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Vai e vem das commodities agrícolas



Adelson Gasparin
O mês de outubro tem sido de muitas incertezas no mercado mundial da soja. Após as cotações caírem cerca de 10% em setembro na Bolsa de Chicago, impulsionadas pelo início da colheita norte-americana, as operações estão se mantendo estáveis entre US$ 12,65 e US$ 13,09 por bushel até o momento. O impasse fiscal no congresso dos Estados Unidos durante a primeira quinzena do mês foi um dos principais entraves ao mercado pelo fato de paralisar as atividades dos principais órgãos públicos, em especial o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), mais importante divulgador de relatórios de grãos no mundo.
Outro ponto que gera dúvida aos agentes é o clima. O principal vilão da safra norte-americana nesta temporada ainda assombra os produtores que estão próximos à colheita no país. Conforme a divulgação do relatório de Acompanhamento de Safra pelo USDA na segunda-feira (21), 37% da safra ainda está no campo, suscetíveis ao frio que começa predominar a partir de agora e, com ele, a possível formação de geadas e até mesmo a neve poderá vir prejudicar a produção. Contudo, a expectativa é de que a produção norte-americana seja revista para cima no início de novembro, após o órgão também ter revisado para 57% o quadro de áreas em boas e excelentes condições. No penúltimo relatório este percentual era 53%.
Já no mercado internacional de milho desde o início do mês as cotações seguem laterais em Chicago. Operando no mesmo caminho da soja em setembro, a cotação do cereal recuou 11% e segue estagnada ao redor de US$ 4,40 por bushel. A situação do cereal é mais preocupante por lá já que somente 39% das lavouras estavam colhidas até o último dia 20. Conforme o USDA a mesma época da temporada passada registrava 85% já colhidos. Porém, é preciso computar que as situações são diferentes. Em 2012 o plantio aconteceu dentro da época certa e a forte seca acelerou o ciclo da cultura. Nesta safra o plantio esteve atrasado em quase 30 dias. Mesmo assim, a expectativa é que agora a colheita deverá avançar a passos largos mesmo havendo certa preocupação do clima.
No Brasil as negociações também estão mais lentas. O plantio da 1ª safra já avança rapidamente no país e os estoques da safra passada ainda são grandes. Diferentemente da última temporada, onde o país exportou mais de 20 milhões de toneladas, as cotações estão arrefecidas por conta do quadro de estoques de passagem mundiais estar maior. Tanto que as cotações em setembro de 2012, com a quebra de safra norte-americana, chegaram a ser o dobro das cotações atuais registradas em Chicago. Então são basicamente dois fatores que seguem pressionando as cotações do grão brasileiro: mercado internacional pagando preços menores e indústrias domésticas muito bem abastecidas e aproveitando o "conforto" de suprimento atual.
Quanto ao trigo, o momento é muito favorável aos vendedores. Com um quadro de preços internacionais relativamente elevados, os preços no mercado interno também ganharam suporte, já que o país precisará importar mais de 7 milhões de toneladas este ano. Porém, a expectativa dos agentes é que no pico da colheita que acontecerá nos próximos 20 a 30 dias, as cotações possam arrefecer um pouco por conta da tradicional pressão de safra. Mas durante o restante da temporada, a cobrança da TEC - Tarifa Externa Comum (que poderá ser isentada pelo governo nas importações extra Mercosul) e a oscilação do câmbio devem ditar os preços do grão no mercado interno Brasileiro.
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