No Pantanal ocorrem mais de 260 espécies de peixes de grande importância ecológica e sócio-econômica para a região, sobretudo para o setor pesqueiro. O turismo de pesca e o recente turismo ecológico são atividades promissoras, porém, dependem do estado de conservação dos ecossistemas naturais na região. Muitas informações sobre a pesca vêm sendo obtidas desde 1994 pelo Sistema de Controle da Pesca de Mato Grosso do Sul - SCPESCA/MS. Por meio deste Sistema são gerados subsídios para orientar a política estadual de pesca, identificando suas principais tendências e realizando um prognóstico sobre o uso e a conservação dos recursos pesqueiros, essenciais para o planejamento das atividades.
Pesca esportiva
Ao longo das décadas de 1980 e 1990 estruturou-se um forte Setor Turístico Pesqueiro no Pantanal, instalando uma grande infra-estrutura que dispõe, atualmente, de vários tipos de empreendimentos, tais como hotel-pesqueiro, pesqueiro, camping, acampamento, rancho de pesca, barco-hotel e barco de passeio. De maneira geral, em Mato Grosso do Sul, este setor especializou-se em oferecer serviços para um único tipo de cliente, o pescador esportivo ou amador, oriundo de outros estados do país. No entanto, observou-se que o número de pescadores esportivos que visitam a região vem diminuindo a partir do ano 2000, causando dificuldades para o Setor Turístico
Pesqueiro (Figura 1). Em função deste quadro, é preciso identificar as possíveis causas dessa diminuição e, ao mesmo tempo, auxiliar o Setor a diversificar suas atividades, oferecendo novos produtos turísticos para atrair outros clientes além dos pescadores esportivos.
Fauna: uso potencial para o turismo
O turismo pesqueiro é uma importante atividade econômica do Pantanal e a atual crise do Setor aponta para a necessidade de seu planejamento, a fim de garantir a qualidade do ambiente natural, cultural e social, essenciais para sua própria sustentabilidade na região. A fauna pantaneira deve ser considerada neste planejamento, sobretudo devido à sua notória abundância
e visibilidade, despontando como um grande atrativo da região, como se verifica no material de propaganda impresso, veiculado em Corumbá, conforme demonstrado na Figura 2.
Na planície ocorrem 652 espécies de aves, 102 de mamíferos, 177 de répteis e 40 de anfíbios, dentre as quais observam-se populações ainda numerosas de espécies que são raras em outras regiões como o cervo-do-pantanal e o veado campeiro, além de populações vigorosas de grandes vertebrados tais como o jacaré e a capivara. Estes dados foram obtidos em monitoramentos conduzidos pela Embrapa Pantanal através de um projeto ecológico de longa duração, apoiado pelo CNPq. Assim, torna-se evidente o potencial de uso da fauna como recurso cênico e para o desenvolvimento de novos produtos para o Setor Turístico Pesqueiro do Pantanal.
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Agostinho Carlos Catella ([email protected]) e Ubiratan Piovezan ([email protected]) são pesquisadores da Embrapa Pantanal.