CI

Sustentabilidade


Decio Luiz Gazzoni
Na semana passada participei de evento sobre sustentabilidade na cadeia de suprimento de alimentos, realizado na Alemanha. Como prelecionistas ou participantes, apenas pessoas diretamente vinculadas ao assunto, como presidentes ou diretores de grandes grupos empresariais (fabricantes de insumos agrícolas, importadores, exportadores, distribuidores, retalhistas, supermercadistas), associações de produtores agrícolas e de consumidores, dirigentes de Governos e de Órgãos Regionais (como a União Europeia) ou internacionais (FAO, OMS, ONU, PNUD), pesquisadores e professores universitários.

Foi recompensante demonstrar ao mundo, em 30 min de palestra, o quanto avançamos em sustentabilidade do agronegócio brasileiro, nos últimos 30 anos. E responder, convincentemente, uma a uma das questões nos 30 min seguintes, a maior parte delas relativas a desmatamento na Amazônia e alhures, perda de biodiversidade e contaminação de água. Só tive que ceder na infraestrutura, concordando que, enquanto a produção brasileira avançou 250%, nossa capacidade de escoá-la, nos últimos 10 anos, regrediu 20 anos.
Sustentabilidade veio para ficar, é parte do negócio. Todas as grandes empresas do mundo tem um diretor de sustentabilidade, que elabora e executa a política de metas de aumento da sua sustentabilidade, e impõe metas à montante da cadeia. Transpareceu-me que os elos à jusante da cadeia tendem a cobrar muito mais dos elos anteriores do que eles próprios fazem, o que acaba superpenalizando o agricultor! Não há um conceito único de sustentabilidade, nem acordo para sua certificação, o que foi uma das minhas cobranças fortes aos presentes, juntamente com o pagamento de serviços ambientais.

Importantíssimo: despareceu o sofisma de que é possível obter energia de cultivos não alimentares, sem conflito com produção de alimentos, o que era uma idiotice oportunista, pois se usa a mesma terra e os mesmos insumos.
Finalmente, consegui contatos sólidos para trazer a Londrina dois programas, com recursos a fundo perdido, caso venha a ser efetivado na SMAA: a remuneração do agricultor que protege as minas e a qualidade da água; e o controle da inocuidade dos alimentos na cadeia produtiva.
 
O autor é Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.