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Energia e sustentabilidade


Decio Luiz Gazzoni
Em abril passado comentei, neste espaço, um projeto futurístico do Conselho Internacional de Ciências, denominado Future Earth, voltado para a indução de inovações científicas e tecnológicas com foco no desenvolvimento sustentável. O projeto começou a ganhar forma em uma reunião que realizamos no México e aumentou sua musculatura em outra reunião realizada no Rio de Janeiro. Hoje estou em Nairobi, Quênia, participando de uma reunião de caráter operacional, com o objetivo de elaborar uma agenda de ciência e tecnologia para a África, com fulcro na sustentabilidade das atividades econômicas. Particularmente, estarei diretamente envolvido com o segmento da geração de energia sustentável, tanto para abastecer o continente quanto para exportação.

A experiência setorial brasileira e latino-americana será importante para orientar um planejamento estratégico de médio e longo prazo, especialmente no tocante à agroenergia (bioetanol, biodiesel, biogás e bioeletricidade), além dos avanços ponderáveis que estamos obtendo em geração de energia eólica e solar, em nosso continente. Em especial na porção da África que se situa ao sul do deserto de Saara, existe um potencial de produção agropecuária que está longe de ser devidamente utilizado. A partir da bem sucedida experiência brasileira, e posta a similaridade de condições entre o Brasil e a parte sul da África, é possível elaborar um planejamento estratégico, de longo prazo, que, entre outros aspectos, contemple a produção de alimentos e fibras, conjuntamente com a produção de matéria prima para a indústria de biocombustíveis. Entretanto, ainda existem algumas demandas elementares a serem atendidas na África, como a melhoria dos fogões à lenha, ainda amplamente utilizados, e que são responsáveis por muitos acidentes e doenças respiratórias.
Os institutos e agências científicas e tecnológicas do continente africano poderão se beneficiar em larga escala dos avanços e dos sucessos obtidos em outros países, em condições similares. Dada a pobreza endêmica do continente, e as dificuldades de executar um projeto amplo na área de Ciência e Tecnologia, o aporte de experiências bem sucedidas alhures será de grande valia para a sociedade africana.

 
O autor é Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja.

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