
Apesar de todas as críticas e senões lançados sobre a produção de etanol, os reflexos econômicos e sociais do agronegócio da cana podem ser facilmente observados nas estatísticas e indicadores oficiais. Vejamos. Com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, o Ministério do Trabalho divulgou um ranking dos 50 municípios que mais geraram emprego nos cinco primeiros meses deste ano.
O Estado de São Paulo é o líder, com 20 cidades na lista. Em oito delas, o agronegócio da cana é uma importante base para a economia local. Das cidades paulistas, Pontal é a melhor colocada e ocupa a 14ª posição. Gerou em cinco meses 8.075 vagas de trabalho. Sertãozinho aparece em 19º, com 6.977; Ribeirão Preto vem logo depois, com 6.709 vagas. Piracicaba foi o 30º município que mais abriu postos: 5.264. Pitangueiras ficou em 39º, com 4.689; Barra Bonita em 42º, com a contratação de 3.954 pessoas.
São José do Rio Preto e Araraquara estão colocadas em 49º e 50º, com a geração de 3.467 e 3.408 vagas de trabalho, respectivamente. Os dois municípios estão na área de expansão do setor. São postos de trabalho que foram abertos em todos os setores: no campo, na prestação de serviços, nas indústrias. Outro levantamento recente, divulgado pela Secretaria Estadual de Agricultura, sobre o valor da produção agropecuária do Estado em 2007, que se refere à renda obtida dentro da porteira, aponta que a cana gerou R$ 11,4 bilhões, 36% do valor total das principais culturas do Estado.
Mesmo com redução na participação devido às quedas expressivas dos preços, a cana continua sendo o principal produto da agropecuária paulista. E a região de Ribeirão Preto movimentou R$ 5,7 bilhões, metade da renda obtida com a cultura no Estado. Esses números nos mostram a importância da cana para os municípios. A renda gerada no campo dá início ao círculo virtuoso da economia: movimenta o comércio, abre vagas de trabalho, melhora a arrecadação de impostos que, teoricamente, se reverte em serviços públicos e investimentos em educação, saúde, habitação.
E a geração de emprego e renda mexe com a questão da dignidade e da cidadania. Nenhuma pessoa de bem, de valores, se sente realizada se não tiver o seu emprego, que lhe garanta renda e melhoria na qualidade de vida. A renda do brasileiro teve um ligeiro aumento nos últimos anos e comprovadamente as pessoas estão se alimentando melhor, investindo em vestuário, na educação dos filhos e tendo maior acesso aos serviços de saúde. E nesse caso também funciona a lógica do círculo virtuoso: com mais gente trabalhando, o consumo aumenta, a produção se aquece e mais empregos são gerados.
Por aí dá para se ver que há outras formas de o governo garantir renda para a população carente sem ter de lançar mão de programas eminentemente assistencialistas. É necessário apenas garantir condições para o setor produtivo crescer, reduzindo a carga tributária, investindo em infra-estrutura, oferecendo crédito.
Ações de transferência de renda são importantes à medida que atendem pessoas em situação de risco, de forma emergencial. No entanto, regras devem ser estabelecidas para que não se crie uma multidão de dependentes do governo que, por receberem o peixe, não se esforçam para aprender a pescar. O círculo virtuoso do agronegócio da cana, por exemplo, dá muito mais resultados e dignidade para as pessoas.