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Porque os custos de construção civil e de infraestura ainda são bem mais caros no Brasil e a qualidade continua muito ruim?


Climaco Cezar de Souza
A) Custos Comparados de Construção Civil em 2011, segundo o Turner & Townsend Group (dados do International Construction Cost Survey 2012 mais levantamentos atuais da AGROVISION)
1) Apartamento privado – Tipo para média densidade de pessoas (US$ m²)

China: 512; Índia: 436; Malásia: 458; Alemanha: 1.536; EUA: 1.600; Brasil: 750 (custo médio atual em Brasilia-DF).

2) Grande Centro comercial, incluindo áreas de varejo (US$ m2)

China: 951; Índia: 829; Malásia: 1.113; Alemanha: 1.292; EUA: 1.560; Brasil: 1.100 (custo médio atual estimado média Brasil).

3) Aeroporto de grande porte - US$ m2

China: 1.677; Índia: 1.419; Malásia: 1.637; Alemanha: 1.565; EUA: 3.550; Brasil: 2.200 (custo médio atual estimado Brasil).

B) Preços comparados das matérias-primas e da mão-de-obra em 2011 segundo o Turner & Townsend Group (dados do International Construction Cost Survey 2012 mais levantamentos atuais da AGROVISION) -

4) Concreto usinado tipo 30 mpa (US$ m3)

China: 66; Índia: 109; Malásia: 75; Alemanha: 170; EUA: 135; Brasil: 105 (preços médios atuais no varejo do Estado de Goiás).

5) Vergalhão de aço para colunas mais de 100 toneladas - (US$/tonelada)

China: 1.323; Índia: 1.091; Malásia: 1.447; Alemanha: 4.102; EUA: 1.150; Brasil: 1.550 (preços médios atuais no varejo do Estado de Goiás).

Placas de gesso dry wall de 13 mm (US$ m2)

China: 6; Índia: 6; Malásia: 9; Alemanha: 5; EUA: 34; Brasil: 5 (preços médios atuais no varejo do Estado de Goiás).

6) Mão-de-obra de um carpinteiro ou pedreiro diarista (US$/hora)

China: 3,00; Índia: 1,10; Malásia: 5,00; Alemanha: 50,00; EUA: 65,00; Brasil: 5,00 (preços médios atuais no Estado de Goiás).

C) Preços comparados de Matérias-Primas e Insumos em dezembro de 2011, segundo a GT Gardiner & Theobald LLP (dados do International Construction Cost Survey dec./2011)

Os preços médios dos materiais de construção no Brasil no final de 2011 eram muito mais caros (3 a 5 vezes mais) do que em outros países concorrentes ou vizinhos, principalmente na China, Índia e Chile.

As obras de construção civil e de infraestrutura no Brasil, além de bem mais demoradas, são absurdamente mais caras aqui do que nos nossos principais concorrentes, o que muito dificulta nossas ações empresariais de outros segmentos, ações governamentais e muito retarda o nosso desenvolvimento.

São absurdamente mais elevados os valores médios de venda de matérias-primas e de insumos no Brasil quando comparados com os preços médios da distante China, do vizinho Chile e mesmo do vizinho EUA. No final de 2011, até nosso tijolo comum era muito mais caro do que naqueles países. Vejam que as diferenças praticadas muito superavam a soma dos possíveis impostos cobrados mais dos fretes praticados, o que mostra que não são estes os principais problemas.

Assim, o Governo precisa promover, urgente, um choque progressivo de competição externa, via possíveis bem maiores importações de insumos, máquinas e técnicas (até alcançarem a paridade externa média compatível) e de competitividade interna, via bem maior promoção à concorrência e a maior vigilância quanto à não formação de cartéis nos setores fornecedores e também nos fabricantes de insumos e de matérias primas.

Além do povo (principalmente os mais pobres), as construtoras nacionais são as grandes prejudicadas pelos elevados preços internos das matérias-primas e dos insumos, mas poderiam importar muito mais - individualmente ou em grupos -, até porque alguns insumos não pagam impostos de importação e outros pagam, mas com baixas alíquotas.
 
D) Países Desenvolvidos ou nossos Concorrentes – Custos Comparados da Construção Civil em 2012, ante custos médios do Reino Unido (em números índices com base em dados da EC HARRIS Research 2012):

Os custos de construção na Índia e na China em 2012 foram muito mais baixos do que no Reino Unido.
 
