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Nova safra, velhos desafios


Opinião Livre
Flávia Maria Sarto
As cooperativas agrícolas são portadoras de boas notícias, que se multiplicam a cada ano. Hoje, elas continuam registrando exportações recordes e, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), nos primeiros cinco meses de 2013 as exportações das cooperativas ao exterior alcançaram US$ 2,379 bilhões. O valor é 2% maior do que nos cinco primeiros meses de 2012. O resultado mostra que o produtor rural vem escrevendo um capítulo de sucesso na história da agricultura brasileira e as cooperativas do ramo agro têm contribuído para esse desenvolvimento de forma exemplar. Para se ter uma ideia do crescimento do agronegócio nos últimos 13 anos, a produção nacional de grãos saltou de 83 milhões de toneladas em 2000 para 184 milhões de toneladas em 2013.

O recente anúncio do Plano Safra 2013/14 traz um importante alento às cooperativas e aos produtores brasileiros. O governo vai disponibilizar R$ 70 bilhões em crédito para a safra. O valor é 14% superior aos R$ 61,5 bilhões emprestados na temporada passada e 27% maior que os R$ 55 bilhões projetados inicialmente para o ciclo 2012/13. O sistema cooperativista comemora importantes conquistas nesse novo plano. Conseguimos a redução de juros do Procap-Agro – diminuição da taxa de juros para operações de giro de 9% ao ano para 6,5 ao ano –; a criação de uma linha de crédito especial para armazenagem, além da ampliação dos limites e melhoria das condições de enquadramento de médios e pequenos produtores rurais e cooperativas.
O Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica na Produção Agropecuária (Inovagro) foi outra importante conquista para as cooperativas, que passam a contar com limites de crédito de R$ 1 milhão por beneficiário, e R$ 3 milhões para empreendimento. O programa prevê ainda taxa de juros de 3,5% ao ano e prazo de reembolso de até dez anos, com até três anos de carência. O produtor pode utilizar os recursos para cultivo protegido, agricultura de precisão, máquinas e equipamentos para automação e adequação de instalações. Além disso, o cooperado pode aplicar o crédito em programas de computadores para gestão, monitoramento e automação, entre outras finalidades.

O Plano Safra traz importantes avanços, mas é preciso que o governo, em suas diversas esferas, contribua para a melhoria de outros aspectos que afetam diretamente a produção agrícola nacional. Na safra anterior, nos deparamos com o caos logístico, levando o produtor brasileiro a enfrentar sérias dificuldades para escoar a produção. Além de estradas em péssimas condições, os engarrafamentos nos portos do país mostraram o quanto estávamos despreparados para a safra recorde.
Esses são alguns desafios que precisamos responder com muita urgência para conseguir dar a resposta ideal aos nossos produtores. Os recursos financeiros são necessários, mas são apenas uma das peças desse grandioso xadrez que é a produção agrícola brasileira. Sem investimentos maciços em logística, corremos o risco de ver nossa produção escoar pelos ralos do nosso atraso e perder competitividade nos mercados internacionais. Temos certeza que, da parte do produtor, a resposta será a melhor possível, levando o país a mais um recorde de produção de grãos.

(*)Consultora do ramo de Agronegócio do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Estado de São Paulo (Sescoop-SP)

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