Quando se analisa a demanda de alimentos frente às projeções de aumento de população, fica mais que evidente o tamanho do desafio que está posto para a agricultura mundial: "suprir uma alimentação adequada (quantidade e qualidade) para nove bilhões de criaturas humanas". Este é o número de pessoas que devem clamar por comida e melhores condições de vida no planeta Terra, ainda antes da metade deste recém iniciado século 21.
Trigo (o cereal da civilização) faz parte do grupo de culturas que, com aumento de população e melhoria de condições de vida, deve ser consumido em maior escala. A questão que se impõe é como poderemos produzir além das atuais 600 milhões de toneladas por ano? Por um lado, é pouco provável a possibilidade de se contar com aumento na área cultivada (desde meados do século 20 não se constatam mudanças significativas), especialmente nos principais países produtores. Além de que, muitas áreas não cultivadas hoje são consideradas marginais para exploração agrícola. Por outro, a necessidade cada vez maior do uso urbano das terras, pressões para preservação do ambiente natural e limitações no uso da água restringem ainda mais essa possibilidade. Uma estratégia factível para se atingir a demanda de trigo projetada para um prazo não tão longo assim (até o ano 2025), parece ser a elevação do rendimento das lavouras de trigo no mundo. Como conseguiremos isso? Eis a tarefa para a comunidade científica que atua nas ciências agrárias.
O rendimento médio de trigo no mundo, neste começo de século 21, é da ordem de 2,8 toneladas por hectare. Mantidos a área cultivada e o padrão de consumo atuais, até o ano 2025, esse rendimento deveria se elevar para 4,4 toneladas por hectare. Isso significa um incremento no rendimento médio de 80 kg por hectare anualmente. "Isso é pouco ou é muito?", deve se questionar alguém não familiarizado com estatísticas agrícolas e os avanços históricos nos rendimentos dos cultivos. Basta, a comparação com o período da agricultura mundial chamado de "Revolução Verde" (pós anos 1960), quando houve os grandes saltos nos rendimentos de trigo, com ganhos de 41 kg por hectare anualmente, considerando-se a série histórica 1960-2005, para se entender a complexidade da quastão. E mais, se consideramos apenas os últimos 10 anos desta série, os ganhos anuais de rendimento foram de 23 kg por hectare. Mantidas essas taxas de ganhos de rendimento em trigo, não conseguiremos suprir adequadamente a demanda por esse cereal no mundo, sem mudanças significativas na área sob cultivo. Isso posto, fica evidente que o desafio do aumentar o rendimento de trigo não será algo fácil, quer seja considerado desde o ponto de vista do melhoramento genético e/ou de manejo de cultivos.
Cabe ainda indagar se essa tendência observada em termos de rendimento de trigo no mundo é válida para todos os países com tradição em produção de trigo. Especialmente, no caso do Brasil, como estamos diante dos Estados Unidos, do Canadá, da Austrália, da Argentina, da França e do Reino Unido, por exemplo, que se encontram no grupo do principais países produtores de trigo. Nessa comparação, tomando-se por base a série 1960-2005, o Brasil alcançou ganhos de rendimento anuais em trigo da ordem de 30 kg por hectare. Estes não diferem do que obteve a Argentina (também 30 kg/ha/ano). E superam os resultados obtidos nos Estados Unidos (26 kg/ha/ano), no Canadá (22 kg/ha/ano) e na Austrália (17 kg/ha/ano).
Os países da União Européia formam um caso a parte, apresentando ganhos, neste período, de 90 kg/ha/ano (França e Reino Unido, principalmente). Nos últimos 10 anos, foi impossível manter esses níveis de ganhos de rendimento, e esses países apresentaram taxas negativas, com diminuição de rendimento das lavouras de trigo, embora ainda obtenham rendimentos que superam os 6.000 kg/ha (médias nacionais).
Particularmente após 1995, o Brasil superou todos os principais produtores de trigo no mundo, em termos de ganhos anuais de rendimento. Isso reforça o argumento de que os entraves para a expansão do trigo em nosso país não são de base tecnológica. E mais: demonstram que o Brasil, por possuir capacidade de expansão de área cultivada (sem necessidade de ampliação da atual fronteira agrícola e a mobilização de ativos específicos) e domínio de tecnologia competitiva, mesmo parecendo sonho, pode, num prazo mais curto do que muitos imaginam, se tornar um dos grandes produtores mundiais de trigo.
