
É inexplicável e inadmissível o estado de entorpecimento pelo qual a sociedade brasileira está mergulhada mesmo estando frente a uma realidade que mais parece uma obra de ficção. A cada dia um novo capítulo, uma nova história, um novo escândalo. E como a grande maioria desses esquemas e denúncias termina em nada, a impunidade aniquila as forças dos cidadãos de bem. E vamos perdendo a capacidade de indignação, o entusiasmo de lutarmos pelo certo, pelo que acreditamos ser o melhor para o país.
E essa triste realidade policialesca se transformou em uma cortina de fumaça, que esconde um país polarizado: de um lado, os grandes conglomerados, que não precisam de muita ajuda e que mesmo assim estão se dando muito bem, e os pobres, que contam com a assistência do governo que vem em forma de “bolsas”, de programas de incentivos.
E a classe média, esticada entre essas duas pontas, não conta com quase nada e passa cinco meses do ano trabalhando para bancar os custos do governo. E segue silenciosa, resignada, anestesiada frente a todos os descalabros. Eu me pergunto a toda hora: o que é preciso fazer para que essas pessoas - que trabalham, que têm princípios, valores - reajam? Sinceramente é difícil saber. Mas acho que falta em nós um pouco do sentimento cívico, de se importar mais com o futuro do país, de participar.
Das vezes que fui aos Estados Unidos, algo sempre me chamou a atenção: a quantidade de bandeiras hasteadas nas cidades e até nas residências. Por aí dá para se entender um pouco porque eles são a Nação mais poderosa do mundo. Porque se orgulham do seu país e estão preocupados com o futuro. Hastear a bandeira, para eles, é um sinal de respeito, de comprometimento e de responsabilidade em relação à Pátria.
Os símbolos nacionais - o Hino, a Bandeira, o Brasão e o Selo - representam o nosso país e, dessa forma, também nos representam. Eles são uma forma de sentirmos a Pátria mais próxima de nós e também de reafirmarmos os compromissos que temos com ela. Dos quatro símbolos, a bandeira é a que mais toca o brasileiro Vejam que nos períodos de Copa do Mundo ela se espalha pelo país e representa a união dos cidadãos em torno de um objetivo comum e também se fez marcante em momentos cruciais para o país, como no impeachment do presidente Collor, em 92.
Assim, a Bandeira Nacional pode, de certa forma, despertar a sociedade para a necessidade de reação. O hasteamento do Pavilhão Nacional nas empresas, nas escolas, nas repartições públicas e até mesmo nas residências talvez pudesse ser um movimento para esse “chamado” à realidade. Algumas empresas, até mesmo aqui da região, já deixam a bandeira hasteada, mas isso ainda é algo muito tímido no Brasil.
Infelizmente, toda a beleza e significado da bandeira nacional_ cujas cores representam as nossas matas, nossas riquezas, nosso céu e que traz a mensagem Ordem e Progresso_ estão sendo encobertos e manchados por outras, que representam movimentos que comprometem a ordem e que envergonham o solo brasileiro.
Acho que se nós, brasileiros, resgatássemos a crença que foi perdida por conta dessa série de desgostos nacionais, e fizéssemos o mesmo que os americanos fazem, de demonstrar o nosso respeito e orgulho da Pátria, talvez despertássemos dessa crise silenciosa, que corrói a consciência coletiva e nos transforma em uma massa amorfa, descrente e sem saída.
O hino à Bandeira Nacional traz em sua letra algo que deveria nos servir de inspiração: “Contemplando o teu vulto sagrado, compreendemos o nosso dever”. Façamos, assim, cada um a sua parte para que a sociedade desperte deste sono profundo.