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Precisamos de bom programa para energia híbrida e sustentável, não de mais hidroelétricas (solar mais parte das hidro mais biomassa ao dia e parte da hidro mais eólicas à tarde e á noite)


Climaco Cezar de Souza
1)    Introdução e Análises comparativas no Mundo e no Brasil: 
No Mundo, em 2010, 40,6% da energia elétrica produzida foi pela queima do carvão (altamente poluente, ante apenas 1,6% no Brasil) mais 22,2% pela queima de gás mais 12,9% nuclear mais 16,0% hidroelétrica e 3,7% de outras fontes (solar + eólica + biomassa). Assim, embora apenas em parte renovável, a matriz elétrica Mundial está muito longe de ser sustentável. 
Em 2012, o Mundo utilizava apenas 14% de fontes renováveis para produção de energia elétrica e combustíveis. Já o Brasil tinha 42% da sua matriz baseada em energia renovável, mas é preciso perguntar o mais importante: nossa matriz é sustentável ? “Para o prof. Célio Bermann, doutor em engenharia e planejamento energético, “ser renovável não é ser sustentável”. “Para ser sustentável, tem que levar em conta principalmente os impactos socioambientais”.
Em 2012, em termos somente de geração de energia elétrica no Brasil (parte da matriz total), 76,9% era produzida pelas hidroelétricas; 7,9% pelo gás; 2,7% pela nuclear e apenas 7,6% por outras fontes (inclusive solar, eólica e biomassa). 
Por outro lado, segundo o alemão Eicke Weber, diretor do Instituto Fraunhofer para Sistemas de Energia Solar, em Freiburg, a necessidade total de energia dos seres humanos na Terra é de 16 terawatts (01 terawatt equivale a 1 trilhão de watts). Em 2020, a produção potencial de energia solar associada à eólica pode chegar a 20 terawatts, se os países continuarem incentivando e financiando como desde 2005. A luz solar que incide na parte sólida da Terra é de 120 mil terawatts. Nesta perspectiva, a energia do Sol para uso na terra é ilimitada, mesmo com metade da radiação solar perdida logo no topo da atmosfera, ou seja, de todo a radiação solar (energia) que a terra recebe somente 51,0% chega de fato ao solo; o resto é perdida no topo da atmosfera por mecanismos naturais e termo-climáticos.
No Brasil, em termos de origem para atender nossa demanda total de eletricidade em 2012 – estimada em 132,6 GWh – cerca de 85,4 GWh provinham da energia hidráulica; 13,6% do gás; 10,8% da biomassa (folhas e bagaço de cana e outras); 8,2% da importação (basicamente da Itaipu paraguaia); 7,5% de derivados de petróleo nas termoelétricas; 3,0% do carvão mineral; apenas 2,1% eólica e 2,0% nuclear. 
Assim, mesmo com tantas áreas favoráveis às energias solar, eólica e da biomassa (quase todo o Pais), o Brasil já é altamente dependente das hidroelétricas (que suprem 70% de nossa demanda) e, sem um bom Programa - com incentivos e muitos recursos em parcerias PPP e outras - para a geração e utilização hibrida, sinérgica e obrigatória de todas as energias - realmente sustentáveis, como propomos neste artigo -, estima-se a necessidade de construção de muito mais usinas hidro, sobretudo na Amazônia, onde boa parte já se mostra altamente insustentável em diversos sentidos. No Plano Decenal de Expansão de Energia até 2022, mais 11 projetos hidrelétricos de médio e grande porte estão previstos para ser implantados na Amazônia entre 2018 e 2022. Outras 8 grandes usinas hidrelétricas têm inicio de implantação previsto entre 2013 e 2017 e já possuem licença prévia.
Nos EUA, estudos recentes mostram que a energia elétrica a ser gerada somente pelas CESC - Central de Energia Solar Concentrada (“CPS - Concentrated Solar Power”) em parte dos desertos (principalmente de Mojave e da Grande Bacia) possa ser responsável por cerca de 70% de toda a energia elétrica necessária ao País. 
Já no Brasil, a titulo comparativo e conforme estudos da UFSC, se todos os 1.350 km2 do lago de Itaipu fossem cobertos com placas solares – com apenas 8% de eficiência global - seria possível gerar 108 GWh de eletricidade, igual a mais que 70% da demanda elétrica brasileira de 2012 (132,6 GWh, conforme a ETE). 
