O percevejo-marrom, atualmente é a principal praga da fase reprodutiva da soja, que se alimenta, suga o grão e provoca má formação de grãos e vagens, além de comprometer a qualidade fisiológica das sementes, reduzindo o valor comercial do produto.
Outras espécies de percevejos também podem ocorrer na soja, entretanto, o percevejo-marrom é o mais abundante e frequente nas lavouras brasileiras. Além das vagens da soja, estes percevejos podem atacar, também, outras plantas como, por exemplo, o milho, o algodão e o girassol. Inclusive, após a colheita da soja, muitos desses insetos migram para o milho da segunda safra (safrinha). Entretanto, no milho o percevejo-marrom tem baixa capacidade de causar prejuízos pois nesta planta ele suga sua parte apical (folhas). De modo diferente, o percevejo barriga-verde suga a planta de milho, preferencialmente na sua parte mais basal (colmo) e com isso acaba matando a gema apical, o que pode levar à morte da planta ou comprometer seriamente seu desenvolvimento.
Na soja, os percevejos, além de se alimentarem das vagens, podem sugar também a seiva de ramos e hastes. Entretanto, neste caso os danos são inexpressivos, pois as plantas toleram o ataque nos ramos e hastes. Prejuízos apenas quando essa praga se alimenta das vagens. Por isso, esses insetos são pragas importantes na soja apenas no período reprodutivo; a partir do estádio de desenvolvimento fenológico R3 (aparecimento da primeira vagem) até final de R6 (vagem com grãos cheios). Dessa forma, os produtores devem ter cuidado com os exageros no uso dos inseticidas, que podem gerar gastos desnecessários e promover a seleção de percevejos resistentes aos princípios ativos utilizados.
Os percevejos devem ser controlados apenas a partir do estádio de desenvolvimento R3 até final de R6 e a população atingir ou ultrapassar 2 ou 1 percevejo por metro de linha de soja maiores que 0,5 cm (ninfas ou adultos) quando a lavoura for destinada para a produção de grãos, ou para de sementes, respectivamente. Percevejos menores de 0,5 cm (ninfas de 1º ou 2º instar) não conseguem danificar as vagens. Ataques às vagens nos estádios R7 ou R8 também não causam maiores danos devido ao menor teor de líquido nos grãos. Comprovado pela pesquisa, ataques anteriores ao surgimento das primeiras vagens não reduzem a produtividade e por isso não precisam ser controlados.
O controle de percevejos é muitas vezes difícil de ser realizado devido à presença de populações já resistentes aos inseticidas utilizados, o que se configura em sério problema no Brasil. Além disso, há poucas ferramentas de manejo além dos inseticidas. Entretanto, a partir de 2014 algumas novidades foram lançadas no mercado que deverão auxiliar e melhorar o manejo de percevejos de forma geral. Essas novidades são: 1) Registro no Ministério da Agricultura de cinco cultivares da Embrapa tolerantes ao ataque de percevejos (cultivares Block®) que apresentam menor perda de produção quando submetidas ao ataque intenso da praga, comparativamente às cultivares sem a tecnologia (para mais informações sobre a Tecnologia Block® consulte https://www.embrapa.br/en/soja/block); 2) Registro do primeiro bioproduto com um agente de controle biológico, o Telenomus podisi, para parasitismo dos ovos de percevejos e 3) Registro de inseticida (etiprole) com um modo de ação diferente dos existentes, o que irá aumentar as opções de rotação de inseticidas com modo de ação diferenciados, o que é fundamental para o manejo da resistência de percevejos aos inseticidas.
Essas tecnologias chegam ao mercado para ajudar o produtor no controle desta importante praga, porém devemos ficar alertas, monitorar a lavoura, utilizar boas práticas e fazer bom uso das ferramentas disponíveis para não comprometer o futuro da nossa sojicultura com a falta de opções para o controle desta praga.