Trigo (o cereal da civilização) faz parte do grupo de culturas que, com aumento de população e melhoria de condições de vida, deve ser consumido em maior escala. A questão que se impõe é como poderemos produzir além das atuais 600 milhões de toneladas por ano? Por um lado, é pouco provável a possibilidade de se contar com aumento na área cultivada (desde meados do século 20 não se constatam mudanças significativas), especialmente nos principais países produtores. Além de que, muitas áreas não cultivadas hoje são consideradas marginais para exploração agrícola. Por outro, a necessidade cada vez maior do uso urbano das terras, pressões para preservação do ambiente natural e limitações no uso da água restringem ainda mais essa possibilidade. Uma estratégia factível para se atingir a demanda de trigo projetada para um prazo não tão longo assim (até o ano 2025), parece ser a elevação do rendimento das lavouras de trigo no mundo. Como conseguiremos isso? Eis a tarefa para a comunidade científica que atua nas ciências agrárias.
O rendimento médio de trigo no mundo, neste começo de século 21, é da ordem de 2,8 toneladas por hectare. Mantidos a área cultivada e o padrão de consumo atuais, até o ano 2025, esse rendimento deveria se elevar para 4,4 toneladas por hectare. Isso significa um incremento no rendimento médio de 80 kg por hectare anualmente. "Isso é pouco ou é muito?", deve se questionar alguém não familiarizado com estatísticas agrícolas e os avanços históricos nos rendimentos dos cultivos. Basta, a comparação com o período da agricultura mundial chamado de "Revolução Verde" (pós anos 1960), quando houve os grandes saltos nos rendimentos de trigo, com ganhos de 41 kg por hectare anualmente, considerando-se a série histórica 1960-2005, para se entender a complexidade da quastão. E mais, se consideramos apenas os últimos 10 anos desta série, os ganhos anuais de rendimento foram de 23 kg por hectare. Mantidas essas taxas de ganhos de rendimento em trigo, não conseguiremos suprir adequadamente a demanda por esse cereal no mundo, sem mudanças significativas na área sob cultivo. Isso posto, fica evidente que o desafio do aumentar o rendimento de trigo não será algo fácil, quer seja considerado desde o ponto de vista do melhoramento genético e/ou de manejo de cultivos.
Cabe ainda indagar se essa tendência observada em termos de rendimento de trigo no mundo é válida para todos os países com tradição em produção de trigo. Especialmente, no caso do Brasil, como estamos diante dos Estados Unidos, do Canadá, da Austrália, da Argentina, da França e do Reino Unido, por exemplo, que se encontram no grupo do principais países produtores de trigo. Nessa comparação, tomando-se por base a série 1960-2005, o Brasil alcançou ganhos de rendimento anuais em trigo da ordem de 30 kg por hectare. Estes não diferem do que obteve a Argentina (também 30 kg/ha/ano). E superam os resultados obtidos nos Estados Unidos (26 kg/ha/ano), no Canadá (22 kg/ha/ano) e na Austrália (17 kg/ha/ano).
Os países da União Européia formam um caso a parte, apresentando ganhos, neste período, de 90 kg/ha/ano (França e Reino Unido, principalmente). Nos últimos 10 anos, foi impossível manter esses níveis de ganhos de rendimento, e esses países apresentaram taxas negativas, com diminuição de rendimento das lavouras de trigo, embora ainda obtenham rendimentos que superam os 6.000 kg/ha (médias nacionais).
Particularmente após 1995, o Brasil superou todos os principais produtores de trigo no mundo, em termos de ganhos anuais de rendimento. Isso reforça o argumento de que os entraves para a expansão do trigo em nosso país não são de base tecnológica. E mais: demonstram que o Brasil, por possuir capacidade de expansão de área cultivada (sem necessidade de ampliação da atual fronteira agrícola e a mobilização de ativos específicos) e domínio de tecnologia competitiva, mesmo parecendo sonho, pode, num prazo mais curto do que muitos imaginam, se tornar um dos grandes produtores mundiais de trigo.