No caso da energia eólica, a WWF estima que o Brasil tenha potencial para produzir 300 GWh por ano, ou seja, quase o triplo de nossas necessidades totais atuais. 
Uma excelente noticia para a energia eólica no Brasil, é que a GE Power & Water está concluindo o desenvolvimento nos EUA de uma turbina especial capaz de gerar 10 MWh por unidade. A envergadura das pás atinge 180 metros, igual ao comprimento de 3 aviões Airbus, cada um com 73 metros. Só a plataforma com 4 pés para sustentar tal aerogerador gigante terá 40 metros de altura. Só para se ter ideia comparativa do potencial de tal aerogerador gigante, uma PCH de médio porte produz cerca de 15 MWh no Brasil e uma termoelétrica média a base de cavacos de madeira gera 30 MWh. Assim, teoricamente, 500 parques eólicos bem localizados com um total de 45 mil destes novos aerogeradores para 10 MWh (apenas 90 em cada parque), teríamos uma geração elétrica de 450 gigawatts brutos potenciais, igual a cerca de 132,6 gigawatts líquidos, exatamente  toda a demanda brasileira atual (considerando-se a ainda redução de até -70% na energia total gerada pelo funcionamento parcial mais as perdas atuais, ambos itens com tendências de redução). A GE já tem uma fábrica no Brasil, especializada em produzir pás e nacelles para o clima brasileiro. Recente, entregou a ELETROSUL os primeiros aerogeradores eólicos especialmente desenvolvidos para o Brasil (para o parque eólico Hermenegildo em Chui-RS com capacidade para gerar 181 MWh). 
Contudo, em todo o Mundo, somente no Brasil podem-se, perfeitamente, unirem-se as energias renováveis hidroelétricas e da biomassa com a energia solar e a eólica, desde que tenhamos bons controles mais incentivos e sistemas confiáveis de distribuição.
Numa visão de futuro viável e, realmente sustentável para todos, o Brasil tem um dos maiores e melhores potenciais do Mundo para ampliar suas ofertas energéticas renováveis de forma conjunta (hibrida) e, assim, muito mais barata, sustentável e, inteligente; sem precisar ampliar ou edificar novas hidroelétricas de grande porte (implantando-se um bom Programa, real, bem coordenado, sem submissão a lobbies e com as experientes e já lucrativas geradoras/transmissoras/distribuidoras de hidroeletricidade tornando-se multi-sistemas (não apenas de forma teórica ou medrosa como a maioria faz há anos, apenas para constar nos boletins de propaganda e nos balanços anuais, sobretudo de “compliance” sócio-ambiental). 
Segundo a Bloomberg, no Evento da CELA (“Clean Energy Latin America 2014”), os investimentos em energia renovável no Mundo cresceram 16,0% em 2014, atingindo US$ 310,0 bilhões. No Brasil, os investimentos em energia renovável cresceram 88,0% em 2014, chegando a US$ 7,9 bilhões, resultado principalmente de novos parques eólicos. Terminamos o ano com 6 GWh de capacidade instalada de projetos eólicos, suficientes para abastecer uma cidade com 10 milhões de habitantes, mas ainda só representando 4,5% da capacidade elétrica brasileira.
Pela primeira vez na História do Brasil, as fontes renováveis de energia representaram mais da metade do aumento na capacidade de geração no ano (3,9 GW dos 7,5 GW instalados em 2014) de acordo a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).
Cada uma das energias descritas tem como principal vantagem a renovação natural (algumas nem tanto sustentáveis), mas todas têm pontos fortes e pontos fracos e que levam a reais oportunidades e a ameaças locais, regionais e para todo o Sistema e investidores. Contudo, num bom Programa, os pontos fortes de algumas energias podem ser somados, de forma compensatória, aos pontos fracos de outras, também muito se reduzindo as perdas e custos, sobretudo de transmissão. 
Também, ainda há muitas duvidas quanto a real eficiência energética regional de cada tipo (há poucas pesquisas acadêmicas sérias acerca), citando-se que, enquanto a eólica chega a gerar 18 horas por dia no Brasil, a solar, na potência máxima, só gera energia entre 5 e 6 horas por dia e isto em dias ensolarados. Ao nascer do sol, no poente e em dias nublados, sua eficiência ainda cai drasticamente em alguns países, inclusive nos EUA, mas, no Brasil parece que cai bem menos, até porque podemos ter até 12 horas de luminosidade real em alguns locais. Por outro lado, a maioria dos pesquisadores concorda que a energia eólica é mais eficiente à noite.
