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Negociações cercam plano safra 2024/25


Luiz Antonio Pinazza

O desempenho do agronegócio brasileiro nesta década de 2020 atingiu ponto máximo com a colheita de 319,8 milhões de toneladas de grãos na safra 2022/23. Foram três temporadas consecutivas de conjuntura favorável. Os ventos sopraram a favor da produção. Estimulados pelo comércio externo aquecido, variáveis positivas no câmbio, juros e clima mantiveram os custos competitivos.

Nesse período de bonança, produtores se motivaram aplicar investimentos nas propriedades rurais.  Expandiram a área, produção e produtividade do agro. Mas, a dinâmica dos ciclos econômicos passa por oscilações. Assim funciona os mercados dos insumos, máquinas, equipamentos e produtos agrícolas. Os movimentos começavam reequilibrar os preços para se adequar a fase normal de antes da pandemia.

No cenário da safra 2023/24, as adversidades climáticas extensas marcaram a fase de plantio das culturas de verão. Enquanto as precipitações ficaram acima da média no Sul, estiagens severas eram registradas no Centro-Oeste. Esses eventos afetaram o desenvolvimento normal das lavouras. Diante da forte incidência do fenômeno El Niño, 2023 ficou conhecido como o ano global mais quente da história.

Na gestão dos produtores pairou o plano de semear e colher as plantações para quitar mais rápido parte dos compromissos assumidos. Nessa prioridade, de dois e até três replantios foram realizados nos campos de produção. Essas ações intermitentes de curto prazo trouxeram dispêndios extras não programados para custear sementes, defensivos, combustíveis e mão de obra.

Devido à queda de preços. em especial do milho e soja, muitas colheitas ficaram retidas, sem comercialização. A falta de liquidez atrasou as aquisições estratégias de insumos para a safra 2024/25, que está sendo marcada por ajustamentos entre agricultores e agentes financeiros. 

As verbas disponíveis, seja do orçamento previsto pelo governo no Plano Safra e do mercado de capitais, atendem com suficiência as demandas do agro. O ponto crítico se concentra no custo alto da taxa de juros dos recursos oficiais controlados e do mercado livre. 

Frente essa situação, o Conselho Monetário Nacional (CMN) improvisou as regras de renegociação das operações de crédito rural dos bancos junto aos agricultores inadimplentes. Em paralelo, a demanda por recuperação judicial (RJ) cresceu de forma significativa de 176 para 321 pedidos (82%) entre 2022 e 2023, segundo a Serasa Experian. 

As expectativas da safra 2023/24 serão muito norteadas pelo consenso entre os produtores e os agentes financeiros. Os dois lados devem analisar o lado técnico e econômico das operações. Quanto mais os acordos consentidos tiverem sentido profissional, saem ganhando ambas a parte. Avanços dessa natureza são válidos para qualquer canto do território nacional.

Desde 2005/06, a área de plantio dos grãos esteve em constante crescimento. O espaço físico ocupado na safra 2023/24 alcançou 79,7 milhões de hectares, sendo a produção o segundo maior da história. Com essa ordem de tamanho, cresce a probabilidade de uma colheita sem precedente.

Para terminar, importante ter em vista a receita da balança comercial do agronegócio do primeiro semestre deste ano. O valor, de US$ 82,4 bilhões, só ficou atrás ao de 2023, de 
US$ 82,7 bilhões. Uma diferença muito pequena. Enquanto isto, o Brasil prossegue firme na trajetória atual para abertura de 152 mercados em 52 países. A marcha deve continuar.


 

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