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Por uma política de cotas para o arroz


Opinião Livre
No início de nosso governo, a pauta de reivindicações da cadeia do arroz parecia uma "paella", tal a quantidade de itens de que era composta. Em 2012, após muito trabalho envolvendo os governos estadual e federal e as entidades representativas, reduzimos o número de reivindicações a duas. Após sensibilizarmos a presidente Dilma, a partir da interlocução do governador Tarso e da atuação decisiva do ministro Mendes Ribeiro, prorrogamos as dívidas da lavoura, uma antiga reivindicação. Neste ano, sobrou apenas um item nesta "panela" que, agora, se assemelha a um bom e velho carreteiro. Mas não estamos satisfeitos. Queremos degustar um arroz puro, branco e bem solto.

Na abertura da colheita do arroz, neste final de semana, em Restinga Seca, iniciamos, junto com a Federarroz e o Irga, uma grande mobilização em busca de apoio de todos os segmentos da sociedade organizada para convencer a União da necessidade de estabelecer cota de importação de arroz dos vizinhos do Mercosul. Medida que permitirá o planejamento da produção gaúcha, com foco na garantia de renda ao produtor, no abastecimento do mercado interno e na redução dos pesados investimentos que os governos fazem para "salvar a lavoura" sempre que há crise de mercado.

Uma das leis do capitalismo é a "da oferta e da procura". Quanto mais oferta, menor o preço. Quanto mais procura, maior o preço. Na safra 2010/2011, com os estoques "cheios" e uma grande produção, o segundo maior item da produção agrícola do Estado chegou a ser vendido por R$ 18 o saco de 50 quilos. O custo de produção estimado era de R$ 25. Nesta safra, com produção ajustada às necessidades de consumo e os estoques reguladores adequados, temos excelentes preços, com o saco chegando a R$ 34.

Não é a "invenção da roda". Diversos países, estrategicamente, planejam a produção. Conhecemos nossa capacidade produtiva, o consumo nacional e o potencial exportador. Definindo cotas de importação e períodos para que ocorram, poderemos criar - governo, produtores e entidades - um pacto que defina a área a ser cultivada. Evitaremos superproduções e estaremos "vacinados" contra oscilações para baixo dos preços, que ocorrem quando há grande oferta.

Nas áreas tradicionais que não seriam semeadas, plantaríamos outros grãos, como soja e milho, utilizando tecnologias disponíveis que permitem a diversificação da renda com rotação de culturas. Sem falar na sempre possível e rentável consorciação lavoura-pecuária.

*Secretário estadual da Agricultura, Pecuária e Agropecuária

Artigo originalmente publicado no site do Governo do Rio Grande do Sul, em 24.02.2013

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