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Mortalidade de abelhas


Decio Luiz Gazzoni
 
DCC significa Distúrbio do Colapso das Colônias de abelhas. Em 2005, o número de colmeias dos EUA era inferior a 50% do que existia em 1949. Mas o problema se agravou em 2006, e o que ocorreu naquele ano com o apicultor Dave Hackenberg está nos registros dos estudiosos do DCC. Como é costume nos EUA, Dave levou 3.000 colmeias para a Pensilvânia, a fim de polinizar lavouras de abóbora. Um mês após, 70% das abelhas havia desaparecido. Não estavam mortas no chão ou nas caixas, haviam sumido! Aquele ano foi negro para os apicultores dos EUA e da Europa, quando mais de 30% das colmeias desapareceram repentinamente. Em 2007 e 2008 foram estimadas perdas de 36% das colmeias dos EUA e o problema se manifestou intensamente na Europa, Canadá, Austrália e, com menor intensidade, na China e no Brasil. Posteriormente retrocedeu, mas ainda é muito preocupante.

Não se trata apenas de diminuir a produção de mel: as abelhas, e outros polinizadores, prestam um inestimável serviço ambiental, que é a fecundação de flores para que as plantas possam produzir frutos e sementes. Para muitas plantas a polinização é obrigatória pois, sem ela, não há frutificação. Há estimativas de que um terço da produção agrícola mundial dependa da polinização. Por isto, milhares de cientistas em todo o mundo se debruçaram sobre o tema, tentando entender as causas do DCC – e até agora o tema continua envolto em mistério. Diversas causas foram aventadas, como pragas (especialmente ácaros, fungos, vírus), desmatamento, estresse alimentar, clima e outras. Recentemente, foi aventada a possiblidade de inseticidas do grupo dos neonicotinoides serem responsáveis por parcela do problema. O tema gerou controvérsia no mundo inteiro. Porém, até o momento, não existem evidências científicas que comprovem ou não essa hipótese. Na Embrapa Soja estudamos este assunto e concluímos que as aplicações de neonicotinoides para controle de percevejos que atacam soja, se realizadas de acordo com as recomendações técnicas, não afetam a visitação e a sobrevivência das abelhas. Esta semana apresento o estudo em um simpósio que se realiza na África do Sul, discutindo com colegas que conduziram estudos semelhantes, para alinharmos nossas posições.

O autor é Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja. www.gazzoni.eng.br

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