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Questão indígena, balança comercial e mercado de commodities



Adelson Gasparin
O governo brasileiro finalmente parece estar disposto a intervir de forma objetiva aos conflitos entre índios e produtores rurais. Agora já sem a impugnação da FUNAI, que até então só serviu para semear conflitos, despejos e ameaçar a idoneidade de milhares de produtores, de sul a norte do país, o governo tenta solucionar o impasse entre índios e produtores rurais em Sidrolândia/MS. Nesta semana, várias reuniões foram realizadas com os governos federal e estadual e representantes das partes. Em cena o INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) está disposto a "devolver" 17 mil hectares ao estado, ao qual a mais de 30 anos estas áreas estiveram em mãos da união para realização de reforma agrária. No papel aparentemente seria a solução dos confrontos.
Entretanto, este grave problema que afeta diretamente o setor primário do agronegócio está muito longe de ser resolvido. Este caso de Sidrolândia, o primeiro do Brasil onde o governo federal sinalizou tentar resolver, levará pelo menos até o final do ano em reuniões, debates e propostas para então se dar início ao pagamento de indenizações aos produtores. O fato é que o clima de insegurança segue aterrorizando o setor produtivo, já que até o momento, INCRA, governos federal e estadual, seguem sem definir quem pagará esta conta.
Em contraste com esta realidade, o agronegócio brasileiro segue desempenhando importante papel sobre a economia do país. Divulgado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, os números do setor para os primeiros sete meses do ano foram otimistas. Desde o início do ano, as exportações somaram superávit de US$ 49 bilhões na Balança Comercial do agronegócio. O destaque foi para as vendas do complexo soja (grão, óleo e farelo), que alcançou US$ 21,16 bilhões ao longo de sete meses. Destaque também, para as carnes e complexo sucroalcooleiro. Em comparação com os primeiros sete meses de 2012, o agronegócio registrou crescimento de 9,5%.
A semana também foi marcada pela agitação no mercado de commodities. Com a divulgação do relatório mensal de oferta e demanda mundial pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), os agentes estiveram atentos as movimentações de negócios no mercado. Conforme o departamento, o país norte-americano deverá colher cerca de 88 milhões de toneladas de soja, 349 milhões de milho e 57 milhões de trigo. Os números tecnicamente surpreenderam o mercado, já que em comparação com o mês anterior as projeções de colheita para soja e milho eram 93 e 354 milhões de toneladas. Deste modo, rapidamente os agentes se reposicionaram na Bolsa de Chicago favorecendo novas altas para as commodities.
No Brasil, o movimento positivo da Bolsa somou-se com novo pico de alta no dólar, que no meio da semana atingiu o patamar de R$ 2,33. Os vendedores aproveitaram muito bem o repique de alta da soja para realizar novas vendas e travas de custos de produção para a nova safra. Daqui até a entrada da safra norte-americana é importante estar muito atento a estes repiques, já que há muita especulação sobre o real potencial de produção do país, e também sobre a safra da América do Sul, ao qual inicia os trabalhos de plantio junto com a colheita dos produtores norte-americanos.
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