
No momento em que a moeda brasileira chega ao redor de R$ 2,02 por dólar, confirmando um movimento de sobrevalorização detectado há muitos meses, analistas indicam que a situação pode ainda piorar, com o real chegando a R$ 1,90 nas próximas semanas. Sabe-se que tal movimento prejudica o exportador, pois o mesmo recebe menos reais a cada dólar exportado. Isto explica em grande parte os baixos preços da soja neste momento, embora os mesmos estejam um pouco melhores do que a média registrada no ano passado nesta época. Todavia, há muitas vantagens econômicas diante de uma moeda forte. A primeira é a constatação de uma economia estável, que atrai capitais externos, mesmo que especulativos. A segunda, favorece os importadores e, naturalmente, a um recuo nos preços internos, pela razão inversa do que ocorre com os exportadores. A terceira está na possibilidade do Banco Central nacional comprar dólares baratos e recompor as reservas internacionais, coisa que o Brasil vem fazendo. As mesmas já atingiram a um recorde de US$ 110 bilhões, com tendência a crescerem ainda mais nos próximos meses. Lembramos que tais reservas haviam chegado a apenas US$ 33 bilhões no final de 2000. Em abril do ano passado, as mesmas estavam em US$ 56,5 bilhões, após US$ 54,7 bilhões em julho de 2004. Dito isto, a questão é: o real está mesmo sobrevalorizado? Sim! E o motivo é a forte liquidez internacional que, associada a nossas taxas elevadas de juro e a estabilidade econômica, vem atraindo dólares para o país. Pelo conceito de "paridade de poder de compra", levando-se em consideração o câmbio médio de maio de 2005, o valor da moeda brasileira em janeiro de 2007 deveria ter estado em R$ 2,4851. Todavia, na prática o mesmo esteve em R$ 2,1385.
Continuação - O câmbio sobrevalorizado (II)