Segundo a FAO, considerando o volume produzido e exportado de alimentos, o Brasil é o terceiro maior produtor global e o quarto maior exportador e com potencial para se tornar o primeiro, dada a dinâmica da sua produção e da grande disponibilidade de terras aptas para o estabelecimento de novas áreas para produção.
Segundo estimativas da Conab (outubro de 2021), a safra brasileira de grãos, temporada 2021/22, estava prevista para cerca de 290 milhões de toneladas (Mt) e para 331 Mt em 2030/31. A estiagem que afetou e ainda afeta a produção de soja e milho nos estados de MS, PR e RS, juntamente com o excesso de chuvas em MT, GO, TO, MA e BA, deverá reduzir significativamente esta perspectiva.
O estímulo para o aumento da produção agrícola na próxima década deverá resultar do crescimento do consumo interno e das exportações. Uma das formas de aumento da produção será o incremento da produtividade, dada a consciência dos modernos agricultores que investem nas inovadoras ferramentas tecnológicas disponíveis.
De acordo com o CEPEA, a atual área cultivada com grãos deverá passar para 80,8 Mha em 2030/31 ou para 92,3 milhões, se considerarmos todas as lavouras, incluindo cana de açúcar, café, cacau e frutas. Esse aumento de área cultivada não deveria ser resultado de mais desmatamentos, mas consequência de políticas públicas claras, de longo prazo, destinando muito dinheiro para recuperação de áreas degradadas, e um aumento da fiscalização e das punições por desmatamentos ilegais.
As regiões Centro-Oeste e Norte são as que deverão ter os maiores aumentos relativos de produção e de área. Projeta-se para os estados de Tocantins, Rodônia e Pará os maiores aumentos na produção de soja depois do Estado de Mato Grosso, que, também, deverá liderar a expansão da produção de milho.
Estima-se em 13,4 Mha a expansão somada de soja, cana-de-açúcar e milho na década em curso, enquanto culturas como mandioca, café, arroz, laranja e feijão deverão perder área, mas não produção, que, se estima, será compensada por aumentos de produtividade.
Apesar do recuo na produção pecuária em 2020/21, frente aos anos anteriores, estudos indicam que a produção de carnes deverá crescer cerca de 25% até 2030/31, com destaque para as carnes suína (25,8%) e de frango (27,7%). Embora crescendo menos (17%), a carne bovina deverá ser líder em faturamento, pelo seu maior valor de mercado. Em 2020, o rebanho bovino brasileiro foi o maior rebanho comercial do Planeta, representando 14,3% do rebanho mundial, com 217 milhões de cabeças; seguido pela Índia, com 190 milhões.
Embora grande exportador de carnes, o Brasil também é um grande consumidor. Segundo o MAPA, 71,4% da produção de carne de frango em 2030/31 deverá ser destinada ao mercado interno, assim como 64% da carne bovina e 73,8% da carne suína. E para produzi-la, 33,7% da produção de soja deverá ser destinada ao mercado interno, assim como 71,6% do milho, avalia José Garcia Gasques, coordenador de Avaliação de Políticas e Informação do MAPA.
A resiliência do agricultor brasileiro com as recorrentes contrariedades climáticas nos permite afirmar que o agro do Brasil vai continuar crescendo, a caminho de uma possível futura liderança global.
Se tem algo que inibe o produtor a alcançar tal meta, é a deficiente logística de transporte e armazenagem. A depender do valor da carga (milho, por exemplo), da distância percorrida e da época do ano, o custo do frete pode exceder o valor da carga.
Mesmo com os gargalos de sempre, o Brasil agropecuário segue movendo a economia do país.