A ONG britânica OXFAM internacional, que de fato é uma confederação que congrega 14 organizações, alarmou o mundo ao divulgar o seu relatório “Growing a Better Future (Plantando um Futuro Melhor)”. Segundo seus estudos, os preços de alimentos básicos irão aumentar entre 120 e 180% até o ano de 2030.
Não tive ainda, acesso à íntegra do relatório. Porém, alguns aspectos do que foi divulgado, devem ser considerados como uma discussão oportuna. Afinal, segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), para poder alimentar a população prevista para o ano de 2050, o mundo precisará produzir 3 bilhões de toneladas de cereais e 470 milhões de toneladas de carnes.
Por outro lado, a Secretária de Estado Norte-americana Hilary Clinton, defendeu junto a FAO, ação cooperativa para reduzir os preços de commodities no mundo. Isto, em função de que já se verifica tumultos em vários países por falta de alimentos.
Está rareando a produção de alimentos? Existe má vontade de quem produz? Nem uma coisa nem outra, os alimentos são caros, mas a produção é crescente e ainda, falta renda para quem trabalha na terra. Porém, todos os estudos apontam para a necessidade das lideranças mundiais se posicionarem em relação à elevação dos preços dos alimentos. Mas param por ai. Isto é pouco!
Os alimentos são caros, vão ficar mais caros ainda, porque os custos de produção são elevados. Pronto! Façam baixar os custos de produção e seus preços se arrefecerão. Fácil? Não! Tarefa hercúlea, pois todos querem faturar em cima da produção de alimentos. Desde os produtores de insumos, sistema financeiro, indústria e também os governos com sua indústria tributária. Isto no mundo todo!
Concorre ainda para o aumento dos preços dos alimentos, em todas as etapas de produção, a logística, desde o campo até a mesa do consumidor. Mas existem outros problemas graves, como o desperdício no transporte da produção agrícola ainda in natura, depois, mais perdas no processamento, no caminho para as gôndolas dos supermercados e, depois na cozinha de sua casa e nas dos restaurantes.
Tenha certeza, que as sobras da carne, do arroz e da salada, que você vê em seu prato são proteínas que tiveram seu caminho interrompido por você, serão jogadas ao lixo e contribuirão para contaminar os lixões e alimentar umas aves negras, grandes, até agourentas e, que adornam as proximidades das cidades onde reside um povo subdesenvolvido e que precisa se educar. Acredite isto é parte do problema!
Voltando ao relatório da ong britânica OXFAM que aponta, segundo divulgação da imprensa, que as causas são climáticas e de negociação dos alimentos (comercialização). Acredito que estes dois componentes são partes do problema, já que imagino o relatório desta Ong ter considerado as dificuldades de transportes como problemas no componente da comercialização.
Este é um tema que não se exaure aqui, até porque não é esta a intenção. É necessário um sério envolvimento da academia neste debate, creio na capacidade de nossos cientistas de fomentar uma nova revolução verde. Mas, também acredito que é necessário que as políticas públicas em todos os níveis, desde já, contemplem a questão da segurança alimentar como condição de felicidade da população, sob pena de nas próximas décadas, vermos aumentadas as revoltas derrubando governos e as guerras acontecendo, única e exclusivamente por falta de comida.