeiro a abril, o Brasil já importou 5,2 mil t do equivalente em mandioca, a maior parte na forma de fécula e mais provinda do Paraguai.
Já as nossas exportações de mandioca em 2013 (janeiro a abril) atingiram 4,2 mil toneladas (bem menos do que o volume importado) e US$ 4,4 milhões, sendo a maior parte também de fécula.
Brasil - Evolução das Áreas Plantadas, da Produções e da Produtividades Médias obtidas nos Estados
No Brasil, apesar de a área de mandioca no Brasil ter aumentado 5,2% entre 2011 e 2012, a produção em igual período recuou 3,5%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pressão veio do decréscimo de 8,3% na produtividade. No Nordeste e no Norte brasileiro, a produção de mandioca diminuiu respectivos 10,9% e 3,5% entre 2011 e 2012.
Dentre os principais estados produtores, a produção da Bahia caiu 11,2%, a do Paraná, 1,8%, seguido pelo Mato Grosso do Sul, com queda de 1,6%. Em Santa Catarina, houve ligeira queda de 0,7%. Por outro lado, em São Paulo a produção deve teve expressiva alta de 23,8%.
A forte seca no Nordeste acarretou em perdas significativas nas lavouras de mandioca, influenciando a diminuição na produção de farinha na Bahia, Pernambuco e Alagoas, principalmente. Como resultado, demandantes daquela região passaram a se abastecer no Centro-Sul, intensificando a disputa por mandioca no Paraná, principalmente.
Além disso, as regiões produtoras de mandioca do Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo também apresentaram problemas por conta da estiagem, e em vários momentos os trabalhos de colheita foram dificultados no segundo semestre de 2012. A menor oferta de mão de obra para a colheita também elevou os custos de produção.
Neste cenário, a quantidade de mandioca processada na indústria de fécula, que já havia diminuído em 2011, caiu -4,7% em 2012, passando para 2,06 milhões de toneladas, conforme levantamento do Cepea/ESALQ-USP.
Para 2013, segundo o IBGE em maio/2013, a área colhida brasileira, infelizmente, pode ter nova forte queda de -5,3% ante 2012, reduzindo para 1,6 milhão de hectares, sobretudo, pela significativa redução ocorrida no Nordeste.
Introdução
A Mandioca ("Manihot esculenta Crantz"), da família "Euphorbiaceae", é uma cultura alimentar tropical amplamente cultivada na África, Ásia e América Latina. A mandioca é tipicamente produzida em solos pobres e requer poucos insumos. A planta cresce como um arbusto; é pouca exigente em termos de fertilidade do solo e insumos, e é o segundo maior produtor de alimento energético por área, depois de cana-de-açúcar. Pode ser colhida em qualquer dia do ano e constitui o alimento básico para mais de 700 milhões de pessoas em pelo menos 105 países.
A mandioca pode ser mantida no solo durante um longo período (até dois anos) e colhida quando necessária. Contudo, uma vez colhida, a mandioca fresca é altamente perecível, sendo impropia para ser vendida em mercados distantes. Há também uma elevada demanda por chips de mandioca, usados como alimentos para animais. Contudo, na média africana, cerca de 90% da produção é destinada ao consumo humano e apenas 10% é processada como alimentos para animais.
Há algumas variedades amargas e com teor de amido mais elevado, sendo mais adequadas para a produção de amido de alto valor e maltose, ambos para uso industrial. Na África, as variedades amargas são muitas vezes preferidas pelos agricultores, devido a sua maior resistência às pragas.
Em toda a África, as mulheres são responsáveis ??pela maior parte da colheita de mandioca e ainda como mão-de-obra intensiva no processamento e no transporte. No entanto, como o processamento torna-se cada vez mais mecanizado, os homens tendem a assumir essas atividades.
No Mundo já é a 4º alimento maior fornecedor de calorias. Sua importância na segurança alimentar, especialmente para os agricultores de subsistência e comunidades carentes, pode aumentar ainda mais como um efeito do aquecimento global. Além de seus tradicionais derivados (chips, farinha, fécula etc..), a mandioca hoje é muito usada na produção de xaropes, papel, colas especiais, aditivos alimentares orgânicos, cerveja orgânica, rações e, crescentemente, para a produção de etanol.
As folhas são consumidas como vegetais verdes e as raízes como alimento básico na maioria dos países que cultivam mandioca. Na África, a mandioca é transformada em diversos produtos, tais como gari, chikwangue, cascas, fufu, tapioca etc.. Ultimamente, cresce muito a produção de amido e de HQCF (“Farinha de Mandioca de Alta Qualidade”), principalmente nas pequenas fábricas da Nigéria (processamento ainda mínimo, mas com boa qualidade e higiene). Trata-se de uma perfeita substituta, parcial, só que bem mais barata do amido de trigo e de milho, ambos importados.