E) Preços de Apartamentos fora do Centro - Preços médios de Venda Comparados nos países do BRIC, alguns da América Latina e Países Desenvolvidos – março/2013:

Em março de 2013, no BRIC, os preços médios de venda na China, Rússia superavam os do Brasil e que, por sua vez, eram o triplo do preço da Índia e bem mais caros do que nos EUA, (surpreendentemente ainda como possível reflexo da crise das hipotecas). Vejam que na Argentina eram um pouco mais caro do que no Brasil, mas no Paraguai significavam 1/3 dos preços médios do Brasil e da Argentina. Já no Uruguai e Chile eram bem mais caros do que aqui.

Assim, ante os países do BRICS e países semelhantes na América Latina, a tendência de preços médios no Brasil ainda é de grande elevação até a média, à medida que for ampliando e melhor distribuindo a nossa renda média. Sem duvidas, o aumento da renda média ocorrerá rapidamente com as muitas e gigantes obras internas privadas, ou publica-privadas, em andamento (portos, ferrovias, hidroelétricas, aeroportos, rodovias etc..) e com muito mais pessoas vindo morar nas cidades maiores (sobretudo no interior à procura de melhores ensinos/trabalhos/condições de vida) e mudando de classe social e de padrão de consumo/renda familiar.
 
Infelizmente, não se podem comparar possíveis lucratividades (a partir destes preços e dos custos descritos no inicio), pois as datas são diferentes e não se têm os descritivos dos tamanhos e, principalmente, os locais, os padrões de acabamento e as comodidades de cada apartamento/prédio.

NOVAS TECNOLOGIAS, MAQUINÁRIOS E MÉTODOS PARA CONSTRUÇÃO CIVIL AINDA INEXISTENTES NO BRASIL

F) China – Construção demonstrativa de um hotel de 30 andares em 15 dias, segundo a Revista Time:


G)EUA - Construção rápida de uma grande casa de um pavimento com painéis isolados e completos, de concreto de baixo peso e com custos cerca de US$ 6.000 por tonelada de material muito resistente e aparente:

http://www.youtube.com/watch?v=KN8mvhzX9No&feature=player_detailpage

H) Construção de casas e de apartamentos muito mais baratos e bem mais resistentes pela revolucionária tecnologia do “Steelframe” (tipo gaiolas de pássaros em aço), também aplicáveis em obras de infraestrutura:

http://www.scottsdalesteelframes.com/

I) Custos comparados de Construção ferroviária em 2008/2010:

Os custos completos (inclusive com maquinários) na China eram bem mais baratos do que em alguns países. 

J) Custos comparados Estimados de Construção de TGV em 2012:
O custo do TGV no Brasil (Rio-Campinas-São Paulo) deve ficar em torno de US$ 30,6 milhões por km, numa situação média Mundial. Contudo, ainda pode chegar ao dobro do custo por km do TGV Sudeste (União Europeia) e do Shinkansen-Sanyo (Japão). Em geral, quanto menos são os tuneis, pontes e viadutos menores são os custos por km.
 
K) Qualidades Comparadas de Infraestrutura Existente.

O Brasil ficava, na média de 2011/2012, entre as piores posições no ranking mundial dos quesitos de QUALIDADE da infraestrutura existente. Em portos, estávamos em 135o lugar; nas ferrovias em 100o; nas rodovias em 123o e nas hidroelétricas em 68o lugar.

Em nível de BRIC, éramos os piores no ranking total (107 o lugar) e também ficávamos muito distantes da Alemanha (9o lugar) e até de países mais pobres como o México (65o).

Como a maior parte destas obras foi construída por empresas privadas nacionais, mediante concorrências ou prestações de serviços para os Entes Públicos, A BAIXA QUALIDADE MÉDIA DETECTADA E OS ELEVADOS PREÇOS PRATICADOS (vide antes e após) INDICAM QUE ESTE MODELO PRECISA SER REPENSADO, REAVALIADO E ALTERADO RAPIDAMENTE, SENÃO TEREMOS MUITAS PERDAS DE COMPETITIVIDADES EXTERNAS, PELAS CONSTANTES REFORMAS/RETRABALHOS NECESSÁRIAS, MAIS PELOS CUSTOS ELEVADOS E EM ASCENSÃO.

Boa parte desta baixa qualidade média brasileira pode ser explicada pelos nossos elevadíssimos custos dos insumos e das matérias-primas, ante os preços dos países do BRIC e até de vizinhos da América Latina (vide antes). Isto, infelizmente, pode levar as Construtoras a tentarem economizar nos volumes para reduzirem seus custos, o que certamente leva a baixa qualidade média. Também, a qualidade das obras ainda é muito pouco fiscalizada pelos Governos e pelos outros contratantes. 
 

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