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Ciclos que trazem riqueza ao produtor


Altamiro Alvernaz

Já falei sobre o ciclo da rizofagia, um processo que acontece com as plantas para extrair nutrientes de microrganismos simbióticos, e seu artigo publicado na revista científica Microrganisms liderada pelo cientista Dr. James F. White e por uma equipe da Rutgers University (New Jersey/USA). O que não falei foi sobre a importância de entender esse e outros ciclos ou manejos que estão intimamente relacionados com riqueza para o produtor.

Muito rapidamente, o ciclo da rizofagia diz que as plantas cultivam microrganismos em volta de suas raízes. Esses microrganismos adentram à planta pelas raízes. Ao adentrarem elas conversam com a planta, aumentando suas raízes secundárias e ao saírem e voltarem para o solo elas levam consigo as informações dos nutrientes que a planta precisa para crescer. Repassam isso a outros microrganismos do solo que buscam nesse solo os nutrientes para as plantas. Esse ciclo se repete várias vezes. Os cientistas responsáveis pela descoberta do ciclo da rizofagia dizem que “entender como esse processo funciona nos permite cultivar plantas sem fertilizantes ou com um mínimo de fertilizantes e sem herbicidas”.

A rotação de culturas é um método para se trazer vida ao solo através da diversidade microbiológica. Essa diversidade microbiológica proporciona que o ciclo da rizofagia aconteça no seu esplendor. Quando colocamos diferentes culturas em um espaço, integramos com a pecuária, ou ainda com floresta, estamos, na verdade, aumentando a diversidade microbiológica no solo. Esse é o objetivo final. E isso é o que traz vida ao solo. Mais vida, mais saúde. Mais saúde, mais produtividade.

Em meado dos anos 90 a região de Chapadão do Sul, no Mato Grosso do Sul, sofreu com uma epidemia de nematoide de cisto. Esse nematoide, segundo os especialistas da época, virou uma praga em função da monocultura de soja constante naquela região. Os produtores da época, preocupados com aquela situação da lavoura de soja que estava comprometida e acabando com a agricultura, dizimando a maior parte das lavouras, foram até a Embrapa de Dourados/MS buscar ajuda. A orientação da Embrapa foi mudar o manejo com a rotação de culturas incluindo milho, pastagem e algodão. Então criou-se um vasto programa baseado nas tecnologias que a Embrapa possuía e o problema do nematoide de cisto foi resolvido. E hoje a região é um importante polo agrícola do estado do Mato Grosso do Sul. Inclusive, desse episódio nasceu a conceituada Fundação Chapadão.

Se vocês analisarem comigo, o manejo utilizado para salvar as lavouras daquela região foi a introdução de culturas diferentes. O uso de culturas diferentes tem um único intuito: a diversidade microbiológica no solo. Foi realizada uma regeneração daquele solo através da introdução de culturas diferentes. Cada planta traz para a sua raiz os microrganismos de seu interesse. E isso constrói a diversidade microbiológica daquele solo.

Isso mostra a importância de termos uma diversidade microbiológica no solo. Temos totais condições de gerar mais riqueza para os produtores e para o país se olharmos para esse importante aspecto e que até hoje foi ignorado. Basta equilibrarmos o ambiente produtivo, nesse caso o solo, e proporcionar que as plantas cultivem ao redor de suas raízes os microrganismos de seu interesse. Isso desencadeará sucessivas interações que, em última instância, mudarão sua produtividade.

Solo fértil é diferente de solo saudável. Já parou para pensar nisso?

Fiquem com Deus e até o mês de setembro!

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