Boa parte do HWCF da Nigéria vai para a produção de alimentos processados, tais como glucose e álcool, bem como para um produto químico industrial para uso em tecidos, tintas, adesivos e sabão em pó. Também, a Nigéria tem fábricas de médio e grande escala para o processamento de fécula de mandioca, exportando para grande empresas multinacionais de alimentos como Cadbury e Nestlé.
Na Nigéria, a Iniciativa Presidencial para a Mandioca (iniciada em 2003) criou um mercado mais amplo e cativo para a farinha de mandioca, promovendo o uso de 10% de farinha de mandioca no pão à base de trigo. Isso levou ao aumento de 48% na produção de HQCF e de amido e também ao estabelecimento de mais de 500 centros de micro-processamento e 100 de processamento por pequenas e médias empresas (PME).
Quadro de Suprimento Mundial
A mandioca – e seus derivados - é o alimento energético dos mais pobres e assim pouco, ou nada, cultivada em países da America do Norte e da Europa, também por restrições climáticas locais e pelo seu baixo nível protéico (apenas 3%) quando consumida de forma isolada, mas riquíssima em cálcio e vitamina C, vitamina B1, vitamina A, acido nicotínico etc..
A principal característica deste cultivo é produzir elevado volume de carboidrato por área e durante muitos meses por ano e isto mesmo em situações difíceis e até adversas de solo (baixa fertilidade, baixo nível de matéria orgânica, muita areia etc..), fogo anterior (inclusive no preparo do solo), poucas chuvas, clima desértico (elevada insolação), inexistência de mudas adequadas e de pesquisas, ataque de algumas pragas, baixo nível cultural/associativismo dos agricultores etc.. Pode-se dizer que é um persistente milagre para os famintos/incultos e até um “maná” local.
Embora a Produção Mundial oscile muito anualmente, em razões das secas locais mostrando a sua elevada importância como alimento em locais inóspitos e áridos (como em 2011), as colheitas médias atingem cerca de 250,0 milhões de t./ano, destinadas a alimentar em torno de 500,0 milhões de pessoas no Mundo, sendo 200,0 milhões no subsahara africano.
O mais interessante é que a mandioca é uma planta que mais produz carboidratos por área (devido à possível elevada produtividade), somente superada pela cana de açúcar. Como não contem glúten pode ser o substituto ideal para derivados de trigo e do milho.
É uma das plantas com maior produção de etanol por hectare (bem acima da cana), havendo diversos projetos em andamento na China. No Brasil, até que se tentou, mas o lobby do Setor Cana e de outros não deixou progredir, pelo que se sabe.
Segundo a ABAM Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca, enquanto 1 tonelada de cana produz 85 litros de álcool, 1 tonelada de mandioca com rendimento de 33% de amido e 2% de açúcares produz 211 litros de álcool combustível. Já existem variedades de mandioca com 36% de amido, o que proporcionam 230 litros de álcool combustível por tonelada de mandioca. No Estado de São Paulo, a produtividade média da mandioca está em torno de 26 toneladas por hectare/ano, o que proporciona 5.486 litros de álcool por hectare/ano, isto na produtividade de álcool mais modesta (211 litros de álcool combustível por tonelada de mandioca). Recentemente foi descoberta pela Embrapa/Recursos Genéticos e Biotecnologia (de Brasília), na Amazônia brasileira (o “berço” da mandioca), uma variedade de mandioca com quantidade bem superiores de açúcares na raiz.
Hoje, no Brasil, também já se explora bastante uma nova vertente industrial que é a produção de mandioca para a fabricação de amidos especiais, sobretudo em SP, PR e MS.
Em 2003, os países africanos eram os maiores consumidores Mundiais, seguido pelos asiáticos, caribenhos e da América Latina. O consumo nos países desenvolvidos era irrisório.
Em 2004, a Tailândia era o maior exportador Mundial com 75% do mercado de mandioca seca (chips) e derivados, seguido pelo Vietnã, Indonésia e Costa Rica. O comercio mundial de mandioca molhada (“wet cassava”) era restrito a alguns negócios entre países pequenos e vizinhos, em especial da África e Ásia.
O maior importador mundial era a China, sendo a maior parte provinda dos vizinhos Tailândia e Vietnã.