O maior ponto fraco comum à maioria não é tanto a geração e suas perdas, mas a questão da armazenagem e da transmissão da energia produzida a um beneficio/custo baixo ou adequado ao valor investido e ao tempo de retorno necessário. Para os cientistas, o armazenamento da energia na forma de calor é significativamente mais barato do que guardar energia em baterias.
Segundo a maioria dos cientistas, o armazenamento de energia elétrica produzida em grandes volumes, e por qualquer fonte, em baterias (mesmo as moderníssimas de Li-Air), além de muito caro é ainda relativamente pouco eficiente. Assim, necessita-se de grande quantidade de baterias, a maioria com vida limitada, caras e que devem ser recicladas para evitar a contaminação futura do meio ambiente (possível perda de sustentabilidade).  
Mesmo as novíssimas baterias solares do tipo Li-Air (lítio + oxigênio) - ainda para uso somente em veículos solares e que podem armazenar até 10 vezes mais energia por grama do que uma bateria comum - tinham custo de US$ 1.200 por KWh em 2009, esperando-se que reduza para US$ 250 até 2020 segundo a Tesla, a fabricante de carros solares realmente revolucionários e uma grande compradora de tais baterias nos EUA (vide meu artigo anterior acerca neste mesmo site). 
Contudo, favoravelmente, nos EUA, uma nova tecnologia de armazenamento concentrado do calor solar produzido -, usando como conservante o sal liquido (mantido a temperatura entre 280 e 650 graus, havendo pesquisas finais para se chegar a 1.200 graus) - pode ser uma boa solução. Desde 2014, uma usina do tipo CPS - Concentrated Solar Power”, com 12 km2 de espelhos especiais focados numa torre central concentradora e localizada em Ivanpah no deserto de Mojave (pertencente a GOOGLE/NRG), pode gerar energia elétrica em turbinas a partir de vapor de água quente, reciclável, nos momentos de luz, inclusive para esquentar o tal sal liquido. Complementarmente, à noite, o sal liquido armazenado em altas temperaturas continua produzindo tal vapor de água reciclável à medida que esfria (não pode cair abaixo de 260 graus, senão forma escamas que entopem as tubulações). O sal tem uma eficiência térmica de 98%, podendo reter calor por várias horas. Contudo, ainda são tecnologias excepcionalmente caras, embora em redução e aperfeiçoamento. Foram investidos US$ 2,2 bilhões para gerar até 392 MWh de capacidade instalada, igual a apenas US$ 5,6 milhões/MWh. Mesmo assim, a energia solar concentrada produzida tinha o baixo custo estimado US$ 0,15 por kilowatt-hora, custo comparável à energia nuclear. 
Na Espanha, uma tecnologia similar usada na gigantesca usina Gemasolar - uma CPS com 185 mil m2 na região de Sevilla - já consegue superaquecer o sal liquido á 900º graus. Ela funciona como uma gigantesca bateria térmica para mover as turbinas durante a noite e durante os dias de chuva - por até 15 horas sem nenhum raio de sol. Trata-se da maior estação de energia solar do tipo na Europa e tem produção de cerca de 19,9 MWh de potência instalada (igual a 110 GW/ano, considerando-se  8.760 horas), chegando-se a 12,55 MWh liquido (fator de capacidade da usina de 0,63). Contudo, para chegar-se a tanto, despendeu-se EU$ 230,0 milhões (cerca de Us$ 249,5 milhões), ou seja, igual a Us$ 12,5 milhões por MWh instalado, considerando a paridade cambial atual de EU$ 1,00 = US$ 1,08.
Ainda sobre energia solar no Brasil, em 20/08/2014, foi inaugurada a primeira usina solar (ainda de pequeno porte), “a Cidade Azul”, localizada em Tubarão-SC (com 19 mil espelhos em 10 hectares), numa parceria entre a Tractbel Energia mais a UFSC e com custo efetivo em torno de R$ 30,0 milhões, isto é, cerca de Us$ 13,2 milhões (pelo dólar médio de ago./2013 a jul./2014 de R$ 2,29=Us$ 1,00). Com capacidade para gerar 3,0 MWh, tal usina teve custo total aproximado de US$ 4,4 milhões/MWh gerado.
