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Raízes da crise financeira internacional e seus reflexos no Brasil


Cláudio Boriola

O sistema financeiro tem como opções operacionais o financiamento da produção, do consumo, da infra-estrutura e a aplicação no mercado de expectativas (derivativos-especulacão).

Até os anos 70, a especulação era um estigma, bania qualquer empresário do mercado, pela perda de confiança que a conduta provocava. Nessa época, o sistema financeiro internacional atravessava grave crise, em razão da falta de tomadores de capitais no mercado produtivo. A massiva oferta de capitais havia reduzido os juros anuais a 3% (três por cento), inviabilizando os resultados operacionais dos Bancos. Esses fatos, agravados por acontecimentos subseqüentes, acabaram por lançar o mundo financeiro na especulação.

Tudo ia mal, quando, em 1973, aconteceu o pior: o embargo do petróleo pela OPEP, que impôs grande majoração ao preço do produto, catalisando o capital mundial para o Oriente Médio. Foi a maior concentração de capital ocorrida no Oriente Médio desde as cruzadas, que naquela época (1000 a 1300 DC) produziram o mesmo efeito, favorecendo a Ordem dos Templários, que criou a primeira Multinacional Financeira do mundo.

Para desespero dos banqueiros internacionais, os Xeques do Petróleo, favorecidos pela concentração de capital, coincidentemente, controlavam os bancos libaneses e, certamente, iriam reciclar seus “petrodólares” pelo Líbano, à época conhecido como a “Suíça do Oriente Médio”.  O excesso de oferta de moeda quebraria o sistema financeiro internacional, que já estava cambaleante. A conseqüência seria o domínio das finanças internacionais pelos bancos libaneses, cujos controladores assumiriam um poder político-econômico sem precedentes.

Para evitar a perda de seus negócios e, principalmente, do poder que o mercado de dinheiro internacional possibilita, os banqueiros desestabilizaram o Líbano, acirrando as diferenças regionais. A guerra civil destruiu a praça bancária Libanesa, obrigando os Xeques do petróleo a reciclar seus petrodólares através dos bancos europeus e americanos.

A “água” foi desviada do seu reservatório natural, pela guerra civil, mas a mingua de tomadores, a sua torrente arrasaria o sistema financeiro do mesmo jeito. A solução, capitaneada pela City de Londres e por Wall Street, foi direcionar a “enxurrada” de dinheiro para os países emergentes e do terceiro mundo, que foram obrigados a endividar-se, desnecessariamente, para aliviar a pressão de oferta de capitais no mercado e, consequentemente, a queda dos juros. Após os empréstimos, o “FED” passou a aumentar os juros, que chegaram a mais de 21% ao ano. Como os governantes tomaram empréstimos a taxas flutuantes, a majoração dos juros, literalmente, quebrou o terceiro mundo. Suas populações pagam a dolorosa conta até hoje, mais de duas décadas passadas.

Mas, os problemas dos Banqueiros internacionais não estavam totalmente equacionados, porque suas manobras contrariavam os princípios do investimento ideal, que deve ter por meta o tripé: segurança, rentabilidade e liquidez. Emprestando para países pobres, os bancos sacrificam a segurança e a liquidez.. Para recuperar a liquidez, passaram a investir severamente no mercado de expectativas (derivativos). Envolvendo-se, cada vez mais, na especulação, sacrificaram o principio da segurança, que deve nortear os investimentos, principalmente de capitais de terceiros. Para dividir os riscos, com os clientes, os bancos criaram os fundos expeculativos (comodities e ações), trasnformando o mercado de dinheiro numa imensa “ciranda”de capital, em detrimento do seguro e necessário financiamento da produção, da infra-estrutura e do consumo. 

O ramo bancário tem dois problemas básicos: falta de caixa e excesso de caixa. Operando com falta de caixa o banqueiro quebrará a curto prazo, trabalhando com excesso de caixa quebrará a médio ou a longo prazo. Assim, para reduzir os stress dessa verdadeira “corda bamba”, os executivos dos bancos seduziram-se, cada vez mais, pelo mercado especulativo, de liquidez, aparentemente, garantida a imediata. Característica que revelou-se falsa, porque a liquidez depende, essencialmente, da confiança do mercado, ou seja, da manutenção das expectativas. “Detonada”a crise de confiança, a liquidez desaparece, instantaneamente, e as cotações despencam, falindo Bancos e investidores (especuladores). 