Em 2007, as exportações mundiais atingiram 6,5 milhões de t. de mandioca seca (chips, pellets, etc..). Já as exportações de amido (fécula) e de farinha chegaram a 1,6 milhão de t. Na soma, equivaleram a exportação de mais de 25,0 milhões de t. de equivalente em raiz de mandioca (úmida), igual a cerca de 11,0% do total mundial produzido.
A Tailândia dominou o mercado de exportação, com 75% das vendas de equivalente mandioca seca do Mundo (4,6 milhões de t. por US$ 122/t.) e por 90% das exportações de amido de mandioca (1,4 milhões de toneladas por US$ 275/t.). Já o Vietnã exportou 15% do total de equivalente mandioca, respondendo por 20% do mercado mundial de chips.
Os principais destinos das exportações de mandioca, isto é os maiores importadores, foram a China (62,0%), Leste europeu (18,0%) e Ásia (15,0%), enquanto que os principais importadores de amido de mandioca foram os países asiáticos, liderados pela China e sudeste (Indonésia, Japão e Malásia) e que, juntos, responderam por 75% do total.
A China já importava 60% do que consumia em equivalente mandioca. Do total de importações chinesas em 2007 cerca de 60% foram de chips e 40% de amido. Já do comprado pelo demais da Ásia 40% foram de amido. Do importado pelo leste europeu 25% foram de chips.
Nos últimos anos, houve uma mudança significativa nos mercados-alvo destes alimentos, com o destino para a alimentação animal do mercado respondendo por 20,0%, principalmente na Europa e na China.
Em 2009, o total de exportações (somadas) atingiu o equivalente a 39,0 milhões de raiz de mandioca, sendo 67,0% pela Tailândia e 26,0% pelo Vietnã. A Tailândia era responsável por 50% do mercado mundial de Chips e por 90% do mercado Mundial de amido. Já o Vietnã respondia por 44% do mercado mundial de chips.
Já os maiores importadores foram a China com 68% do total e os demais países com 32% do equivalente mandioca. A China era responsável pela compra de 85% das compras de chips e 40% das de amido. Já os demais países importadores compravam 15% do mercado de chips e 60% do mercado de amido.
As estimativas eram de que a demanda Chinesa dobrasse nos próximos 5 anos. As importações também devem dobrar, mesmo se a produção interna aumentar.
Prevê-se queda das exportações vietnamitas, pois o produto está sendo desviado para a produção de etanol, havendo diversas plantas em construção. O mesmo pode ocorrer na Tailândia.
Assim, como vemos, temos um mercado mundial bastante comprador, em franco crescimento, com significativa pluralidade de demanda e com dificuldades de abastecimento, vez que os maiores exportadores não estarão dando conta de suprirem o mercado futuro.
Para 2020, estima-se que o consumo total mundial de mandioca em raiz (todos os fins) deverá chegar a 275,0 milhões de t. (ante 193,8 milhões de t. em 2003).
Em 2007, a China (DCR) liderava o consumo “per capita” mundial com cerca de 285 kg/habitante/ano, seguida pelo Congo com 275 kg/hab./ano. O Brasil vinha distante com em torno de 48 kg/hab./ano. Já os maiores exportadores quase não consumiam, sendo de apenas 15 kg/hab./ano na Tailândia e de apenas 5 kg/hab./ano no Vietnã. Assim, isto demonstrava que - como fazem com o arroz beneficiado e com o café robusta -, ambos são grandes, E BONS, oportunistas de mercado (ainda mais por estarem ao lado da China e da Índia), tudo para angariarem divisas e gerarem emprego e renda internos.
Os países Africanos, em conjunto, produzem mais da metade de mandioca do mundo, de 118 milhões de t. Com exceção da Tailândia, a maioria dos países consome a maior parte da mandioca que produz, por isso, é muitas vezes considerada como uma "mercadoria não transacionável” (como o arroz) e com apenas 11% da produção sendo negociada no mercado global.
Tanto as áreas, como as produções cresceram muito entre 1961 e 2006, principalmente na África e na Ásia. Já em termos de produtividades médias, as maiores ampliações no período ocorreram na Ásia.
Infelizmente, a produção vem caindo muito na América Latina, ante oscilações na Ásia e ampliação na África.
Na Ásia mais de 8,0 milhões de produtores familiares, com área média de apenas meio hectare (0,5 há), se dedicam ao cultivo de mandioca, sendo que 50% deles usam variedades industriais modernas (80% transgênicas). Na Indonésia são aproximadamente 3,0 milhões com área média de 0,4 hectare; na Vietnam são cerca de 2,0 milhões com área meia de 0,3 hectare; na China cerca de 1,5 milhão e com área média de 0,3 há e na Tailândia são 500 mil agricultores e com área média de 2,5 hectares.
