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Duzentos anos da imigração alemã e o presente



Rui Alberto Wolfart

Há dois séculos, em 25 de julho de 1824, aportavam os primeiros imigrantes alemães em São Leopoldo, assim considerada por ter sido patrocinada pelo governo imperial. Os impactos dessa migração foram imensos, sendo que do ponto de vista meramente cartográfico o estado cresceu vinte vezes nos cem anos seguintes. Tal fato credita-se à imigração e à colonização. As duas levas desses alemães, que chegaram nesse ano, foram compostas por farmacêutico, médicos, ferreiros, carroceiros, ourives, marceneiros, comerciantes, coureiros, jardineiros e predominantemente agricultores. Tal fato demonstra o impulso que a economia gaúcha recebeu a partir de então. A principal crença religiosa dessas pessoas era o protestantismo sendo lastreada nos valores da educação, trabalho, cooperativismo e da vida em comunidade. A soma desses fatores que ajudaram a moldar as feições do Rio Grande do Sul, transbordaram na continuidade em seus efeitos sobre o território nacional, na agropecuária dos estados como Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás Tocantins, Maranhão e Piauí. Foi destacado pelo padre jesuíta Theodor Amstad em sua portentosa obra “Cem anos de germanidade no Rio Grande do Sul” publicada em 1924, que o espírito reinante à época era a da união de forças, “Viribus Unitis”. Amstad foi o fundador da Cooperativa de Crédito - SICREDI.

Em respeito a esses antepassados e, a todos riograndenses que tanto contribuem para o desenvolvimento nacional em função da recente tragédia no estado, que levou a uma imensa e emocionante onda de solidariedade de todos brasileiros, espera-se dos governos estadual e federal medidas eficazes mais céleres em apoio à sua reconstrução. “Viribus Unitis”!

Reitero, aos produtores e ao complexo agroindustrial a necessidade de medidas para cobrir perdas patrimoniais financeiras, destacando aos agropecuaristas uma modalidade de seguro renda das perdas de produção desse ano safra; alongamento por dez anos com carência de três anos de todos os financiamentos rurais contratados; linhas de financiamento para reconstrução da infraestrutura rural; concessão de empréstimos não vinculados à atual capacidade financeira desses agentes econômicos.

Agrava-se o quadro existente, com o anúncio do ressurgimento da doença aviária New Castle, no Rio Grande do Sul após ser debelada há dezoito anos, provocando uma nova e angustiante tragédia sanitária e econômica, que já levou à interrupção das exportações de carnes de aves. Os governos não tem mais tempo para procrastinações.

Mais do que nunca é necessário reforçar o papel do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento frente ao da Fazenda, nesse enfrentamento por recursos para que se faça justiça ao setor, que é a face moderna e não patrimonialista da economia nacional.

 

 

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