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Uso do Feno de Desmodium ovalifolium na Alimentação Animal


Newton de Lucena Costa
A atividade pecuária em Rondônia é realizada, em quase sua totalidade, sob regime de pastagem, contando com períodos de abundância e escassez de alimentos, fato diretamente relacionado com as estações chuvosa (outubro a maio) e seca (junho a setembro). Ademais, o potencial nutritivo das pastagens, aumenta significativamente no período chuvoso e diminui durante a estação seca, implicando num precário desempenho animal. Desta forma, é necessária a busca de alternativas que viabilizem a melhoria dos sistemas pecuários durante o verão da região. Dentre as alternativas para melhoria da produtividade dos rebanhos no período de estiagem, apresenta-se o cultivo de plantas forrageiras de reconhecido valor nutritivo, cuja produção excedente pode ser armazenada a fim de ser utilizada na estação seca. O feno e a silagem são as formas mais promissoras para armazenamento, pois mantêm a composição químico-bromatológica próxima daquela apresentada pelas plantas que as originaram.

 
De origem asiática, o desmódio (Desmodium ovalifolium) é uma leguminosa que apresenta boa persistência em solos ácidos trópicos úmidos, tendo sido utilizada como cobertura de solo em cultivos perenes. Na pecuária, apesar de apresentar elevados teores de tanino, pode ser utilizada na forma de banco de proteína e em consorciação com gramíneas. Com digestibilidade de aproximadamente 50%, o desmódio produz forragem de boa qualidade, cujo rendimento de matéria seca varia 6 a 23 t/ha nos períodos seco e chuvoso, respectivamente. Os teores de proteína bruta (15%), fósforo (0,19%), cálcio (0,61%) desta forrageira atendem as exigências nutricionais requeridas por ruminantes sob regime de pastejo. Diante do exposto, foi conduzido um experimento com o objetivo de avaliar o efeito da suplementação do feno de desmódio sobre o ganho de peso de ovelhas deslanadas.
 
O trabalho foi conduzido entre os meses de agosto e setembro, no Campo Experimental da Embrapa Rondônia, localizado no município de Porto Velho. Foram utilizadas 20 ovelhas deslanadas da raça Santa Inês com peso vivo médio inicial de 27,34 kg. Os animais foram mantidos durante o dia em pastagem de braquiaria (
Brachaiaria brizantha) e, á noite, permaneciam em baias coletivas onde recebiam feno de desmódio de acordo com os tratamentos (T1 = sem suplementação; T2 = 80 g de feno de desmódio/animal/dia; T3 = 160 g de feno desmódio/animal/dia e T4 = 240 g de feno de desmódio/animal/dia). Os dados obtidos, após 35 dias de experimento, foram: o consumo médio diário do feno por animal para os tratamentos T2 (44,11g), T3 (98,97 g) e T4 (135,88) representaram, respectivamente, 55,13; 61,48 e 56,61% do fornecido; os animais que receberam feno ganharam significativamente mais peso (T2 = 1.460, T3 = 1.720 e T4 = 2.400 gramas) do que aqueles mantidos apenas em pastagem (T1 = 112 g); os ganhos de peso por animal dia também foram significativamente superiores para os animais que receberam suplementação de desmódio (T2 = 49,32; T3 = 41,71 e 68,56 g), contra 3,23 g dos não receberam.
 
Os resultados obtidos constatam a viabilidade técnica da utilização do feno de desmódio na alimentação de ovinos deslanados em Rondônia, com ganhos de peso diário superiores a 60 g/animal/dia.
 
 
João Avelar Magalhães (Embrapa Meio-Norte), Newton de Lucena Costa (Embrapa Roraima), Claudio Ramalho Townsend (Embrapa Clima Temperado) e Ricardo Gomes de Araújo Pereira (Embrapa Rondônia)

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