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O exemplo do campo que a cidade precisa imitar


Maurício Rotundo

No último domingo, se comemorou mais um Dia Nacional do Campo Limpo, lei sancionada pelo Presidente Lula, não agora, mas em 2008, que determinou que o todo dia 18 de agosto se comemorasse no Brasil os resultados do Decreto 4074/2002 que regulamentou a devolução de embalagens vazias de agrotóxicos no país, concebendo para governo, empresas formuladoras, comerciantes e agricultores a responsabilidade de dar destino ambientalmente correto a elas.

Seja em postos, centrais ou em recolhimento itinerante, a logística reversa das embalagens proporciona índices de reciclagem acima 90%, lembrando que uma fração das embalagens não pode ser reciclada e acaba sendo incinerada em altos-fornos legalizados para tal fim. Tal índice coloca nosso país no primeiro lugar do ranking mundial na devolução de embalagens vazias de agrotóxicos.

E porque isso é importante? A grande maioria das embalagens de agrotóxicos é plástica e de boa qualidade, e apesar deste derivado de petróleo ter revolucionado a vida contemporânea, seus efeitos colaterais são conhecidos por todos ou pelo menos deveriam ser. Dois terços dos produtos plásticos produzidos no planeta são para embalar mercadorias de curta duração de prateleira, ou seja, são de uso único e logo se tornam resíduos.

Segundo a Organização das Nações Unidas, em geral 46% dos resíduos plásticos vão ser depositados em aterros, enquanto 22% são mal geridos e se transformam em lixo comum. Um material que leva mais tempo que a vida de um ser humano para se degradar, precisa ser mantido na economia pelo maior tempo possível. Aqui, apenas 30% da população brasileira tem acesso à coleta seletiva de lixo. E a coleta para funcionar precisa da educação ambiental da população e muitas vezes incentivo financeiro das prefeituras haja vista as flutuações do preço dos materiais recicláveis no mercado, como exemplo do papelão que chegou a preços recordes durante a pandemia do Covid-19 e hoje tem a desatenção dos recicladores devido ao preço atual ser baixo.

Se o desenvolvimento sustentável tem como premissa a utilização racional de recursos naturais, de forma que seja possível suprir as necessidades da sociedade atual, com o comprometimento de que gerações futuras não sejam afetadas, nossa tarefa nos centros urbanos, em relação à poluição por plásticos não agrada. Erradicar os lixões a céu aberto e entender que a reciclagem e a economia circular do plástico precisam ser compreendidas como algo urgente é dever de todos os atores da sociedade, seja governo, iniciativa privada e o próprio cidadão. Afinal vivemos em um planeta com recursos finitos.

O Sistema Campo Limpo está ai como exemplo. Que a cidade copie o modelo, acabe com seus lixões clandestinos, coloque o recolhimento de lixo reciclável como algo tão essencial como o lixo orgânico, senão no futuro nossa geração será acusada pelos nossos descendentes de ter ido embora sem recolher nossa sujeira.

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