
Os frigoríficos selecionam e tipificam carcaças a fim de otimizar a produção e agilizar a logística industrial.
É cada vez maior a presença de técnicas e conceitos modernos em toda a cadeia da carne. Na indústria, a preocupação é com o gerenciamento empresarial. Os frigoríficos buscam, atualmente, melhorar e otimizar a produção. Nesse sentido, torna-se fundamental realizar a tipificação de carcaças. O processo consiste, basicamente, em separar as carcaças de acordo com especificações de diversos mercados consumidores, principalmente quanto ao peso, conformação, acabamento, idade e sexo do animal abatido.
O sistema nacional de tipificação tem como objetivo estimular o aumento da produtividade do rebanho do país. Um bom exemplo é o programa novilho precoce, onde a preocupação é maior com a produtividade do que com a qualidade do produto. Geralmente a carne do novilho precoce é melhor. Mas tecnicamente não dá para garantir isso. A pecuária nacional tradicionalmente tem trabalhado somente ganho de peso e eficiência.
Hoje, porém, o tecnificado e moderno sistema de produção de carne busca – porque se exige - a boa composição de tamanho, peso e cobertura de gordura. Em países mais desenvolvidos, como a Austrália, por exemplo, a produção é ajustada de acordo com o mercado almejado. Aí é que entra em foco a tipificação de carcaças.
Padronização – Para o mercado nacional atingir os mesmos patamares de produtividade e qualidade dos países mais desenvolvidos, os pecuaristas devem fornecer às indústrias animais com carcaças padronizadas. A homogeinização da produção é muito valorizada pelos frigoríficos. Os lotes devem conter animais com características homogêneas de desempenho.
A dificuldade em encontrar padrão atrapalha a produção industrial, dificultando a formação de clientela fiel, de bons clientes, e abertura de novos mercados, como o internacional, por exemplo. Neste o preço dos cortes variam conforme especificações definidas na composição do peso (tamanho, peso e cobertura de gordura). O animal que não estiver enquadrado está fora desse mercado.
Mas a penetração da carne nacional nos grandes mercados do mundo esbarra, ainda, em barreiras sanitárias protecionistas, como é hoje o caso da aftosa.
Depois da erradicação da aftosa, o mercado nacional sinaliza um próximo obstáculo : a rastreabilidade. É crescente a preocupação dos consumidores com a segurança alimentar.
Outra vantagem para os pecuaristas produzirem animais com carcaças padronizadas é a liquidez comercial. O lote de carne padronizada é de fácil comercialização porque conta com a preferência dos frigoríficos, pois melhora a otimização da produção e agiliza a logística industrial. Contudo, no Brasil, ainda hoje, onde há oportunidade de se deparar com tecnologias avançadas (fecundação in vitro, transferência de embriões, inseminação artificial), não é raro encontrar grandes pecuaristas vacinando o gado em regiões nobres da carcaça, como sobre a anca (alcatra e picanha) e linha, dorso e lombar (contra filé)".
Os pecuaristas, então, devem estar conscientes de que a unidade de produção é
a carne com qualidade, e não o novilho. Isso implica, além da composição de peso, em manejo sanitário (aplicação de medicamentos em locais adequados),
qualidade de transporte e conforto do animal. Para alcançar bons indices produtividade deve-se proporcionar o maior conforto possível ao animal, respeitando o seu comportamento, para que ele se alimente bem e não fique doente.
Nelore for export
Os resultados dos oito julgamentos de carcaças, promovidos de 1999 a maio de 2001 pela Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB), provam que a raça nelore produz animais de carcaça de padronizada for export. Nesse período, a ACNB avaliou, julgou e classificou a qualidade de carcaça de mais de 6 mil animais. Foram sete julgamentos até maio passado.
No sexto, entre 17 e 19 de abril, no Frigorífico Friboi, em Goiânia, GO, foram abatidas 920 cabeças, de 12 lotes, dos quais 92,4% de Nelore, ou seja, 850 animais da raça.
O VII Julgamento, no Marfrig, em Bataguassu, MS, entre 13 e 15 de maio passado, avaliou nove diferentes lotes com 322 cabeças e 93,78% de classificação.
Agora, nos dias 12, 13 e 14 de agosto, no Frigo Estrela, em Estrela d`Oeste, SP, será realizado o 8º Julgamento de Carcaças do Programa Nelore Natural – 924 animais, 80% da raça nelore.
Os novilhos abatidos, de fazendas sediadas em São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Goiás e Mato Grosso do Sul, apresentam desempenho muito semelhante, padronizado.
No quesito idade, os resultados dos dois últimos julgamentos indicam que 85,41% dos animais, em Goiânia, e 80,13%, dos de Bataguassu, estavam dentro do padrão do Programa Nelore Natural (PNN). De zero a 6 dentes. Quanto ao acabamento de gordura, 99,65% das carcaças de Goiânia e 91,72% de Bataguassu foram também consideradas adequadas : entre 2 e 8 mm de gordura distribuída uniformemente.
Em Goiânia, 74,23% apresentaram peso adequado; em Bataguassu, 64,90%. O PNN estabelece peso médio de 260 kg (17@) e baixo desvio padrão.
A tipificação é favorecida por características como a da rusticidade e longevidade reprodutiva dos machos e fêmeas de raça nelore.
Outro ponto relevante é o frame do nelore, raça de porte médio cujos novilhos castrados, ao atingirem o peso comercial, entre 480 Kg e 510 Kg, apresentam composição de peso desejada.