O percentual de capitais, aplicados no mercado de comodities, foi crescendo rapidamente, a ponto de hoje representar 95% (noventa e cinco por cento) das operações financeiras mundiais. O capital deixou de financiar a produção, criar empregos e proporcionar bem estar social, para tornar-se autofágico, ou seja, um fim em si mesmo.

Essa contradição é paradoxal, porque o capital passa a financiar o “anti-capitalísmo”, sacrificando a produção, o abastecimento, a infra-estrutura, o emprego e, consequentemente, a qualidade de vida. Quem acaba pagando a conta da especulação é a sociedade.

Entregando-se à especulação no mercado de derivativos, os executivos financeiros e seus Bancos tornaram-se reféns do Grupo Rothschild e seus aliados, que controlam as flutuações dos mercados de dreivativos, impondo suas decisões ao mercado financeiro. O banqueiro que ouse discordar das decisões da City Londrina, tem sua posição vendida imediatamente, enfrentando sérias dificuldades ao mesmo quebrando em curto prazo. Exemplos recentes, dessa ação no mercado de derivativos, são: o Bando Inglês Barings, que faliu em 1995, em razão de operações com derivativos e o Banco Japonês Toyobo, que perdeu mais de US$ 2 bi em 1996, especulando com cobre. Atualmente, os Bancos Japoneses estão literalmente falidos, conforme indica o noticiário econômico. O Banco Merril Lynch aproveitou-se da oportunidade, para comprar uma Corretora falida e instalar-se naquele pais que, até recentemente, era totalmente refratário à presença estrangeira em seu mercado financeiro.

O Grupo Rothschild e seus aliados controlam o mercado de derivativos, porque praticam o capitalismo, ou seja, dominam, completamente, estratégicas cadeias de produção, para, a partir de sólida posição determinar as oscilações nos mercados especulativos. Há cerca de 20 anos, os “reis das comodities” decidiram trocar, parte de sua astronômica carteira de papéis, por ativos fixos. Para isso, valorizaram suas posições, acelerando a especulação mundial e passaram a vender derivativos, sem descuidar da sustentação do mercado.

Operacionalizando a aplicação da sua fabulosa massa de capitais, resultante da venda das comodities, manipularam a mídia, para convencer a opinião publica, da “necessidade” de privatizar estatais, que foram comprando, através de empresas de aliados e sbsidiárias.

A venda de comodities e a compra de estatais foi um processo demorado, iniciado na Inglaterra, com a colaboração do Governo Thatcher e estendeu-se por todo o mundo.

Os reis dos derivativos, utilizando a mídia e apoiados por governos que ajudaram a eleger, já concretizaram grande parte do seu projeto de troca de posições. O “rescaldo” foi no Brasil (CSN, Vale e etc.). Em seguida, através de seu aliado George Soros (Húngaro naturalizado americano), em julho de 1997, detonaram a crise asiática a partir da Tailândia, especulando contra o Bath (moeda local). Quebrada a confiança, o mercado mundial de expectativas perdeu a liquidez, e os preços despencaram de 50% a 80%. Em razão do mercado de expectativas ser fundamental para a liquidez do sistema financeiro, os “Reis da City” estão recompondo, na “bacia das almas”sua posição vendida e, comprando mais algumas dezenas de empresas quebradas, pela crise que provocaram.

Historicamente, o Grupo Rotshschild vem repetindo seus procedimentos especulativos, como ocorreu nas guerras Napoleônicas. Sua filial na França enfraqueceu o exercito de Napoleão, negando-lhe financiamento. Na ultima batalha, “divulgaram” em Londres, que Napoleão havia vencido a guerra. As cotações das ações caíram à zero. Os Rothschilds compraram na baixa. Quando a noticia verdadeira foi divulgada ganharam milhões com a alta. Na verdade, somente os especuladores apreciam as altas nas bolsas de valores e comodities, os investidores preferem as baixas acentuadas, porque o lucro esta na boa compra. Foi o que os barões da City de Londres fizeram. O condenável é a manipulação de informações e governos, para espoliar a sociedade.

A ação predatória dos especuladores de Londres provocou um severo custo social nos paises alvo da rapina. Como não interessa aos vampiros a morte das vitimas, em verdadeiro golpe de mestres, eles estão apoiando governos “socialistas” no mundo todo, para saldar a “conta social”, com o que restou do capital dos empresários nacionais, que vão arcar com o aumento de tributos etc, etc e etc. A prisão de Pinochet em Londres, enquanto Fernando Henrique Cardoso brindava com Fidel Castro, na Confraria do Vinho em Portugal, ilustra essa tendência do “tudo pelo social”, com o dinheiro dos outros, ou com a “pólvora do rei”.

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