Já no Rio Grande do Sul, o Parque Eólico de Osório, inaugurado em junho/2012, teve custo total de R$ 670 milhões para gerar 150 MWh (51 MWh efetivo, vez que as paradas e perdas neste sistema são elevadas), ou seja, R$ 4,46 milhões por MWh instalado (igual a US$ 2,28 milhões/MWh pelo dólar médio de 2012 de R$ 1,95=Us$ 1,00) e a US$ 6,72 milhões por MWh efetivo. É o segundo maior parque da América Latina, mas já superado pelo Complexo Eólico do Alto Sertão I, no sudoeste baiano.
Assim, comparativamente, percebe-se que os custos acima das caríssimas usinas solares “em tempo integral” do tipo “CPS Concentrated Solar Power”, com sistemas adicionais para aquecimento do sal liquido, de US$ 12,5 milhões/MWh instalada na Espanha e de US$ 5,6 milhões/MWh nos EUA ficam BEM ACIMA DAS USINAS RENOVÁVEIS BRASILEIRAS (de U$ 4,4 milhões/MWh na pequena usina solar “comum”, ou seja, com “horário reduzido” ante o dos demais países, de Tubarão-SC e de US$ 2,3 milhões/MWh instalado no mega parque eólico de Osório-RS, mas de US$ 6,72 milhões se pelo MWh efetivo).
No caso da energia biomassa, além das cogerações com resíduos de cana e de madeira, o Brasil tem elevado potencial de produção de muita eletricidade em usinas especiais, e bem mais baratas, para a pirolise especial do lixo de qualquer tipo (queima controlada com pouco oxigênio e sem gerar fogo), de forma a produzir-se o synghas que movimenta as turbinas especiais (expelindo apenas Co2, considerado o gás da vida vegetal).
Há diversas empresas estrangeiras e nacionais já disputando este gigante mercado de energia elétrica de lixo (também possível para esgoto, via biodigestores especiais) e que tende a suplantar os atuais aterros sanitários, na moda e ainda permitidos por Lei Federal (muitos municípios e alguns estados já os proíbem) por serem tão nefastos ambientalmente quanto à incineração ou aterro de tais resíduos. As estrangeiras ofertam gaseificadores especiais importados ainda muito caros (entre R$ 6,0 e R$ 20 milhões por MWh gerado) e as nacionais ofertam fornos nacionais patenteados no Brasil para pirolise mais synghas (entre R$ 3,0 e R$ 4 milhões por MWh gerado). Em muitas delas, o lixo é previamente selecionado pelas cooperativas de catadores à procura de recicláveis, a maioria por bons valores, e gerando muitos empregos. Como as Prefeituras não têm recursos reais nem conseguem financiamentos para tanto (há muita oferta falsa e negócios falsos acerca), boa parte das usinas – altamente lucrativas - vêm sendo instaladas por investidores externos mais internos, garantidos por Seguradoras de Garantia financeira (todos regulamentados e fiscalizados pela SUSEP e CVM). Estas vendem e garantem seguros externos/internos do tipo “delivery completion bond” + “surety bond”, já muito usados em construção civil e por baixos custos (entre 0,5% e 2,5% do valor a retornar do capital mais juros e mais lucros), mas que exigem gestão própria e altamente profissionalizada de cada grupo e em cada usina. Também, as exigências ambientais para instalação de tais usinas são gigantes e de difícil transposição por empresas despreparadas.
Voltando a crescente oferta de energias sustentáveis, na maioria dos casos, percebe-se que – enquanto não há formas mais economicamente adequadas e seguras (como esta do sal liquido, ainda em P&D) - pode ser mais negocio simplesmente produzir eletricidade para entrega imediata, de forma programada e continua e/ou nos momentos e locais com elevados picos de demanda, do que tentar armazenar tal energia. 
Assim, temos mais diversos argumentos para justificar a implementação bem planejada - mas rápida - de um bom Programa para geração de energia hibrida, compartilhada e, realmente, sustentável.
Em complemento, por serem insustentáveis sócio ambientalmente e/ou não-renováveis nem precisaríamos mais das energias térmicas (petróleo) e nuclear.
