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O terror e bestialidade da energia nuclear


Richard Jakubaszko
Provavelmente menos de 48 horas nos separam de uma quase inevitável tragédia. Ou menos. Queira Deus que algo possa ser feito e que os japoneses consigam reverter o quadro de crise do excessivo aquecimento no reator da usina nuclear de Fukushima, na região nordeste do Japão.

Queira Deus que sejam poucas as vítimas. Houve tempo para evacuação. Fica o medo nessas pessoas, e em todos nós, do pavor sequencial de um terremoto de 7 graus na escala Richter, um dos quatro maiores da história, depois um tenebroso e avassalador tsunami, que levou tudo o que estava à sua frente, e agora a ameaça nuclear, a espada de Dâmocles sobre a cabeça de muitos seres humanos.

Se nos lembrarmos de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986, teremos a exata noção do horror que significa um vazamento de material radioativo de uma usina nuclear. Até hoje, 25 anos depois, muitas pessoas morrem em consequência de doenças provocadas pelo desastre nuclear na Ucrânia. Perdas de vidas, sofrimento humano incomparável, crianças que nasceram com deformidades indescritíveis. Desnecessário lembrar as perdas materiais. Até hoje a região está desabitada, casas, prédios, fazendas, nenhum valor comercial.

Até recentemente Chernobyl era um paradigma dos ativistas contra as usinas nucleares, mas a massificada campanha midiática de divulgação do aquecimento do planeta, a partir de 2007, com o total apoio dos ambientalistas, colocando culpa no CO2 e outros gases de efeito estufa, os GEE, todos de origem fóssil, fez retornar as usinas nucleares como salvação “limpa e segura” de fornecimento de energia elétrica.

Até hoje a Europa discute de forma hipócrita o uso do etanol como combustível em substituição ao diesel e à gasolina, ao mesmo tempo em que impõe barreiras alfandegárias para importação do nosso etanol de cana-de-açúcar. Uma demonstração de que não estão preocupados com as questões ambientais, e tampouco com o aquecimento.


Mas o terror continua

O imperador do Japão, Akihito, afirmou que está "profundamente preocupado" com a possibilidade de um acidente nuclear no país, que tenta conter a crise provocada por um terremoto seguido de tsunami. "O acidente na usina me causa profunda preocupação e espero que os esforços dos funcionários possam evitar que a situação piore", disse ele, em um pronunciamento na televisão japonesa. Uma rara aparição do monarca japonês, que demonstra de forma pálida o pavor que passa neste momento o governo e o povo japonês.

Milhares de pessoas ainda estão desaparecidas entre os escombros da costa nordeste do país. O governo já confirmou a morte de mais de 4,2 mil pessoas, mas teme-se que seja superior a 10 mil pessoas, este o número aproximado dos desaparecidos.

A situação é complicada pelas temperaturas abaixo de zero e a falta de suprimentos em diversas áreas. Cerca de 500 mil pessoas estão em abrigos temporários, e estão sem comida, água, eletricidade e combustível.


E o Brasil, vai entrar nessa?

Vai, lamentavelmente, vai entrar de cabeça nisso.

Leio hoje na Internet que o “Brasil necessita da energia nuclear para crescer, avalia engenheiro da Eletronuclear”, em matéria da repórter Alana Gandra, da Agência Brasil. Relata que “a questão da energia nuclear no Brasil está relacionada à necessidade do país de energia para o seu crescimento”, afirmou o supervisor de Novas Usinas da Eletronuclear, Dráuzio Lima Atalla. “Nós somos subconsumidores de energia elétrica. Nós somos imensamente pobres em energia elétrica”, disse ele.

A matéria relata ainda que “com um consumo de energia elétrica per capita, isto é, por habitante, da ordem de 2,4 mil quilowatts-hora (kWh) por ano, o Brasil está distante de países desenvolvidos, como a Alemanha, Suíça e os Estados Unidos, cujo consumo por pessoa alcança até 15 mil kWh por ano.

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), o limite do consumo de energia por pessoa para um país entrar no rol das nações desenvolvidas é de 5 mil kWh por ano. “Mesmo considerando esse patamar de entrada, nós ainda [o Brasil] consumimos a metade disso”.

