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Vale dos vinhedos: profissionalismo e planejamento sem crise.


Richard Jakubaszko
Dá orgulho e satisfação de ser brasileiro ao visitar o Vale dos Vinhedos na região da serra gaúcha, que produz 90% dos vinhos do Brasil. Estivemos em visita a Fenavinho em fevereiro último, junto a um grupo de jornalistas brasileiros e estrangeiros, convidados pelo Ibravin – Instituto Brasileiro do Vinho, apoiados pela APEX – Agência Brasileira de Promoção de Exportações.
A cadeia da vitivinicultura, que inclui a parceria da Aprovale - Associação dos Produtores do Vale dos Vinhedos vai cumprindo seu roteiro e planejamento para conquistar consumidores com vinhos, espumantes e sucos de alta qualidade, que tem recebido o merecido reconhecimento internacional, inclusive da Europa, e que apresenta números expressivos na exportação de produtos com alto valor agregado, além da conquista dos consumidores no mercado interno.
Desde os anos 80 o Vale dos Vinhedos se prepara e planeja o futuro: no plantio de parreirais selecionados – apoiados pela Embrapa Uva e Vinho – ao lado de vinhedos tradicionais de alta qualidade que já existiam na região, alguns já centenários (a parreira produz por 130 anos, consecutivamente).
A mudança se processa no sistema de vinhedos em latada para o de espaldeira, inegavelmente responsável por melhores frutos. Varietais como chardonnay, cabernet sauvignon, merlot, pinot noir e outras do Vale dos Vinhedos tiveram reconhecida sua alta qualidade e diferenciação em relação a outras regiões e receberam a IG – Identificação Geográfica de Vale dos Vinhedos, ou, Indicação de Origem.
Os vinhos, espumantes e sucos produzidos na região (veja o mapa), recebem um selo numerado, a garantia de origem, o que gera valor agregado ao produto final. Com isso as vinícolas da região não apenas podem produzir produtos de alta qualidade, mas remunerar melhor a matéria prima utilizada, uvas fornecidas pelos vitivinicultores da região. É uma corrente onde não existem elos fracos, pois todos os elos são importantes e vitais para a existência da corrente positiva.
O que se vê e percebe na região é a circulação de riquezas, gente civilizada, locais sofisticados como lojas, restaurantes, hotéis e empresas. Ausência de miséria, limpeza nas cidades e vilas, até mesmo favelas (pois existem, sim), mas com antenas parabólicas às centenas fincadas nos tetos das casas, morro acima e morro abaixo, pois a topografia da região é assim, e carros estacionados nas portas das casas de madeira, típicas da colonização italiana. Aliás, não são favelas, são bairros de classe média emergente. É a riqueza que circula generosa, sem crises. Por lá ninguém dá tiro no próprio pé.
União entre produtores rurais, cooperativas e vinícolas, esse foi o primeiro passo para conquistar os objetivos planejados. A busca da qualidade foi o ponto de partida do grupo, seja na produção de uva seja na industrialização da matéria prima.
Para tanto se contrataram especialistas de renome internacional para consultoria, principalmente enólogos, o que gerou uma safra de enólogos nacionais de respeitada qualidade e alto profissionalismo, que acaba de regulamentar a profissão no Brasil.
Simples assim, e daqui para frente é apenas administrar o elevado padrão de qualidade já conquistado, com a cumplicidade e parceria de todos zelando pelos níveis já atingidos.
Com a ajuda de um bom marketing as vinícolas da região fazem a fama, entre elas a Vinícola Aurora, Salton, Casa Valduga, Angheben, Amadeu, Vallontano, e muitas outras, quase uma centena delas, nos vinhos finos, nos espumantes e sucos, com inegável competência.
Tão bom que dá orgulho de ser brasileiro. É um exemplo a ser conhecido, estudado e repetido por outras regiões brasileiras de produção agrícola. É uma fórmula que sempre dá certo.

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