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Vem ai etanol de biomassa, inclusive de eucalipto em áreas menos chuvosas


Climaco Cezar de Souza
Um excelente negócio começa a tomar forma no Brasil, que é a produção de etanol celulósico a partir de biomassa, inclusive de eucalipto. Este novo etanol de biomassa pode também ser produzido com palhas de arroz, bagaço mais palha de cana, sorgo, gramíneas cultivadas etc., mas penso que o potencial será maior a partir de eucalipto. Embora a produção de eucalipto seja mais demorada do que outras culturas (5 a 7 anos, mesmo quando clonado e hidrogelizado), a alta produção total por hectare (escala), o bem menor valor a investir (custo da terra muito menor) e os custos anuais bem menores etc.  tendem a superar, aos poucos, outras culturas para biomassa (todos grandes consumidores de fertilizantes e de outros insumos caros importados, com a oferta interna concentrada em poucas empresas e muito sujeitas à variação cambial). Além disso, o eucalipto também não compete com a produção de alimentos e pode ser cultivado até em terras declivosas, bem mais baratas e até com um pouco menos de chuva. 
Considera-se que no Brasil possa produzir entre 30% a 40% a mais de etanol por ano a partir destas novas tecnologias da biomassa, oriundas de várias plantas não-comestíveis e, melhor, de restos culturais. Mais uma vez, o Brasil vai surpreender e assustar o mundo (incluindo o setor de petróleo do pré-sal e o de gás de xisto), com uma alta produção de combustível renovável em possíveis muitos lugares pobres, todos contra a elevada e crescente poluição mundial. 
No Brasil, pelo menos três novas usinas de processamento de etanol celulósico devem entrar em operação entre 2014 e 2015. Juntas, elas irão produzir cerca de 160 milhões de litros por ano, o que exigiu investimentos conjuntos de cerca de R$ 800 milhões (US$ 366 milhões pelo câmbio atual). 
No Estado de Alagoas, o Grupo Granbio constrói uma planta para processar 82,0 milhões de litros de etanol/ano, a partir de bagaço de cana e de palha (investimento estimado de US$ 160,0 milhões). Sendo que o BNDES tem 15% do projeto, segundo informes. 
Em São Paulo, o Grupo Raízen (fusão da Shell + Cosan), em parceria com a Usina Costa Pinto, está construindo uma usina de biomassa em Piracicaba por US$ 106,0 milhões para produzir 40 milhões de litros/ano, também a partir do bagaço e da palha da cana. 
Além disso, a PETROBRAS Biocombustíveis, em parceria com a Nova Fronteira Bioenergia, implanta, furtivamente, uma fábrica de etanol de biomassa em Boa Vista (GO), também a partir do bagaço de cana e de palha. 
No Estado do Paraná (Araucária) a multinacional Novozymes implanta, sigilosamente, uma grande unidade de etanol de biomassa, provavelmente em parceria com a italiana Beta Renewables Biochemtex (pertencente em parte ao fundo americano TPG - Texas Pacific Group mais ao Grupo italiano Mossi Ghisolfi), lembrando que a Beta já produz etanol a partir de sorgo e de trigo, comestíveis, na Itália. De acordo com o CEO da Novozymes Brasil, o etanol celulósico já é mais competitivo do que o convencional. Ele disse que, após a dedução do investimento inicial, enquanto o custo de produção de um litro de etanol convencional, em média, estava entre R$ 1,00 a R$ 1,10/litro (cerca de US$ 0.50/litro) em São Paulo, o etanol celulósico custava cerca de cerca de R$ 0,90 por litro (US$ 0,41/litro). 
No caso do etanol de eucalipto, se a toda a madeira for serrada e vendida para a indústria de mobiliário doméstico ou para exportações na forma de briquetes (para aquecimento) ainda sobrariam até 15 toneladas de galhos, folhas e casca por hectare/ciclo, tudo conversível em etanol. Tal combustível a partir de eucalipto já está em produção experimental, altamente sigilosa, em várias plantas piloto em todo o Brasil (certamente em busca das melhores enzimas e dos cultivares mais rápidos e menos exigentes em solos e em chuvas). A gigante Suzano Celulose já fabrica o "plástico verde" de eucalipto e pretende começar a produção experimental de eucalipto para etanol em parceria com três multinacionais para, necessariamente, reduzirem ainda mais os custos atuais locais. 
Tais novas técnicas do etanol a partir de eucalipto muito irão viabilizar cultivos em terras pobres, declivosas (até mais de 20%) e com menos chuvas (média acima de 800 mm/ano, sendo que no semi-árido brasileiro chove o mínimo de 550 mm/ano, ante até 2.850 mm na Amazônia - vide link ao final por região), mesmo que demorando um pouco mais (01 a 2 anos) do que o eucalipto para celulose (lembrando que o dito popular de que eucalipto seca o solo já foi provado por diversas universidades e pesquisadores que não passa de um “mito”, inclusive para desvalorizar as terras em que o vizinho plantou eucalipto). Em todo o Brasil há milhões de hectares disponíveis desta forma, tanto para plantios de forma individualizada (“plantations”), como para integração floresta-pecuária que vem dando muito certo no Brasil, inclusive com muitos incentivos. Por outro lado, comparativamente, o eucalipto para celulose branqueada exige chuvas anuais mínimas de 1.300 mm, o que muito limita os locais para cultivos, inclusive quanto a sua logística. 
 Também, é bom lembrar que, modernamente, para serem realmente lucrativas, e para todos, (tanto para as agroindústrias, como para os produtores rurais), as atividade rurais no Brasil precisam ser implementadas no máximo a 300 km de uma unidade processadora de alimentos/madeiras, de um “packing house” moderno inclusive com câmaras frias/freezer ou de uma estação de armazenagem de alguma trading. Também, até estas distâncias o transporte interno por caminhão fica muito mais acessível, confiável e de qualidade, até pela boa oferta local. Acima desta distância, não há como competir em custos e efetividades com ferrovias e hidrovias, se modernas e funcionais, a não ser que o transporte seja de produtos com alto valor agregado e/ou emergenciais. 
Fica ai a boa dica negocial do plantio de eucalipto, para madeira e/ou para etanol, para investidores, agroindústrias florestais e, sobretudo, para pequenos e médios agricultores – alguns hoje desanimados/descrentes com o Brasil - com terras mais baratas, ociosas e que chovem um pouco menos. Aos poderes públicos e entidades cabem a missão de atraírem, profissionalmente, tais empresas processadoras para suas regiões, lembrando que a maioria cultiva suas florestas sob o sistema de fomento, em que os agricultores somente entram com as terras e com os cuidados ambientais. 
CERTAMENTE, A RENDA, O EMPREGO E O DESENVOLVIMENTO TAMBÉM VIRÃO, AOS POUCOS, PARA ESTAS REGIÕES MAIS CARENTES E AINDA COM MENOS OPÇÕES DE CULTIVOS/ATIVIDADES AGROPECUÁRIAS/FLORESTAIS ADAPTADAS E REALMENTE LUCRATIVAS. 
Prof. Climaco Cezar
AGROVISION - Brasilia
10/07/2014
Vide mais em português: 
http://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2013/07/novo-etanol-entra-no-mercado-ate-marco-de-2014-dizem-pesquisadores.html
http://www.intertox.com.br/index.php/meio-ambiente-em-manchete/485-etanol-de-segunda-geracao 

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