Assim, insistir e investir apenas em ampliação e sustentação da energia hídrica, com certeza, pode ser uma grande burrice, inclusive econômico-financeira, e os Governos e a população têm que se proteger ou lutar contra os fortes lobbies das grandes empresas do Setor (que pensam bem mais “em si” e não nos seus consumidores, os patrões finais). Ao contrário, empresas de hidroeletricidade têm que investir muito mais em parques solares e eólicos próprios, se quiserem se manter competitivas. 
No futuro, bem próximo, a energia solar e da biomassa (lixo e esgoto urbano, por exemplo, para produzirem synghas) poderão ser acionadas durante o dia, enquanto parte das usinas hidro param e recuperam seus volumes hídricos e leitos (sem ser preciso construírem-se novas usinas e degradar ainda mais) e parte da eólica também descansa ou faz manutenções. Sabe-se que usinas eólicas são mais eficientes à noite, exatamente, quando não podemos contar com a energia solar e parte da energia da biomassa.
Também, não podemos priorizar fontes energéticas que produzam muita eletricidade de forma barata, mas que gerem gases altamente poluentes, como o metano, ou que tenham elevada demanda por água (ou sua elevada retenção, como nas hidro, principalmente nas antigas com elevadas quedas e não a fio d’agua). No caso da energia eólica e da energia da biomassa por synghas não ocorrem perdas da preciosa água, pois a geração é direta e não envolve produção de vapor para acionar turbinas. 
Infelizmente, “as centrais elétricas de cogeração com resíduos da biomassa (resíduos de cana ou de madeira), segundo a CXA - Arquitetura e Engenharia, ainda podem provocar a emissão de poluentes aéreos, elevado consumo de água e elevações na temperatura de cursos naturais d’água devido a seu sistema de refrigeração”.
Nas modernas usinas solares do tipo “CPS - Concentrated Solar Power” com torre concentradora (vide acima), depois de movimentar as turbinas, o vapor é imediatamente liquefeito na forma de nova água que volta a ser reutilizada no sistema (idêntico ao das usinas nucleares). 
Estão sendo desenvolvidas novas turbinas movidas por líquidos portadores de energia intermediária e há as turbinas multi-estágio com consumo de vapor em torno de 25% menor e mantendo a potência nominal. 
2) Comparativos de investimentos necessários; de custos de geração (custeios); de custos de transmissão e de perdas na transmissão: 
No Brasil, segundo estudos da WWF - baseados em diversos informes de 2010 e ainda sem contar os danos ambientais - os maiores custos de instalação (ou seja, de investimentos) eram das PCH - Pequenas Centrais Hidroelétricas com R$ 5.000,00/KWh, seguidas pelas UHE - Grandes Usinas Hidroelétricas com R$ 3.450,00/KWh; pelas Usinas Eólicas por R$ 3.350,00/KWh e pelas Usinas com biomassa de cana por R$ 3.000,00/KWh. Vide: 
Além disso, ainda conforme a WWF, os custos das UHE tendiam a subir muito entre 2010 e 2015, ante custos iguais nas PCH e custos em baixa nas usinas eólicas e da biomassa.   
VIDE: http://d3nehc6yl9qzo4.cloudfront.net/downloads/alem_de_grandes_hidreletricas_sumario_para_tomadores_de_decisao.pdf
Contudo, em termos de custos de geração em dez./2013 (custeios e sem considerar os custos de transmissão), os das usinas Hidrelétricas eram os mais baratos do Brasil e na faixa de 70-80 R$/MWh, segundo a ELETROBRÁS (espertamente, não revelam os caríssimos custos e as elevadas perdas de transmissão das hidroelétricas). 
Para a ANEEL/CESP/IMT, os custos de implantação médio (investimentos) das PCH em 2005 eram de US$ 1,00/Wh, ante US$ 1,30/Wh das usinas eólicas e US$ 8,00/Wh da usina solar (novamente não apresentam os caríssimos custos de transmissão das UHE e PCH).
