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Conversa para “Friboi” dormir


Opinião Livre
por Tarso Francisco Pires Teixeira
Diz o ditado que a propaganda é a alma do negócio. Mas para ser eficaz, a publicidade de um produto ou serviço jamais pode investir na desinformação do grande público, sob pena de vender um engodo ao consumidor. Phillip Kotler, considerado o “papa” do marketing, diz que a maior ferramenta da propaganda é a verdade. É por isso que em boa hora a presidente da Confederação Nacional da Agricultura, senadora Kátia Abreu, usou a tribuna do Senado para protestar contra a campanha de mídia que a JBS Friboi tem feito em todo País. Quase todos já viram as cenas em que Tony Ramos entra em supermercados e fala das grandezas da “carne Friboi”, com seus trabalhadores uniformizados, regras rígidas de higiene e o Selo de Inspeção Federal. Pena que a propaganda omita ao consumidor a informação de que estas características, vendidas como diferencial competitivo, são regras básicas para o funcionamento de todos os mais de 209 frigoríficos brasileiros.

Este marketing agressivo (e pouco transparente) coincide com o crescente monopólio da companhia na indústria de carnes, adquirindo frigoríficos menores Brasil afora, tudo regado com dinheiro público, a financiamentos camaradas do Bndes, que ao invés de fomentar projetos de desenvolvimento nacional, atua para capitalizar barões da indústria, a juros que não são encontrados no mercado. Com esta mãozinha amiga do governo, a empresa engole a concorrência, regulando praticamente sozinha o preço pago aos produtores. No entanto, o Cade (Conselho de Defesa Econômica) nada faz, mais preocupado em transformar a Siemens em munição política contra a oposição.
A carne brasileira, especialmente a gaúcha, formada basicamente por raças britânicas, é uma das mais competitivas e de maior qualidade em todo o planeta. Alimentando seu gado apenas com pasto, sem ração animal e sem riscos de “vaca louca”, nosso pecuarista destina 70% da produção ao mercado interno e, mesmo exportando apenas 30%, transformou o Brasil no maior exportador de proteína animal do planeta. A qualidade gaúcha já merecia ações de marketing coerentes, como um Selo de Origem e Qualidade. No entanto, esta competitividade será afetada se este monopólio se consolidar. Isso é fato, o resto é conversa para “Friboi” dormir. Em tempos de protestos, diria que o Tony Ramos não me representa.

Presidente do Sindicato Rural de São Gabriel e vice-presidente da Farsul
Artigo originalmente publicado no Jornal do Comércio, em 23.08.2013

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