A África cultivava a maior área em 2011, cerca de 4 vezes mais que na América Latina e na Ásia.
Em 2011, os países da Ásia obtiveram a melhor produtividade média Mundial, quase o dobro do rendimento africano e 58,3% maior do que na América latina.
Na África, em média, consegue-se produtividade de até 11 toneladas/ha, mas já há cultivares com alto rendimento (até 25 toneladas/ha) e os mais cultivados nas áreas menos inóspitas e com melhor fertilidade natural.
Como dito, em 2011, por uma série de problemas climáticos ocorridos, a produtividade média Mundial reduziu bastante.
A Nigéria é o maior produtor mundial, seguida pelo Brasil e pela Indonésia. Contudo, enquanto ela amplia muito na Nigéria e na Indonésia, no Brasil a produção amplia bem menos. Vide o significativo aumento da produção no Camboja, no Vietnã e em Angola nos últimos anos.
A Nigéria é o maior cultivadora mundial, seguida pelo Congo e pelo Brasil. Contudo, enquanto a área colhida amplia muito nos dois primeiros, no Brasil a área está estacionada e até declinante.
A Índia lidera amplamente a produtividade média mundial (e com forte crescimento anual), colhendo por hectare mais do que o dobro que se colhe no Brasil. Brasil - Valor Bruto da Produção
O Valor Bruto da Produção de Mandioca recuou bastante entre 2005 e 2013, devendo alcançar R$ 5,9 bilhões em 2013, liderados pelo Norte e Nordeste. Notem a forte queda de receita ocorrida na BA, PB e RN, possivelmente indicando sérios problemas climáticos (caso da BA) e/ou que os Programas de compras diretas e de amparos à produção podem não estar funcionando adequadamente nestes Estados e em outros. Ao contrário, tanto no PR como em SP, onde há bons programas de incentivos a agro industrialização local (com forte demanda pelas fecularias e para outros usos industriais), as receitas ampliaram bastante no período. As elevadas receitas obtidas pelo PA impressionam, mesmo em redução.
Em 2013, de janeiro a abril, o Brasil já importou 5,2 mil t do equivalente em mandioca, a maior parte na forma de fécula e mais provinda do Paraguai.
No Brasil, apesar de a área de mandioca no Brasil ter aumentado 5,2% entre 2011 e 2012, a produção em igual período recuou 3,5%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pressão veio do decréscimo de 8,3% na produtividade. No Nordeste e no Norte brasileiro, a produção de mandioca diminuiu respectivos 10,9% e 3,5% entre 2011 e 2012.
Dentre os principais estados produtores, a produção da Bahia caiu 11,2%, a do Paraná, 1,8%, seguido pelo Mato Grosso do Sul, com queda de 1,6%. Em Santa Catarina, houve ligeira queda de 0,7%. Por outro lado, em São Paulo a produção deve teve expressiva alta de 23,8%.
A forte seca no Nordeste acarretou em perdas significativas nas lavouras de mandioca, influenciando a diminuição na produção de farinha na Bahia, Pernambuco e Alagoas, principalmente. Como resultado, demandantes daquela região passaram a se abastecer no Centro-Sul, intensificando a disputa por mandioca no Paraná, principalmente.
Além disso, as regiões produtoras de mandioca do Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo também apresentaram problemas por conta da estiagem, e em vários momentos os trabalhos de colheita foram dificultados no segundo semestre de 2012. A menor oferta de mão de obra para a colheita também elevou os custos de produção.
Neste cenário, a quantidade de mandioca processada na indústria de fécula, que já havia diminuído em 2011, caiu -4,7% em 2012, passando para 2,06 milhões de toneladas, conforme levantamento do Cepea/ESALQ-USP.
Para 2013, segundo o IBGE em maio/2013, a área colhida brasileira, infelizmente, pode ter nova forte queda de -5,3% ante 2012, reduzindo para 1,6 milhão de hectares, sobretudo, pela significativa redução ocorrida no Nordeste.
Já a produção, infelizmente, pode novamente recuar em 2013, caindo -2,0% ante 2012, para 22,9 milhões de t. e mesmo com certo incremento esperado para a Região Nordeste (melhores colheitas em CE, PI e RN).
A diferença entre as produtividades médias obtidas nos Estados variam em até 4 vezes. Os cultivos no Nordeste são bastante improdutivos por área, enquanto no Norte surpreendem positivamente e nem tanto devido ao clima mais chuvoso.