Segundo Atalla, a energia elétrica se manifesta em todas as atividades da vida, englobando áreas como a saúde, o transporte, a segurança, educação, entre outras. A eletricidade é um dos insumos mais vitais com que a sociedade moderna conta para obter um índice de desenvolvimento razoável, disse. “Não tem como nosso povo avançar sem que o consumo de eletricidade aumente”.

Engenheiro da Eletronuclear, onde atua há mais de 30 anos, Dráuzio Atalla informou que não existe fonte de energia elétrica que seja totalmente isenta de problemas. “Como o Brasil necessita dobrar, no mínimo, o consumo, nós precisamos de todas as energias. Existe espaço para todas elas. Só que cada energia tem um aspecto mais positivo ou mais negativo”.

No caso da energia eólica, por exemplo, disse que seriam necessárias 1,5 mil turbinas para gerar a mesma quantidade de energia da Usina Nuclear Angra 2 (1.350 megawatts). “O vento é descontínuo e pouco previsível. Existe espaço para eólica. Mas nós não vamos ter um país de 200 milhões de habitantes, com a nossa extensão, só em cima de eólica. É um sonho”. O mesmo ocorre em relação à energia solar. Também as fontes hidráulicas têm seus problemas, disse. “Você imagina um abalo sísmico desses [no Japão] perto de uma represa? O que iria acontecer?”


Os perigos que virão

Atalla esqueceu-se, convenientemente, de esclarecer que no hemisfério norte usa-se a energia elétrica, de fonte nuclear ou termoelétrica, para aquecimento dos ambientes, e é essa a causa deles consumirem mais, além do fato de serem proporcionalmente mais ricos.

Ora, o Brasil tem duas usinas nucleares em operação: Angra 1 e Angra 2. Representam menos de 4% do nosso consumo de energia elétrica. Angra 3 deve ser inaugurada em 2014 ou 2015, mas o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, declarou que o governo não pretende rever os projetos de construção de novas usinas nucleares no país. E os projetos do governo são de definir, ainda este ano, as diretrizes para a construção de pelo menos mais quatro novas usinas: duas no Nordeste e mais duas na Região Sudeste.

É isto, o Brasil vai, o Brasil já está comprometido com os trustes das usinas nucleares. Terminei de ler a matéria, já horrorizado, por constatar os perigos das futuras gerações, dos meus netos, dos seus filhos e netos, caros leitores, e de todos os nossos descendentes.


Já virei um ativista anti-usina nuclear.

Os biodesagradáveis empurram o Brasil nessa direção, sejam pelas constantes reclamações midiáticas contra a construção de usinas hidroelétricas, sejam pelas dezenas de processos judiciais, as famosas liminares, que impedem a construção de Belo Monte, por exemplo, já aprovada pelo governo e pelo Congresso. Com isso, forçam o governo a procurar alternativas. E a única alternativa, hoje em moda novamente, no Brasil e no mundo são as usinas nucleares.

Os ambientalistas fanáticos deveriam colocar a mão na consciência, não apenas na questão das hidroelétricas e usinas nucleares, mas também na questão do Código Florestal, pois vão engessar com leis a produção futura de alimentos. Leis que, depois, no futuro, serão difíceis de serem ajustadas.

Já escrevi dezenas de vezes, propondo debates, de que os problemas ambientais e da fome se devem ao excesso do contingente populacional.  A grande maioria dos leitores concorda com isso, mas ninguém faz nada. Os 7 bilhões de bocas hoje no planeta serão 9 bilhões dentro de 30 anos. Não haverá sustentabilidade, como apregoam os ambientalistas.

Devemos aplicar, com urgência, algum método para reduzir o crescimento demográfico, quase zerar isso, como faz a China. Caso contrário vamos para o vinagre, com ou sem usinas nucleares.

Desculpem-me, isso não é pessimismo, é realismo, uma simples projeção do que vivemos hoje, com os problemas que já temos.

Que Deus tenha piedade de todos nós, mas que não perdoe os ambientalistas pelo que estão fazendo, pois eles até poderiam não saber o que faziam, mas agora sabem.

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