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O agronegócio salva o Brasil


Decio Luiz Gazzoni
Segundo relatório da OCDE desta semana, em todo o planeta apenas Brasil e Rússia terão crescimento negativo em 2015. O Brasil deverá contrair-se entre 1,5 e 2%, fruto de políticas equivocadas dos últimos 4 anos. Em 2014, o agronegócio já evitou o naufrágio, crescendo 5% enquanto o PIB do país patinou em 0,1%. Segundo o IBGE, neste primeiro trimestre o PIB encolheu 0,2%, salvo pelo crescimento de 4,7% do agronegócio. A safra de grãos é recorde; a soja, joia da coroa, produziu 95 milhões de toneladas, com a maior produtividade já obtida no Brasil. Apesar da queda das cotações, as exportações cresceram 5,7%. Ironia: logo o agronegócio, tão criticado e acossado por aparelhos diversos, como o MST, ONGs e assemelhados, salvou o Brasil!

O PIB nacional reduziu para R$ 1,4 trilhão. O índice anualizado registrou baixa de 0,9%, a maior desde 2009, quando recuou 1,3%. O consumo das famílias caiu 1,5%, a maior retração desde 2008. Comparando-se a igual trimestre de 2014, a retração foi de 1,6%, com destaque para a primeira queda do consumo das famílias desde 2003. Tanto o desemprego real, em alta, quanto o medo do desemprego, inibiram os gastos das famílias, que postergaram a compra de bens duráveis, e reduziram o volume e as exigências de qualidade de bens de consumo ou semi-duráveis. A compra de automóveis despencou mais de 30%.
O resultado negativo nos primeiros três meses de 2015 foi puxado pela queda de 0,7% no setor de serviços - 60% do PIB brasileiro. A indústria também recuou (0,3%) em relação aos três últimos meses de 2014. A queda na atividade econômica derrubou a demanda de eletricidade em 12%, que evitou um apagão geral no país.

E, para 2016, o agronegócio continuará salvando a Pátria, apesar dos assaques de seus detratores, porque, na melhor das hipóteses, o Brasil não sai da recessão antes de 2017. Porém, o potencial de crescimento do agronegócio fica limitado pelo Custo Brasil, em especial pela péssima logística de transportes, que vai de estradas esburacadas e saturadas - passando por pedágios estratosféricos - a portos desaparelhados. E sem perspectivas de curto prazo, porque será impossível recuperar 12 anos de apatia em um ano, com o caixa do Tesouro vazio!
 
O autor é Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja.

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