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Doenças do estabelecimento na cultura da soja


Instituto Phytus
A ocorrência de doenças durante a fase de estabelecimento da soja reduz o estande final de plantas por área e pode ter efeito negativo sobre a produtividade da cultura. Apesar de ser reconhecida por sua plasticidade, algumas cultivares de soja, especialmente as que possuem ciclo precoce e baixa capacidade de engalhamento, não toleram reduções no estande e geralmente apresentam queda na produtividade em tais condições. A emergência e o crescimento desuniforme de plantas não poderão ser corrigidos em operações futuras e certamente impactarão negativamente o desempenho da lavoura.
As sementes de soja, durante o processo de germinação, podem ser atacadas por fungos habitantes do solo e/ou veiculados via sementes. Estes podem causar o apodrecimento da semente, tombamento e morte de plântulas e resultar em emergência desuniforme e baixa população de plantas. Os principais gêneros de patógenos normalmente relacionados com doenças do estabelecimento em soja são Rhizoctonia, Fusarium, Pythium, Macrophomina, Phytophthora, Sclerotinia, Sclerotium e Phomopsis. Alguns fungos, como Aspergillus e Penicillium, são considerados patógenos de armazenamento e normalmente estão associados à deterioração da semente e baixo vigor de plântulas.
A maioria desses patógenos possui capacidade de sobreviver em restos culturais e forma estruturas de resistência no solo, tais como escleródios (Sclerotinia, Rhizoctonia), clamidósporos (Fusarium), oósporos (Pythium) e acabam perpetuando-se na lavoura. Além disso, a prática do plantio direto, que trouxe inúmeros benefícios para a agricultura brasileira, propicia a permanência de resíduos vegetais sobre o solo por maior período e estes acabam servindo como alimento para alguns patógenos.
Alguns fatores intensificam os danos causados e, de forma geral, qualquer situação que retarde o processo de germinação e emergência irá favorecer os patógenos, pois expõe as plântulas ao ataque em um momento em que possuem pouca ou nenhuma proteção. Excesso de profundidade na semeadura (> 3 cm), solo frio (< 20° C), encharcado e sementes de baixa qualidade sanitária e vigor são alguns dos principais fatores. O cultivo da soja em safrinha, que tem sido praticado por alguns produtores, contribui de forma expressiva para o aumento na densidade de inóculo de alguns desses patógenos no solo e representa uma ameaça para os cultivos subsequentes.
O manejo das doenças do estabelecimento deve agregar diversas práticas, como rotação de culturas, sementes de boa qualidade, tratamento das sementes, semeadura em condições ótimas, correto manejo da fertilidade do solo e aplicação de herbicidas, entre outros. Deve-se dar atenção especial para o tratamento de sementes e aplicação de herbicidas pré-emergentes, que se não realizados de forma correta podem causar fitotoxicidade, retardando o desenvolvimento inicial e favorecendo a ocorrência dessas doenças.


Figura 1. Estabelecimento da soja em sistema de plantio direto bem conduzido, mostrando plantas sadias e sem falhas na emergência.

Figura 2. Emergência desuniforme de soja devido ao plantio em condições de excesso de umidade em solo infestado por Rhizoctonia solani.
Nédio Rodrigo Tormen
Engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal de Santa Maria e mestre em fitopatologia pela Universidade de Brasília. Atualmente é doutorando em fitopatologia por essa Instituição e colaborador do Instituto Phytus na área de fitopatologia, com pesquisas concentradas nas culturas da soja, milho e algodão.

 

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