Em 2014, a ANEEL estimou custos médios de geração (custeios) de R$ 300/MWh da energia solar (UFV); de R$ 170/MWh da energia da biomassa; de R$ 165/MWh das PCH; de R$ 115/MWh da energia eólica (EOL) e de R$ 80/MWh das UHE (hidroelétricas gigantes, mas sem computar perdas e custos de transmissão). Absurdamente, as termoelétricas a diesel + óleo tinham custos de R$ 872/MWh (valor dos investimentos necessários) e as termoelétricas a gás natural custos de R$ 650/MWh. Vide: http://www.concidades.pr.gov.br/arquivos/File/APRESENTACAO_FRACKING.pdf
Assim, na pratica, as energias solares, eólicas e da biomassa no Brasil já causam muito medo, aliás, pavor, às empresas grandes geradoras via apenas via UHE e PCH. Assim, vê-se que, em vez de insistirem e investirem em novas UHE, estas empresas geradoras MAIS os GOVERNOS precisaria investir muito mais em parques solares, eólicos e da biomassa, próprios (efetivamente e não na teoria), até de forma a baixarem seus custos e tornarem-se competitivas no futuro. Se não querem, alguém, com certeza, irá querer, pois na nova globalização econômica, lucros não têm pátria nem Governos.
Quanto aos elevados investimentos necessários (poucos falados e divulgados) mais os custos e perdas na transmissão da eletricidade gerada pela UHE e PCH não há como reduzi-los, devido às localizações mais na Amazônia, Centro-Oeste e oeste do Sudeste, ou seja, em áreas muito distantes dos principais centros de consumo (é importante não confundi-los com custos de distribuição até as residências).  
No caso das energias sustentáveis, tanto eólica, como solar ou da biomassa, estes investimentos em transmissão e suas perdas são muito baixos (até zerados), boa parte por que cerca de 70% da população e das industrias brasileiras se situam a até 350 km da beira-mar, perímetro exatamente onde estão sendo construídos a maioria desses parques.
Para o MME - Ministério das Minas e Energia, em 2010, a expectativa era de que o custo de transmissão de Belo Monte não ultrapassasse R$ 10 por MWh. Nas usinas do Madeira, o custo maior, em torno de R$ 25/MWh, se justificava em função da construção dos linhões que vão ligar as usinas na rede básica desde a cidade de Porto Velho, em Rondônia, à Araraquara, no Estado de São Paulo. São cerca de 2.400 quilômetros de linhas e iriam requerer mais de R$ 500 milhões em investimentos. Já em Belo Monte, o único custo, segundo o próprio secretário-executivo do Ministério, seria o de ligar a usina à rede pela linha de transmissão Tucuruí-Manaus, em construção, e, portanto, essa ligação será muito mais curta.
Para o pesquisador e consultor em energia Joaquim de Carvalho, o custo de transmissão a longas distâncias pode chegar a R$ 30/MWh. Pode parecer pouco, mas é bom lembrar que no ultimo leilão de compra de energia elétrica pela CCEE - Câmara de Comercialização de Energia Elétrica da ANEEL em outubro/2014 (no chamado mercado regulado ou governamental), o valor de venda da energia eólica foi apenas de R$ 142,3/MWh (US$ 57,4). 
Mesmo nas hidroelétricas situadas mais próximas do mar, como da COELBA, CELPE e COSERN, o custo de transmissão representa pouco, mas cerca de 2,5% do valor de venda final da energia elétrica aos consumidores (cfe. Relatório 2013 da CELPE).
No caso das UHE e PCH, além dos elevados investimentos necessários mais dos custos de transmissão elevados, como acima descritos, temos também os seguidos “apagões” (dificuldades e altos custos com manutenções de torres distantes e muito sensíveis aos ventos e condições locais, como incêndios) e, principalmente, as elevadas perdas técnicas da energia gerada na origem.
Conforme descrito por KEMA e ERGEG, as perdas técnicas da eletricidade gerada no Brasil chegavam a 19,0% em julho/2009; ante 4,4% na Suécia; 6,0% nos EUA; 7,0% na China e na Europa e 25,0% na Índia. 
Para a FEIS/UNESP Ilha solteira, as perdas na transmissão representam de 5% a 10% da geração total, o que se traduz em milhões de dólares por ano.
Estudos da UNOPAR em 2010 revelavam que as perdas, de toda a energia produzida, chegavam a 16,0%. Alguns estados da federação apresentavam perdas técnicas que variavam de 3,0% a 20,0%. As maiores perdas estavam na Região Norte, da ordem de 19,7%. Nas outras regiões do Brasil as perdas eram em torno de 13,0% e 14%, sendo adotado para o Brasil uma perda média comercial de cerca de 14,0%. 
