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O petróleo do pré-sal e o meio ambiente


Amado de Olveira Filho
Está muito interessante a discussão intra-governamental a respeito da divisão do “bolo”, ou melhor, dos bilhões de “barris” de petróleo que se estima serão retirados da camada chamada de pré-sal, a aproximadamente 8 km de profundeza entre água e subsolo marítimo. Um espetáculo apresentado diariamente ao mundo em todos os meios de comunicações.
Ao mesmo tempo, em terras firmes, como se fosse um outro Governo anuncia-se a criação de mais de uma dúzia de Unidades de Conservação, seis delas no Estado de Mato Grosso. Os discursos, também de um outro Governo, se repetem. Preservar é necessário! Reduzir as emissões de gás carbônico é outra necessidade premente. O mundo não pode continuar aquecendo! Vamos juntar todas as idéias, encomendar outras e levar a Copenhague na Dinamarca. Precisamos provar que sabemos cuidar do meio ambiente.
Assim caminha o Brasil. Temos um governo federal que corre em busca da preservação ambiental, ao mesmo tempo em que leva boa parte da sociedade ao êxtase com o petróleo do pré-sal. As discussões a respeito do que será feito com os bilhões de reais continuam. Que bom negócio! Vemos apenas falas a respeito dos lucros. Ninguém trouxe, ainda, com seriedade para a sociedade, os custos da exploração dessa importante riqueza.
Imaginem os custos para o plantio de bilhões de árvores para mitigar as emissões da exploração e uso do petróleo do pré-sal? Naturalmente a exploração exigirá elevados investimentos, de forma a não gerar danos irreparáveis para as sociedades locais próximas às unidades extrativas. Por outro lado, para onde vai o discurso “novo” que 45% de nossa matriz energética são renováveis?
Enquanto isto, um outro Governo conclui o Zoneamento Agrícola da Cana de Açúcar e impõe um montilhão de impedimentos para a expansão da produção de etanol no Brasil, especialmente em áreas do Estado de Mato Grosso. Estão colocando entraves em projetos elaborados pelas melhores academias, como a Esalq/USP e outras.
Um outro fator também excluído do espetáculo apresentado se refere à tendência mundial de se combinar duas formas de energia para otimizar meios de propulsão menos poluente. Exemplo disso são os milhares de veículos que já circulam em alguns países da União Européia, onde, com motores que consomem pouco combustíveis geram energia elétrica suficiente para impulsionar automóveis. Certamente que surgirão outras combinações extraordinárias!
Vale a pena relembrar. Criaram unidades de conservação para demonstrar ao mundo a decisão de preservar. Reduziu as oportunidades de expansão da produção de etanol, um combustível renovável e limpo! Claro, o que interessa agora é o petróleo do pré-sal.
Assim, é imprescindível que seja aprovada pelo Congresso Nacional o Projeto de Lei que trata da produção agropecuária, tendo como combustível óleo vegetal. Não podemos contaminar a produção agropecuária, que às duras penas, está se consolidando como sustentável com a queima crescente de combustíveis fósseis.
Não podemos, no entanto, deixar de reconhecer a importância da possibilidade da exploração desse petróleo, afinal, é a matriz energética que o mundo ainda busca, mas é prudente demonstrar ao mundo que estamos preparados para não repetir as danosas experiências de países produtores de petróleo. É necessário que se evitem os modelos que concentram renda a uma minoria, que por ter tanto dinheiro, tornou-se absolutista.
O Congresso Nacional está avaliando a regulamentação do pré-sal. É uma boa oportunidade para os parlamentares socializarem com a população como se dará tudo isto. Porque não a realização de algumas audiências públicas antes do encerramento do procedimento legislativo?
Aqui em Mato Grosso projetos polêmicos e de grande interesse da sociedade passam pelo democrático procedimento das audiências públicas, um bom exemplo a ser seguido.

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