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Investimentos chineses no Brasil e a balança comercial.



Amélio Dall’Agnol

Quem acompanha o noticiário nacional fica com a falsa impressão de que o maior interesse dos chineses por investimentos no Brasil deveria ser o setor agropecuário, haja visto a preocupação com a segurança alimentar que move as autoridades daquele país, responsáveis por garantir alimentos para um contingente de 1,4 bilhões de cidadãos.

A China é, destacadamente, o principal parceiro comercial do Brasil, com destaque para a compra de produtos primários (soja, milho e minérios, principalmente). Mas o país já é, também, importante comprador de produtos com maior valor agregado, como carnes, celulose, óleo e farelo de soja, entre outros. Segundo o Ministério da Economia e da Agricultura, a participação de produtos do agronegócio brasileiro nas exportações para a China foi de 50%, em 2020. Era de 35% em 2010; salto de quase 43%, em apenas 10 anos.

 Segundo o estudo “Investimentos Chineses no Brasil – Histórico, Tendências e Desafios Globais (2007-2020)”, de todos os investimentos que a China fez no Brasil na última década e meia, apenas 3% foram direcionados ao agronegócio, no montante de U$ 1,98 bilhões. Isto é muito pouco, considerando a complementariedade das economias dos dois países. Os maiores investimentos chineses no Brasil foram na área da eletricidade e na extração de petróleo, com 48% e 28%, respectivamente, do total investido. Entretanto, deve-se considerar que se os investimentos diretos da China na agropecuária brasileira foram baixos, os investimentos indiretos, via aquisição de grandes empresas vinculadas ao agronegócio e presentes no Brasil (Syngenta, Nidera, Bela Agrícola, entre outras), o investimento foi bem mais robusto.

E a voracidade chinesa por alimentos - soja em especial - continua. Segundo a ABIOVE e Safras&Mercado, as importações   chinesas de soja brasileira deverão girar entre 80 e 90 milhões de toneladas em 2021.

O crescimento da demanda por soja e milho, matérias primas na alimentação do novo rebanho de suínos, é explicada pela reestruturação do plantel dizimado pela Febre Suína Africana há dois anos, e que tem sido recuperado gradualmente pela China. Dito de outra forma, a China precisa comprar e o Brasil tem condições de suprir essa demanda, permitindo uma parceria conveniente para ambos os países.

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