3)    Principais Conclusões:
Os informes e dados acima comprovam que o Brasil precisa mesmo é de um bom Programa para incentivar, financiar e comprar muito mais energia hibrida e sustentável, não de mais hidroelétricas. 
Também mostram que não adianta Governos e grandes Empresas geradoras insistirem bem mais nas hidroelétricas (menos competitivas e muito mais geradoras de problemas sócio-ambientais), ao contrário, somente ao investirem muito mais em energia solar, eólica e da biomassa, tais Empresas conseguirão manter suas competitividades e lucratividades.  
Mesmo sendo as UHE e PCH ainda predominantes no Brasil, na soma dos seus elevadíssimos investimentos necessários (implantações de usinas distantes mais nas suas torres de transmissão) mais seus custos de geração (custeios) mais seus elevados custos com transmissão (até R$ 30/MWh) e mais seus custos com altas perdas (média de 14,0%), tais hidroelétricas – reconhecidas grandes geradoras de problemas sócio-ambientais regionais - já são bem menos competitivas do que as atuais usinas eólicas e da biomassa e, futuramente, até do que as usinas solares de qualquer tamanho (cujos valores a investir devem reduzir muito, à medida da disponibilização de novos sistemas tecnológicos, bem mais viáveis, como o sal liquido aquecido para gerar energia noturna, mesmo em sistemas abertos e caseiros).
Também, é bom lembrar que no ultimo leilão de compra de energia elétrica pela CCEE - Câmara de Comercialização de Energia Elétrica da ANEEL em outubro/2014 (no chamado mercado regulado ou governamental), o valor de venda da energia eólica foi apenas de R$ 142,3/MWh (US$ 57,4). O vencedor foi o consorcio formado pela Renova Energia, Enel Green Power, CER Energia, Copel, Gestamp e PEC Energia. 
Na mesma data, ocorreu o primeiro leilão de energia solar do Brasil em que o Governo comprou 890 MWh futuros pelo preço máximo de R$ 215,00/MWh (US$ 87/MWh), pelos valores bem mais elevados dos investimentos iniciais necessários. Venceram a Renova Energia e a Rio Energy mais empreendedores internacionais como Enel Green Power e novos empreendedores de energia solar como Solatio, além de quatro outras empresas. 
Para se ter uma ideia comparativa, o preço teto fixado pela ANEEL para as PCH inscritas no próximo leilão de compra em 30/04/2015 recentemente elevou para R$ 210/MWh. Em duas licitações realizadas no ano passado, os preços de venda foram de R$ 148 e R$ 164 por MWh, valores que mal bancavam os custos de construção da maioria das usinas planejadas no país, segundo Consultores especializados. 
Contudo, no chamado mercado livre (ou spot ou privado, mas regulamentado pelas empresas em leilões privados de compra), o preço médio foi de R$ 330,00/MWh (a maior parte ainda gerada pelas hidroelétricas), mas há casos de empresas com alta demanda que pagam até R$ 822/MWh por energia localizada e/ou emergencial. Para a Cemig, o preço no mercado livre tende a ficar acima de R$ 300/MWh em 2016. O preço teto atual (abril/2015) no Sudeste/Centro-Oeste, Sul e Nordeste é de R$ 388,48/MWh. 
Para a     ABRAVA – Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento cada 1,0 milhão de aquecedores solares instalados libera e poupa 380 MWh das usinas. Assim, a instalação de 4,35 milhões de aquecedores solares anularia o elevado crescimento do consumo de energia do setor residencial ocorrido entre 2012 e 2013, de 7.250 GWh. Também, o KWh de energia solar térmica (para aquecimento) tem um custo de cerca de R$ 0,13, contra o de energia elétrica de R$ 0,55, uma proporção de 4 por 1. 
Então, comparando-se o custo benefício da utilização da energia solar térmica com a energia elétrica para o aquecimento de água para o banho, a conclusão é que o custo da energia elétrica é cerca de 4 vezes superior ao do aquecimento solar, que proporciona geração de energia térmica gratuita, descentralizada, em abundância, entre outras. 
Concluindo, para a ABRAVA, não há mais o que se esperar para a adoção de um uso maciço dessa tecnologia.
Também, a CNI já defende a diversificação da matriz energética brasileira.
 

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