O magnésio (Mg), assim como o nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio e enxofre, é considerado macronutriente, o que sinaliza haver necessidade de disponibilizá-lo às plantas em doses mais elevadas para suprir suas necessidades, em relação aos micronutrientes. Na verdade, os solos do planeta são relativamente ricos em Mg. Cerca de 2% da crosta terrestre é composta por este elemento, embora apenas pequena parte dele esteja disponível na solução do solo para absorção pelos vegetais.
Apesar da abundância de Mg na crosta terrestre, os solos brasileiros são relativamente pobres do nutriente, dada a constituição dos materiais que lhes deram origem e ao elevado grau de intemperismo, que promove a remoção de bases do solo. A deficiência de Mg ocorre predominantemente em solos ácidos e de textura arenosa, cujo material de origem é pobre em Mg, sendo agravada pela exportação pelas colheitas, lixiviação, erosão e o manejo inadequado da calagem, da gessagem e da adubação. As principais fontes de Mg são os corretivos de acidez, principalmente os calcários dolomíticos - CaCO3.MgCO3.
Para que um nutriente seja absorvido, é preciso que atinja a superfície das raízes e, no caso do Mg, o principal mecanismo envolvido é a interceptação radicular, o que indica que a aplicação do nutriente deve ser, preferencialmente, feita a lanço e incorporada, para que aumentem as chances de ser encontrado pelas raízes.
No sistema plantio direto, o qual é dominante nos cultivos anuais do Brasil, a incorporação não é realizada, o que resulta em aumento da concentração do nutriente na superfície do solo, com a aplicação dos corretivos. Aqui não se pretende incentivar o revolvimento do solo em sistema plantio direto para incorporação de corretivos, mas a adoção de práticas de manejo do solo e das culturas que permitam o enriquecimento do perfil do solo não apenas com Mg, mas também com outros nutrientes, por meio da gessagem e da diversificação com plantas que tenham sistema de raízes abundante, como as braquiárias, por exemplo. No caso da gessagem, o Mg é íon acompanhante do sulfato, que o auxilia a se movimentar no solo. No caso das gramíneas, ele pode ser absorvido na superfície e ser transportado através das raízes e ser depositado nas camadas inferiores após a mineralização dos tecidos, além da movimentação no perfil associada a ligantes orgânicos provenientes da palhada.
As plantas absorvem o Mg como Mg2+, que é transportado via xilema para as diversas partes da planta. Diferentemente do cálcio, ele é móvel na planta e é rapidamente transportado, via floema, das folhas mais velhas para as mais novas.
A carência de Mg provoca clorose internerval (Figura 1), encurtamento de entrenós, redução do crescimento vegetal, inibição da floração, morte prematura das folhas e degeneração dos frutos. Os sintomas têm início nos tecidos mais velhos, como nas folhas do baixeiro da soja, podendo manifestar-se desde os estádios iniciais de desenvolvimento da planta, até no final do enchimento de grãos, com maior ênfase nesta fase, em que a força de dreno é maior em direção à formação de vagens e grãos.
A demanda por Mg pelas plantas é altamente influenciada pela intensidade luminosa. Assim, plantas cultivadas em condições de elevada insolação, como nas regiões tropicais do planeta, têm maior necessidade por este nutriente do que plantas cultivadas em ambientes com menor intensidade luminosa. Embora demandado relativamente em grandes quantidades pelas culturas, não tem recebido da pesquisa a atenção que merece, considerando a sua importância no metabolismo dos vegetais, como a atividade fotossintética, onde atua como constituinte estrutural da clorofila e como o átomo central da molécula (Figura 1).
Figura 1. Trifólio de soja com clorose internerval causada pela deficiência de Mg. Representação do Mg como átomo central da molécula de clorofila, no interior de um cloroplasto. Fonte: Embrapa Soja.
Aproximadamente 75% do Mg presente nas folhas dos vegetais está envolvido na síntese das proteínas, razão pela qual ele é particularmente importante para a cultura da soja, cujos grãos acumulam cerca de 40% de proteínas. É um nutriente importante, não apenas para a agricultura, mas, também, para a saúde humana e animal.
Magnésio: o agricultor não pode se descuidar dele. Ele é tão necessário quanto qualquer outro nutriente. De acordo com a “lei do mínimo” a falta de um nutriente limita o aproveitamento de todos os demais e por isso todos merecem igual atenção.
NOTA: coautoria do pesquisador Marco Antonio Nogueira