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Do limão à limonada


Pedro de Camargo Neto
A crise financeira internacional chegou num momento em que a suinocultura, em particular, e a agricultura, de maneira geral, estavam bem. Alta de preços internacionais, ausência de estoques, demanda forte nos países emergentes.

Felizmente, a turbulência não nos pegou no contrapé. Este ano se encerrará como um dos melhores para nosso setor, e prevemos para 2009 estabilidade de demanda, de oferta e de ajuste nos preços. A eventual recessão não será geral e deverá afetar mais onde menos vendemos.

O diferencial do Brasil é que é um dos mais importantes celeiros mundiais. Produzimos alimentos em grande quantidade e exportamos de forma diversificada. Ninguém deixará de comer, nem as dietas das populações mudarão de um dia para outro. Portanto, o setor de alimentos deverá ser menos afetado que os demais. Não se pode esquecer do efeito elasticidade.

Até mesmo no segmento de suínos as vendas, que sempre estiveram concentradas na Rússia, começam a se diversificar. Encaramos o futuro de forma promissora, pois há boas perspectivas de novos mercados

A crise produziu uma maxidesvalorização cambial. Essa é uma vantagem que sempre contribui para aumentar a competitividade agrícola. O agronegócio sofreu muito com a especulação financeira, que levou o câmbio ao patamar de quase 1,5 real por dólar. Fatalmente, os fluxos financeiros se alteraram. O Banco Central deve e precisa atuar agora reduzindo a flutuação. Mas, sem dúvida, em 2009 estaremos em novo patamar.

Outro diferencial do Brasil, neste momento de turbulência, é que temos um nível de reservas internacionais nunca antes atingido. O País tem como reagir à especulação. Além disso, possui um sistema bancário sanado, com focos isolados de problemas, mesmo que graves. A política monetária tem sido atuante e agora precisa incorporar a alteração da pressão inflacionária, reduzindo os juros.

O importante é o governo usar sua capacidade de ação, não imaginando ser possível nos isolarmos e minimizando os efeitos da crise no sentido da preservação de um mercado interno em crescimento.

Coube à agricultura fornecer alimentos ao consumidor interno sempre a preços abaixo das cotações do mercado internacional. A agricultura, uma das principais responsáveis pelo bom estado macroeconômico, pode continuar a ajudar. Parte do bom nível de reservas internacionais é resultado da balança comercial agrícola. E podemos prosseguir na rota dos bons saldos.
 
Nosso problema principal é que falta, hoje, crédito de curto prazo, capital de giro. O futuro, porém, é promissor, mas seria triste vê-lo se perdendo por falta de crédito imediato.

A agricultura está pronta para novamente apoiar o crescimento econômico!

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