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Sou fumante, não voto em Zé Serra.


Richard Jakubaszko
Tudo isso pela simples razão de que a campanha antitabagista do atual governador do estado de São Paulo é truculenta e nada tem de democrática. É nazi-fascista a forma como vem sendo aplicada.
Torno-a, portanto, uma campanha ideológica e convido os fumantes a reagirem, a riscarem o nome de José Serra de suas intenções de voto em qualquer campanha futura. Faço sugestão até mesmo de adotarem a frase título deste libelo como adesivo em seus automóveis: "Sou fumante, não voto em Zé Serra".
Aos não fumantes e democratas também, convido-os a participarem dessa campanha, pois imaginem o que virá de proibição truculenta se tal homem público viesse a ocupar o cargo de mais alto mandatário deste nosso Brasil. Ele já proibiu até refrigerantes em cantinas de escolas públicas, sem contar o quentão em festas juninas nas mesmas escolas.
Governar, para esse político, é uma questão de mandar, simplesmente proíbe e pronto, sempre se esconde atrás do "politicamente correto". Na medida em que o fumo é uma prática que não é defensável, em termos de saúde pública, aproveita para rechaçar os fumantes e os envia para os quintos dos infernos. É exclusão na cara dura, tudo porque ele não gosta mais de cigarros, ele que é um ex-fumante.
A forma truculenta como a campanha vai sendo imposta é lamentável. Há um aparato policial e de fiscais visitando bares e restaurantes, como se fumante fosse um bandido. Não há o mínimo de bom senso, ou de lógica, parecemos um país europeu, não temos outros problemas sociais a serem resolvidos? O governador do Estado de São Paulo parece não ter mais nada de importante a fazer, além de correr atrás de fumante. É por isso que os portugueses começam a contar piadas de brasileiros, ora, pois, pois...
Realmente, ficou dura a vida do fumante, pelo menos no estado de São Paulo, e isso tende a ser copiado por outros estados. É que a chamada fiscalização, o patrulhamento, é feito de forma exacerbada principalmente pelos ex-fumantes, que não assumem a sua fraqueza em relação à fumaça, da qual muitos ainda sentem saudades. Esquecem de que faz muito mais mal à saúde o CO2 emanado de seus automóveis.
Experimentem colocar um automóvel funcionando num ambiente fechado de 4 x 4 metros por algumas poucas horas (duas horas é suficiente...) e coloquem lá dentro um ser humano ou animal. Vai morrer muito antes de acabar o combustível. Se colocassem 10 ou 20 pessoas fumando nesse mesmo ambiente fechado o máximo que aconteceria ao não fumante seria uma enxaqueca no dia seguinte.
Com essas "tecnicalidades" o político Zé Serra não tem interesse em se preocupar, ele exerce seu poder, quer demonstrar "autoridade" ao proibir, acha que exibe "pulso forte" para comandar e para liderar ovelhas desorientadas. É dessa forma truculenta que iniciam as ditaduras, é dessa forma que iniciam os processos inquisitórios e as censuras. Imaginem as futuras proibições que viriam a caminho.
"É proibido proibir" foi um libelo nos anos sessenta, tinha conotações políticas, até porque representava a única defesa das minorias, e fumante hoje em dia se torna parte de uma minoria. Para quem não sabe o cigarro, apesar dos males que possa causar aos fumantes (o que não é generalizado e nem obrigatório), também tem seus pontos positivos, como, por exemplo, ser a principal forma de controlar a anemia ferropriva, quando o organismo não fixa ferro no sangue, mesmo a gente se alimentando corretamente.
O cigarro é um dos mais importantes agentes para que se possa fixar no sangue o ferro tão necessário à nossa sobrevivência. Não existe fumante anêmico, sabiam disso, meus caros leitores? Assim, não são somente prejuízos que o cigarro nos traz. Afora o prazer de pitar, sem exageros é claro. Mas este texto não é para incentivar o fumo, é para criticar a violência policial e demagógica do governador Zé Serra.
Isto porque ter de aguentar os seguranças e porteiros a nos dizer que na calçada do condomínio não se pode fumar é demais. Aconteceu comigo, estava a céu aberto na calçada do Sheraton Hotel, em São Paulo, pois dei uma escapada do auditório onde se debatiam os problemas do agronegócio no 8º Congresso da ABAG, e fui dar uma pitada. Fui advertido de que ali não poderia fumar, pois "é um condomínio fechado".
Mandei chamar a polícia, pois dali não sairia. Estava a céu aberto, nem marquise tinha, mas a proibição teria de ser cumprida, segundo o vigilante segurança. Continuei fumando, não sai dali, mas fiquei pensando na frase do político mineiro José Maria Alckmin, ex-vice-presidente do Brasil, logo após a implantação da ditadura militar no golpe de 1964. Dizia ele que numa ditadura não tinha medo dos generais, mas dos soldados, cabos e sargentos que iriam cumprir ordens de tenentes autoritários, despreparados e mal informados.
Aos fumantes recomendo reação e personalidade. Não cedam à passividade e nem se sintam culpados. Se estiverem com ideias de largar o cigarro, que abandonem o vício, mas pensem na forma como isso está sendo feito, semelhante a um ato de tortura. Ato digno de ditadores. Poderia ser de forma mais democrática, com separação de corpos de fumantes e de não fumantes, como, aliás, já estava sendo feito, principalmente em restaurantes. Mas desse jeito, na porrada e na truculência, não dá para aceitar.
Faço o que me é possível: vou cabalar votos contrários ao político Zé Serra, pelo menos é democrático e civilizado, e sem violência. Com certeza, depois de perdida a eleição, o Zé Serra vai creditar a culpa pela futura derrota à "Bolsa Família".

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