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Desafios Produtivos, câmbios e oportunidades para a cadeia da carne bovina


José Luiz Martins Costa Kessler
Produtores, técnicos, indústrias e suas representações têm estabelecido uma ampla discussão sobre as conquistas e os desafios propostos ao processo de produção da carne bovina no Brasil. Neste período, a unanimidade se encontra no reconhecimento da vocação do país para produzir proteína animal com equilíbrio ambiental e segurança alimentar e dos grandes desafios a serem superados para manter o crescimento e a liderança no mercado mundial. Constata-se que nos últimos anos a implantação do Sisbov e a erradicação da febre aftosa foram apontadas como as grandes prioridades.
Certamente que a implantação de um rigoroso sistema de vigilância sanitária, prevenção e erradicação de moléstias é prioridade consensual, não se encontra nenhuma manifestação destoante em qualquer esfera de representação, sejam elas públicas ou privadas.
Já com relação a um programa nacional de rastreabilidade ainda não encontramos uma maneira de mobilizar e conquistar unanimidade. Ao contrário, as propostas implantadas Sisbov I e Sisbov II mostraram-se precipitadas, inadequadas e inatingíveis.
Estabeleceu-se uma total confusão entre propósitos e objetivos de forma que, em vez de construírem-se conceitos de certificação de processos e implantação de sistemas de qualidade, disseminou-se a idéia da brincagem de bois, da burocracia dos documentos de identificação animal e da idéia que para poder exportar todo o rebanho brasileiro deveria estar controlado por brinco individual.
Nas discussões apresentadas surgiram elementos suficientes para verificar que nosso sistema de certificação não está pronto e ainda necessitar de muitos ajustes para que a norma operacional estabeleça o que se propõe, ou seja, identificar a origem do produto que chega ao consumidor.
Particularmente entendo que a nossa pauta de prioridades não se esgota nestes dois temas. Penso que nosso planejamento deva incluir uma ação estratégica para a fase da cria de forma que se ofereça rentabilidade a esta etapa primordial do processo, priorize programas de formação e qualificação da mão-de-obra rural e estabeleça um programa nacional de tipificação de carcaças com vistas a premiar a qualidade da carne independente de seu destino.
Para que estas ações possam ser executadas com brevidade será necessário haver um grande aumento na disponibilidade de recursos para investimentos tanto no setor público como no privado. Sem o aporte de crédito não conseguiremos modernizar com a premência necessária um processo que exige no mínimo três anos para obtenção de uma unidade do produto.
Não é possível imaginar-se que sem dinheiro para investir, os milhares de produtores de bovinos no Brasil, possam renovar suas pastagens, modernizar suas instalações, capacitar seus colaboradores, melhorar sua genética e que, indústrias responsáveis por grande parte do abastecimento interno, possam credenciar-se para oferecer credibilidade aos fornecedores, qualidade técnica e condições para competir no mercado.
Em um cenário que aponta tantas incertezas para o este ano, é mister que as lideranças do setor se mobilizem para garantir uma agenda de ações rápidas com visão de longo prazo a fim de assegurar nossa liderança na produção e na comercialização da carne bovina com segurança, qualidade e crescimento sustentável.
O momento é oportuno.

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