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Como os eventos recentes influenciam no seguro agrícola?



Henrique Tresca

Podemos observar um claro aumento na intensidade e frequência de eventos climáticos adversos em diferentes lugares do mundo. As recentes geadas e secas que atingiram fortemente a agricultura no Brasil, assim como no México, são bons exemplos da ocorrência destes eventos na região Latino-americana. Como consequência, o mercado de seguro agrícola também sofre lado a lado com o campo.

Infelizmente, não podemos controlar o clima completamente e muitas culturas são extremamente dependentes de um padrão climático, em termos gerais, de chuva, temperatura e luminosidade. Quando estas condições ideais não acontecem, sua produtividade fica abaixo do potencial e, dependendo da intensidade, pode até comprometer completamente a produção da cultura. Uma planta morta não produz.

Se considerarmos as seguradoras como socias dos produtores rurais, dado que elas se responsabilizam por parte do risco, elas também podem sofrer grandes impactos negativos. Apenas um único evento pode gerar quase o fechamento de uma companhia de seguros pelo tamanho do prejuízo financeiro que pode ocorrer em casos extremos.

Como parte do seu controle de exposição e gestão de riscos, as seguradoras buscam uma dispersão geográfica em sua carteira de seguros agrícolas com o objetivo de reduzir um possível forte impacto financeiro, causado por estes eventos climáticos adversos. Apesar desta diversificação, não existe maneira de impedir a ocorrência de uma grande seca ou geada em uma macrorregião, acontecimento que pode afetar muito a carteira.

Uma vez que o montante de sinistros seja representativo, o mercado pode reagir de diferentes maneiras a fim de prevenir novas perdas. Uma primeira medida, muito comum, é o aumento de taxas causado pelo incremento da sinistralidade histórica.  Em segundo lugar, a redução dos níveis de cobertura também pode ser uma alternativa, além dos ajustes em limites e importâncias seguradas.

Por outro lado, existem ações mais agressivas e de forte influência na gestão de riscos no campo, como por exemplo, o caso de deixar de comercializar seguros agrícolas em uma região específica, redesenho de produtos, tirar certas culturas da carteira e até fechar uma linha de negócio, deixando os produtores sem cobertura.

De maneira geral, todo evento gera algum tipo de impacto, mas os eventos  mais recentes que apresentaram uma grande severidade, podem gerar efeitos imediatos para o seguro agrícola. À medida que o mercado adquire mais experiencia com estes prejuízos e com o apoio de novas tecnologias, a adaptabilidade dos seguros aumenta. No entanto, tudo tem um limite aceitável e um custo envolvido.

 

Henrique Tresca*

*Fundador do Portal Seguro Rural (www.portalsegurorural.com.br ).

Atua no ramo de seguro e resseguro para o agronegócio.

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