Causas de Degradação de Pastagens
Newton de Lucena Costa, Amaury Burlamaqui Bendahan (Embrapa Roraima)
Na Amazônia Ocidental extensas áreas de florestas estão atualmente ocupadas com pastagens cultivadas, das quais, pelo menos, 40% já apresenta pastagens em diferentes estágios de degradação, o que reflete na necessidade contínua de novos desmatamentos, a fim de alimentar adequadamente os rebanhos, resultando numa pecuária itinerante. O desequilibrio ecológico causado pelo desmatamento das florestas naturais para o estabelecimento de pastagens não adaptáveis aos tipos de solos da região pode ser considerado como o início do processo de degradação das pastagens. No preparo do solo e na queimada, todos os nutrientes não voláteis da biomassa florestal são incorporados ao solo sob a forma de cinzas, o que implica no aumento do pH e da fertilidade do solo, favorecendo o estabelecimento e crescimento das pastagens. No entanto, esta alta fertilidade é apenas temporária. O nitrogênio pode ser perdido por lixiviação, volatilização (transformação em gás) ou imobilização, um processo onde o nutriente torna-se inutilizável pela planta. Já, o fósforo, apesar de estar inicialmente presente quando a floresta é quaimada, apresenta uma rápida e grande fixação deste nutriente na fração argilosa do solo, o que o torna indisponível para a planta, cuja deficiência provoca declínios drásticos na produção de forragem e, consequentemente, no desempenho dos animais. Os níveis de cálcio, magnésio e potássio são grandemente aumentados pela queimada. Com a utilização de plantas forrageiras adaptadas, estes nutrientes podems ser mantidos em níveis aceitáveis por períodos de tempo relativamente longos.
Neste contexto, considerando-se que o nitrogênio e o fósforo são os nutrientes mais limitantes à produção de forragem, a manutenção de níveis satisfatórios desses nutrientes é de vital importância para quebrar a reação em cadeia do esgotamento do solo que causa a degradação das pastagens. O nitrogênio poderá ser suprido através da utilização de leguminosas forrageiras, uma vez que estas possuem a capacidade de fixação e incorporação do nitrogênio atmosférico ao solo, as quais podem variar entre 50 e 300 kg/ha/ano de nitrogênio. Quanto ao fósforo, trabalhos conduzidos na Amazônia Ocidental demonstram que a aplicação de 50 a 80 kg/ha de P2O5 pode ser suficiente para promover um ótimo estabelecimento e aumentar gradativamente os rendimentos de forragem.
A utilização de plantas forrageiras que demandem grandes quantidades de nutrientes, tais como capim-colonião, pasto imperial, capim-elefante, grama-estrela, leucena, guandu, dentre outras, poderá dar início ao processo de diminuição da fertilidade do solo, implicando em menor produtividade da pastagem e, por conseguinte da sua capacidade de suporte, desde que não sejam realizadas adubações periódicas (anuais ou bianuais) de manutenção. Dentre os fatores que mais afetam a produtividade e persistência das pastagens, destacam-se a utilização de germoplasma pouco adaptado às condições edafoclimáicas do trópico úmido e a adoção de práticas de manejo inadequadas (carga animal e sistema de pastejo). Para as condições ecológicas da Amazônia Ocidental, as plantas forrageiras recomendadas para a formação de pastagens em solos originalmente de baixa a média fertilidade natural são: 1. Gramíneas – Andropogon gayanus cv. Planaltina, Brachiaria brizantha cv. Marandu, B. humidicola, Paspalum guenoarum, P. atratum cv. Pojuca, P. coryphaeum, Axonopus scoparius e Tripsacum australe. 2. Leguminosas – Arachis pintoi, Stylosanthes, Desmodium ovalifolium, Centrosema macrocarpum, C. Brasilianum, Zornia latifolia, Calopogonium mucunoides, Pueraria phaseoloides, Leucaena leucocephala, Cajanus cajan.
Com relação ao manejo das pastagens, deve-se sempre evitar o superpastejo (número excessivo de animais por área). Quando possível, fazer a divisão das pastagens e utilizar o pastejo rotativo. No caso da adição do pastejo contínuo, dar pelo menos um a dois meses de descanso nas pastagens durante o ano. Outra prática de grande importância consiste na diversificação das espécies na pastagem. Devido a grande variação existente entre as plantas forrageiras quanto aos requerimentos nutricionais, produção estacional de forragem, valor nutritivo, tolerância às pragas e doenças, além da produção durante o período de estiagem, com este procedimento haverá um melhor aproveitamento das potencialidades de cada espécie. Quanto ao uso de leguminosas, sugere-se dus maneiras: consorciadas diretamente com as gramíneas ou a formação de bancos-de-proteína, que consiste no plantio isolado da leguminosa. Como estas sentem menos os efeitos da estiagem, tem-se durante o período de seca, alimento de excelente qualidade e em quantidades satisfatórias.